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STEVE VAI

Qual fã de Steve Vai não sonhou em ver ao vivo o álbum “Passion and Warfare” (1990) sendo tocado na íntegra? Afinal, com uma pérola dessa magnitude, o gênio americano atraiu a atenção não só de guitarristas e de outros instrumentistas do mundo todo, como também de apreciadores de vários gêneros da música pesada, desde o hard rock até o death metal, por exemplo. “Passion And Warfare” foi Disco de Ouro nos Estados Unidos e Canadá, Disco de Prata no Reino Unido, conseguiu ótimas posições nos charts de diversos países, teve os videoclipes de “I Would Love To”, “For the Love of God” e “The Audience is Listening” bombando na MTV, rendeu dois clássicos imediatos, “Liberty” e “Erotic Nightmares”, e levou o guitarrista a conquistar diversos prêmios. Um feito muito além do imaginável para um disco de um artista de música instrumental. Pois bem, Steve Vai levou em conta o desejo dos fãs e em maio de 2016 deu início a “Passion and Warfare 25th Anniversary Tour”, para celebrar os 25 anos do lançamento desse fantástico segundo álbum solo de sua carreira. O Brasil não ficou de fora, e um ano após o início da turnê o país recebeu o guitarrista para shows em seis capitais.

Em São Paulo, o público compareceu em bom número ao Tom Brasil para matar a curiosidade de assistir a essa turnê e também a saudade do guitarrista que desde 2013 não fazia um show na “terra da garoa” – embora em 2015 ele tenha vindo para Master Class nessa e em outras cidades, quando de sua apresentação na edição comemorativa de 30 anos do “Rock in Rio”. Pontualmente, às 21h00, o público ficou extasiado quando o telão ao fundo do palco começou a exibir as duas cenas principais do filme “Crossroads” (1986) – no Brasil, “A Encruzilhada”. Na primeira, o diabo (Robert Judd) em forma de homem desafia o blueseiro Eugene Martone (Ralph Macchio) para um duelo de guitarras com um representante seu, vindo do Memphis, em troca de não levar a alma do amigo do jovem guitarrista, o gaitista aposentado Willie Brown (Joe Seneca), que há muitos anos, na mesma encruzilhada, no Mississipi, a vendeu a ele em troca de sucesso. Na cena seguinte, o duelo entre Martone e Jack Butler, que foi interpretado por ele: Steve Vai! O riff principal da música tocada por Butler no embate pertencia a “Bad Horsie”, composição que Vai gravou mais tarde no EP “Alien Love Secrets” (1995). E foi com ela que o guitarrista chegou tocando no palco do Tom Brasil. Vai entrou trajando jaqueta, capuz e óculos que eram cheio de luzes, assim como as marcações do braço de seu instrumento, e isso causou um efeito surpreendente.

O músico veio acompanhado por outros que há muito tempo trabalham ao seu lado, os exímios Dave Weiner (guitarra e teclado), Philip Bynoe (baixo – G3, Slash, Ring of Fire e Warlord) e Jeremy Colson (bateria – Marty Friedman). Com ótima qualidade de som – que permaneceu assim até o final – os quatro iniciaram o set tocando músicas de alguns dos outros álbuns de Vai, que ia trocando de guitarras a cada música e interagindo com a plateia através de gestos, caras e bocas. Após a quarta, a estrela da noite cumprimentou à todos, agradeceu e contou: “Há 30 anos, quando comecei a trabalhar em “Passion and Warfare”, não achei que alguém fosse ouvi-lo ou considerá-lo, e aqui estamos nós”, comemorou, sendo bastante aplaudido. Ele também falou sobre a sensação de estar tocando o álbum hoje em dia: “Estou vivendo o sonho, esperei o momento certo para tal, que está sendo agora”. Então ele apresentou seus companheiros, brincou, contou algumas histórias e anunciou o grande momento que todos esperavam: a íntegra de “Passion and Warfare”. Para tal, Steve Vai foi “anunciado” pelo lendário guitarrista do Queen, Brian May, que surgiu no telão, em imagem de 1992, extraída do “Guitar Legends” da Espanha, pela Expo Sevilha.

