Uma noite de ode ao Heavy Metal no Circo Voador. Uma noite que teria sido ainda melhor se tivesse caído numa sexta-feira ou, ainda melhor, num sábado, porque talvez o público tivesse comparecido em maior número se não precisasse acordar cedo no dia seguinte. Ao menos uma parcela considerável dele, ressalte-se. E talvez as bandas de abertura tivessem tocado diante de uma pista com menos clarões, porque a tradicional casa na lapa só ficou razoavelmente tomada – e apenas razoavelmente, mesmo – na hora da atração principal, o Soulfly.
Pela primeira vez em solo carioca, Marcus D’Angelo (vocal e guitarra), Douglas Prado (guitarra), Daniel Bonfogo (baixo e vocal) e Caio D’Angelo (bateria) só não recuperaram o tempo perdido porque o “roadie gordo tesourou nosso som” – há controvérsias: o cara, na verdade o ‘stage manager’ do Soulfly, estava fazendo o trabalho dele. O Claustrofobia poderia mesmo ter sido agraciado com mais tempo, mas se o combinado foram 40 minutos, então é para detonar em 40 minutos. Eo grupo paulista fez isso mesmo: detonou. Até o som alto demais, consequentemente embolado em alguns momentos, reforçou a pancadaria que tomou conta do Circo. No bom sentido.
De “Bastardos Do Brasil” até a excelente “Pinu Da Granada”, o Claustrofobia machucou pescoços com riffs marcantes, solos lancinantes e levadas que eram um convite irresistível às rodas de pogo. Destaques para “Metal Malóka”, “War Stomp” (definitivamente empolgante), “Paga Pau” e a versão de “Rapante”, do Raimundos. E ainda houve tempo para uma inédita, “Paulada”, que cumpriu a missão de agitar a plateia. E nem seria preciso o discurso de introdução – “É uma paulada na cara do sistema. Direita e esquerda são um lixo, o lance é reto direto ao compromisso” – fazendo referência ao caos político que vive o Brasil. De fato, o quarteto precisa voltar ao Rio para um show próprio.
Pela primeira vez em solo carioca, Marcus D’Angelo (vocal e guitarra), Douglas Prado (guitarra), Daniel Bonfogo (baixo e vocal) e Caio D’Angelo (bateria) só não recuperaram o tempo perdido porque o “roadie gordo tesourou nosso som” – há controvérsias: o cara, na verdade o ‘stage manager’ do Soulfly, estava fazendo o trabalho dele. O Claustrofobia poderia mesmo ter sido agraciado com mais tempo, mas se o combinado foram 40 minutos, então é para detonar em 40 minutos. Eo grupo paulista fez isso mesmo: detonou. Até o som alto demais, consequentemente embolado em alguns momentos, reforçou a pancadaria que tomou conta do Circo. No bom sentido.
De “Bastardos Do Brasil” até a excelente “Pinu Da Granada”, o Claustrofobia machucou pescoços com riffs marcantes, solos lancinantes e levadas que eram um convite irresistível às rodas de pogo. Destaques para “Metal Malóka”, “War Stomp” (definitivamente empolgante), “Paga Pau” e a versão de “Rapante”, do Raimundos. E ainda houve tempo para uma inédita, “Paulada”, que cumpriu a missão de agitar a plateia. E nem seria preciso o discurso de introdução – “É uma paulada na cara do sistema. Direita e esquerda são um lixo, o lance é reto direto ao compromisso” – fazendo referência ao caos político que vive o Brasil. De fato, o quarteto precisa voltar ao Rio para um show próprio.
Na abertura desta resenha, escrevi que houve uma ode ao Heavy Metal no Circo Voador. Capadocia e Claustrofobia caminham pelo Thrash Metal, assim como a história de Max Cavalera, o grande personagem da noite. Pitadas de Death Metal ali, algo de Black Metal ali, mas não importa. É tudo Metal, e o Soulfly mostrou isso com várias referências em uma hora e 40 minutos de uma bela apresentação. Bom, o set começou com “We Sold Our Souls To Metal”, então o que mais você poderia querer? E foi legal ver que os fãs estavam ao menos com os refrãos do novo material na ponta da língua, porque a trinca de abertura contou com outras amostras do novo álbum, o ótimo “Archangel” (2015): a faixa-título e “Ishtar Rising”.
