Como é sabido, o mais recente álbum do Megadeth, The Sick, The Dying… And The Dead!, teve as linhas de baixo, que já estavam gravadas pelo cofundador da banda, David Ellefson, regravadas por Steve DiGiorgio, aclamado baixista do Testament e com trabalhos marcantes também por Sadus, Death, Control Denied, Sebastian Bach, Painmuseum e muitos outros. Isso aconteceu após David Ellefson ser demitido da banda pelo escândalo sexual o qual se envolveu em 20 (leia mais), e que resultou pela escolha de Dave Mustaine em limar tudo que o baixista já havia feito e chamar outro profissional para a função. Em entrevista ao podcast Into the Combine, DiGiorgio contou como ele foi tratado por Mustaine em estúdio e também sobre como foram suas gravações para o 16° álbum do Megadeth.
“Eu conheço o estilo de riff no Megadeth, então não é uma banda de death metal técnica, brutal e exagerada, que nunca repete nenhuma linha”, detalhou. “A informação de riff estava na minha experiência, obviamente, mas percebi que pela minha experiência e pelo caminho que me levou até lá (ao Megadeth), eu não estava totalmente equipado para estar em sua situação tão grande”, admitiu o baixista. “A pressão era enorme e talvez muito disso tenha sido auto-imposto, mas isso me manteve no meu melhor funcionamento. Queria deixar uma boa marca, queria que Dave se orgulhasse da sua decisão. Ele me escolheu e disse ao telefone que ele realmente não tinha uma lista de outros baixistas que pudesse contatar. Disse ele: ‘Se você não pode, eu não tenho mais opções, tenho que começar a procurar de novo’. Então, quando desliguei o telefone, pensei: ‘Merda. Isso é algo grande’. Aí, tentei me perguntar, ‘Por que eu?’ e disse, ‘Está bem. Sou eu. Vamos lá. Vamos fazer da maneira certa’.
Então, DiGiorgio contou sobre a experiência quando adentrou o campus do Megadeth: “Foi brutal. Mas o fantástico foi que Dave me tratou lindamente. Me deu absolutamente tudo o espaço para aprender o material da banda. Não posso dizer que não ouvi as músicas antes de chegar ao estúdio, porque ele me mandou um arquivo e pude ouvi-las. Mesmo só me pedindo para fazer isso, eles já estavam pronto nesse momento, então não foi como, ‘Sim, daqui a quatro meses estaremos trabalhando’. Não. Foi, ‘Assim que você disser “sim”, vamos lá (começar a gravar)’. Então, eu não tive tempo de sentar e trabalhar do zero e eu realmente não queria mesmo fazer assim. Quero dizer, é Megadeth, então você não ia ter o estilo do Individual Thought Patterns (N.R.: álbum que ele gravou com o Death) nesse álbum, não sou tão ingênuo. E eu, tipo, ‘Vou soar como Megadeth, sei mais ou menos o que ele quer, ele quer o baixo do Megadeth, mas ele me escolheu, então, tipo, ‘Vamos ver o que ele quer, deixe-me entrar nessa completamente despreparado e ver o que ele quer’. E o Dave foi incrivelmente fantástico”, revelou.
“Muita gente, eu ouvi e você provavelmente (também) já ouviu, falar sobre as histórias de Dave Mustaine que rolam por aí. Em minha experiência, não posso validar nada disso, porque estive no estúdio treze dias e fui embora. E por cada dia que estive lá, ele foi um ser humano incrível. Nós nos demos muito bem. Tocamos muito bem. Ele exigiu de mim, mas quando tudo ficou pronto, ele me avisou que estava pronto e foi com um aperto de mão e um abraço, e tivemos um almoço de comemoração. Eu queria cozinhar para ele, mas quando você está tocando baixo, é como se você tivesse que tocar baixo. Então, uma noite eu consegui enquanto eles estavam trabalhando em outra coisa e cozinhei alguma coisa, então tivemos um bom banquete de DiGiorgio“, recordou o “chef” DiGiorgio.
“Mas correu muito bem”, reafirmou o baixista. “O Dave foi muito generoso, muito gentil. Me deu espaço para fazer o álbum. E eu lhe disse: “Olha, quer usar palheta. Sei que precisar usar uma palheta (N.R: o Megadeth sempre teve como característica o baixo tocado com palheta, e DiGiorgio costumeiramente toca com os dedos). Mas não sou muito competente com isso. Não é o meu forte. Eu não sou um músico predominantemente com (uso de) palheta. Existe uma música do Testament chamada Electric Crown; eu uso palheta nessa, e tem algumas outras aqui e ali. Então, 1 por cento do tempo eu uso palheta. E eu disse ao Dave: “Espero que não tenhamos um grande buraco no caminho por causa disso”. E ele disse: “O que quer que saia de você, é disso que precisamos!”. Então fiz uma pequena mistura. Em muito do material rápido eu podia fazer a coisa funcionar e então conseguir, e isso foi a maior parte. Ele não olhava para mim nem nada, então, às vezes, eu deixava a palheta e tocava, e vi aquele aceno, tipo, ‘Tudo bem, isso soa bem’. ‘Ele foi um tirano no estúdio?’ / ‘Ele te forçou a fazer tal coisa e tal?’: Não aconteceu (isso), foi incrível trabalhar com ele. Então, acabou que foi ótimo. Foi uma experiência incrível. Tive que me beliscar quando saí do estúdio, tipo: “Merda. Consegui! Saí vivo!”. Mas isso foi auto-imposto. Eles cuidaram muito bem de mim. A equipe do Megadeth, Dave, seu engenheiro (de som) Chris (Rakestraw) e seu assistente Brian (Jones), foram todos incríveis!”, elogiou. “E eu só tenho coisas boas a dizer sobre essa sessão. Foram, como eu disse, duas semanas, indo e voltando. Mas foi fantástico”, concluiu.
Para mais informações sobre o festival Summer Breeze Brasil 2023, acesse:
A ROADIE CREW agora tem um canal no Telegram!