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SKULL FIST

Houve um dia em que bastiões do Rock pesado começaram a perder terreno. Era o advento do Punk Rock, que julgava possível botar para escanteio bandas como Deep Purple, Black Sabbath, Judas Priest ou as tecnicidades do Progressivo. No entanto, surgiram Iron Maiden e Saxon para juntar o que havia de bom nos dois mundos e dar o pontapé inicial no movimento que ficou conhecido como NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal). Décadas depois do aparecimento de Steve Harris e seus asseclas, mais uma leva de bandas chega para revitalizar esta cena. Entre elas, a maioria sequer é britânica (por isso o novo acrônimo seria NWOTHM – New Wave of Traditional Heavy Metal), estão as suecas Enforcer e Steelwing e as canadenses Cauldron e Skull Fist, esta última que passou por Fortaleza no último dia 21 de setembro.

Não era a primeira vez que a banda de Toronto se apresentava em Fortaleza, mas tão logo as notícias sobre uma nova turnê brasileira começaram a circular, os bangers cearenses pediram um retorno do quarteto. Atendendo aos inúmeros pedidos, Roberto Gino, da Gino Production assegurou a alegria dos fãs de metal com uma tarde de muita, muita energia em palco. Devido a um problema técnico, os shows tiveram algum atraso, mas, acertadamente, a aposta em apenas uma banda de abertura não tornou a tarde/noite cansativa.

O show foi aberto pelos já não tão meninos Agressive, que fazem Thrash Metal nervoso desde quando sequer tinham idade para entrar em alguns locais. O set iniciou com três porradas seguidas: “Death and Chaos” (nome da primeira demo), “Dictators Sarcastic” e “General Death”. Por algum imprevisto, o baixista Jardel teve que tocar sentado no praticável da bateria, mas isso não impediu que a galera batesse cabeça e fizesse roda. Pra zoar com o amigo, de vez em quando o vocalista Diego sentava ao seu lado e o guitarrista Camilo num banquinho de batera posando no estilo MPB voz e violão. E em “The Legacy Remains”, que dá nome à segunda demo, a roda tomou conta de quase todo o recinto. O vocal, apesar da pouca idade, continua como bom frontman, um Rob Dukes sem seu porte físico, enquanto Camilo mostrou evolução em presença de palco (comparando com shows anteriores que vi desses moleques). O público, por sua vez, enlouquecia e cantava junto sons como “United For Beer”. O caos continuou com um cover do Nuclear Assalt e “Infernal Soldier”. E se o baixista teve que tocar sentado, de vez em quando era o baterista que, quando podia, se levantava e tocava em pé. Boa diversão violenta e amigável é a proposta dos meninos. E boa diversão violenta e amigável é o que eles conseguem. Ao fim do show, o telão com clipes do Iron Maiden e do Metallica mantiveram o ânimo da galera até a entrada do Skull Fist.

A gritaria foi geral quando o quarteto interrompeu “One”, do Metallica, no telão para uma dose cavalar de New Wave of Traditional Heavy Metal. O público se aglomerava em frente ao palco ou surfava, enquanto Jackie Slaughter (guitarra e vocal), Casey Slade (baixo), Jonny Nesta (guitarra) e JJ Tartaglia (bateria) cavalgavam a besta. Era “Ride The Beast”, abrindo o segundo show dos canadenses em terras alencarinas. Slaughter, prestando na camisa uma homenagem a uma banda com quem tinha dividido o palco na capital maranhense, fazia questão de tocar bem junto ao público, dando aos seguranças um trabalho que eles jamais poderiam ter imaginado. E como se já não houvesse energia suficiente no recinto, Slaughter perguntou se a galera queria algo mais rápido, antes de disparar “Sign Of The Warrior”. Esta, como nas que a antecederam e em todas as outras que viriam a seguir, bebe na pura fonte do Heavy Metal britânico, com solos dobrados, baixo galopante e batidas frenéticas.

Sejamos sinceros. Antes do primeiro show da Skull Fist em Fortaleza ano passado pouca gente tinha ouvido falar do quarteto do Canadá. No entanto, depois de tudo o que foi falado sobre o show dos caras, ficou impossível não fazer o impossível para estar ali naquela noite. É no palco que a Skull Fist é uma banda que conquista os fãs. E, curiosamente, no palco muitos fãs fizeram questão de estar, mesmo por alguns segundos antes do stage dive.

Slaughter ainda anuncia uma “lenta”. E “Commit To Rock”, faixa com ar extremamente oitentista é o mais próximo que a banda consegue chegar de “lenta”. Jonny Nesta aproveita a deixa para perguntar o óbvio. “Vocês estão se divertindo? É bom estar de volta” e manda um “Obrigado” em português mesmo. A loucura está instaurada e segue solta por todo o show. Em “Havier Than Metal”, muito possivelmente um dos melhores sons da banda, Slaughter chega a abandonar a guitarra para ele mesmo fazer um stage dive (sem parar de cantar um minuto). Mas isso não será tudo. Ele ainda sobe no camarote lateral (pelo lado errado, escalando) e chegamos a pensar que ia se jogar. Não o fez, mas outro louco da plateia repetiu o ato e mostrou como se faz.

Quando pega de volta a guitarra, para “Get Fisted”, o vocalista canadense de agudos cada vez melhores, conclui: estávamos todos “fisted”. “Ride On” foi a próxima e, um pouco mais calma, até acalmou um pouco a selvageria da plateia. O novato JJ Tartaglia ainda brindou o público com um solo de bateria. Algo digno de nota também é a altura em que JJ posiciona os pratos, bem acima de sua cabeça.  Embora isso nem faça diferença no som que extrai deles, tem um grande efeito visual, com o batera indo buscar a batida lá no alto. É a vez de “Blackout”, que esconde em seus riffs finais uma verdadeira aula de Heavy Metal. Rolou ainda a rápida “Attack Attack”, antes de Slaughter perguntar se a galera queria mais uma, ou mais dez, recebendo a aprovação e pedidos de “Mean Street Fighter”.

A banda volta com “Head of The Pack”, não apenas a faixa que dá nome ao primeiro EP, mas também um dos momentos mais espetaculares da noite. Embora não seja inédito (todo mundo sabia que Nesta iria subir nas costas de Slaughter para ali executar seu solo, como já tinha feito no primeiro show) foi impossível não ficar boquiaberto. De volta ao chão do palco, como em muitos momentos daquela noite, o trio de cordas toca tão perto que seria possível tocar nos instrumentos. Felizmente, o povo de Fortaleza só queria mais show, mais Heavy Metal e ninguém se arriscou a atrapalhar a festa. E ela ainda foi complementada com “No False Metal” e um cover do Angel Witch (a música homônima), quando Slaughter faz outro stage dive, desta vez com guitarra e tudo. Apesar dos pedidos de “Mean Street Fighter” (interessante que essa é uma música do novo disco), o show terminou com “You’re Gonna Pay” e sua batida à la “We Will Rock You”.

Saldo do show: muita energia gasta, uma banda feliz por tocar e um público feliz por vê-los tocar. Sem qualquer sinal de estrelismo, o quarteto ainda circulou pela casa até que ficasse quase vazia, atendendo a pedido de autógrafos, bebendo e tirando sarro com quem quer que aparecesse. Meu caro Genne Simmons, se depender de caras como Jackie, Casey, Jonny e JJ o Rock e o Metal viverão para sempre.

 

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