Essa me pareceu, aliás, a grande diferença entre o Soulfly e o Cavalera Conspiracy que se apresentou no mesmo Circo Voador em setembro de 2014. É claro que os fãs vão ao show esperando ouvir clássicos do Sepultura, mas o material próprio da banda titular de Max é recebido com mais entusiasmo. E talvez isso tenha se refletido na postura do vocalista e guitarrista, muito mais solto, pulando, batendo cabeça e interagindo constantemente com a plateia. Prova disso foi a excelente “Blood Fire War Hate”, que esquentou perfeitamente o terreno para o que todos sabiam que aconteceria na dobradinha “Refuse/Resist” e “Territory”.
A empolgação se estende ao guitarrista Marc Rizzo, que assumiu o papel de braço-direito de Max também na hora de atiçar os fãs, e o baixista Mike Leon, que agita como um louco. Sem Zyon Cavalera, que ficou em casa trabalhando no Lody Kong, banda que tem ao lado do irmão Igor, o Soulfly contou novamente com o excelente Kanky Lora – o dominicano já havia assumido as baquetas em 2014 e 2015. A união de talentos ajudou “Sodomites” a manter o clima, a “Master Of Savagery” ser um arregaço com direito a menção de “Master Of Puppets”, do Metallica, e o trio seguinte, “Prophecy”, “Seek ‘N’ Strike” e “Babylon”, manter as rodas girando e a festa dos fãs diante dos pedidos de “pula aê!” e “mãos para cima, porra”” feitos por Max. Todos sempre prontamente atendidos.
“Tribe” até deu uma esfriada no clima, e a seção Reggae não necessariamente teve algo a ver com isso, afinal, depois de “Arise / Dead Embryonic Cells” rolou “No Hope = No Fear” com “Umbabarauma”, e a canção de Jorge Ben Jor foi bem recebida. Max teve um momento solo ao puxar os riffs de “Iron Man” (Black Sabbath), “Orgasmatron” (Motörhead), “Polícia” (Titãs) e “Escape To The Void” e “Desperate Cry” (Sepultura), cantando trechos de cada uma delas. Teria sido totalmente interessante se não tivesse feito o mesmo com “Roots Bloody Roots” antes de toda a banda cair dentro. Coincidência ou não, foi a versão mais tranquila, digamos assim, do clássico que pude presenciar.
Mas não houve desânimo. “Frontlines” e o trecho de “Walk”, do Pantera, acirraram novamente os ânimos, e a ótima “Back To The Primitive”, com vários “pula aê!”, foi um dos pontos altos – em tempo: desde o início era comum os fãs subirem no palco para bater cabeça, algumas vezes até abraçar Max, até serem retirados de maneira mais civilizado do que o normal. Muito provavelmente porque isso era feito pela equipe do Soulfly, não por seguranças.
É possível imaginar o que aconteceu em “Troops Of Doom”, mas o mais legal é que ela foi um aperitivo para dois momentos que provam a independência que o Soulfly pode ter do Sepultura. Com a participação de Marcus D’Angelo, do Claustrofobia, a banda mandou uma versão matadora de “Ace Of Spades”, de vocês-sabem-quem, e em seguida detonou com o início de “Jumpdafuckup” (e tome “pula aê!”) emendado com “Eye For An Eye”, a primeira faixa do primeiro disco, “Soulfly” (1998), que guardadas as devidas proporções virou a segunda “Roots Bloody Roots” de Max. E com o líder deixando o palco, Rizzo, Leon e Lora fecharam a noite com um pequeno trecho instrumental de “The Trooper”, do Iron Maiden. Sabe a ode ao Heavy Metal? Pois então…
1. We Sold Our Souls To Metal
2. Archangel
3. Ishtar Rising
4. Blood Fire War Hate
5. Refuse/Resist
6. Territory
7. Sodomites
8. Master Of Savagery
9. Prophecy
10. Seek ‘N’ Strike
11. Babylon
12. Tribe
13. Medley: Arise / Dead Embryonic Cells
14. Medley: No Hope = No Fear / Umbabarauma
15. Roots Bloody Roots
16. Frontlines
17. Back To The Primitive
18. Troops Of Doom
19. Ace Of Spades
20. Medley: Jumpdafuckup / Eye For An Eye