A partir de então, foi emocionante relembrar cada composição de “Passion and Warfare”. E para quem já assistiu Steve Vai ao vivo, sabe que o cara não se limita a apenas executar as músicas em seus mínimos detalhes, ele se dá o direito de improvisar. E faz com maestria! Além disso e de ser um absurdo como músico, Vai é um verdadeiro showman, e em cada uma de suas turnês, ele sempre dá um jeito de surpreender o público com alguns detalhes extra-musicais. Assim sendo, os grandes momentos do show aconteceram quando Steve resolveu chamar alguns de seus amigos guitarristas para participar – e isso aconteceu de uma maneira inusitada, através do telão. Em uma espécie de “vídeo conferência pré-gravado”, o primeiro a aparecer foi Joe Satriani – com quem Steve Vai pegou umas aulas no início de carreira. Virtualmente, Vai e “Satch” (como também é conhecido) conversaram e mandaram ver em “Answers”, com entrosamento e sincronia que eram perfeitos, muito bem ensaiados pela banda. Haviam vários takes gravados de Satch, cada um com ele usando uma roupa, uma máscara e uma peruca diferente, o que tornou a sua participação algo muito engraçado.

Outro convidado virtual foi John Petrucci, guitarrista do Dream Theater, que entrou de surpresa no meio de “The Audience is Listening”, que vinha sendo executada ao mesmo tempo em que o telão exibia o clipe da música, aquele do garotinho que interpreta Steve Vai tocando com sua banda infantil no colégio, para espanto de sua professora e curtição dos colegas. A título de curiosidade, o ator era o prodígio guitarrista Thomas MacRocklin’, que foi descoberto pelo próprio Steve Vai e que pouco tempo depois tocou no Bad 4 Good. Tratava-se de uma quarteto de hard rock formado por outros músicos adolescentes, um deles era o vocalista Danny Cooksey, que era conhecido por ter interpretado o Sam da série Arnold na infância e um dos garotos no filme “Terminator 2: Judgement Day” (“O Exterminador do Futuro”), e o outro era o baterista Brooks Wakerman, que depois passou pelas renomadas bandas Infectious Grooves, Suicidal Tendencies, The Vandals, Bad Religion e Avenged Sevenfold, onde toca atualmente. O Bad 4 Good gravou apenas o disco “Refugee” (1993), que trazia na capa Julian Vai, filho de Steve Vai. Voltando a falar do show, outras músicas que se destacaram foram a emocionante “For the Love of God” e a contagiante “I Would Love To” que, assim como “The Audience is Listening”, foram executadas de forma simultânea a imagem de seus respectivos videoclipes, tudo também em correto sincronismo. E foi assim, com tudo correndo muito bem, que “Passion and Warfare” foi mostrado ao público paulistano. Mas ainda tinha mais…

Passada a execução do consagrado álbum, Vai resolveu homenagear outro amigo com quem trabalhou, era o saudoso e igualmente genial, Frank Zappa. Com imagens no telão de uma jam session que ambos fizeram juntos em 1981, Vai e banda tocaram “Stevie’s Spanking”, do álbum de Zappa que ele participou em 1984: “Them or Us”. Emendando, Vai perguntou se o público queria mais uma e tendo a afirmativa de todos mandou “Racing the World”, de seu álbum “The Story of Light” (2012), dando números finais ao set. Porém, Vai e seus companheiros voltaram para o bis e então tocaram o início de “Refuse/Resist”, do Sepultura, banda com a qual o guitarrista se uniu em 2015 no palco do “Rock in Rio USA”. Quem em especial curtiu esse momento do show foi Andreas Kisser (guitarra) e Eloy Casagrande (bateria), que assistiam dos camarotes.

Após essa breve homenagem, a banda se despediu com “Taurus Bulba”, quarta e última parte da “Fire Garden Suite”, presente no álbum “Fire Garden”, de 1996. O mais legal nessa, foi que Steve Vai desceu tocando no meio do gargalo, onde ficam os fotógrafos no início de cada show. Ele passou bem perto do público, foi abraçado por muitos e chegou até a tocar sua Ibanez empunhando-a no corpo de uma garota que estava na área reservada aos deficientes físicos. Ao final, o emocionado Steve Vai agradeceu a todos não só pela noite, mas pelo apoio ao longo de seus 37 anos de carreira. Ele disse também que se sentia um privilegiado por poder vir ao Brasil e tocar para seus fãs. Tenha certeza, Steve, que a recíproca por parte dos fãs é verdadeira e eles também se sentiram privilegiados por terem visto de perto você tocar seu álbum de maior sucesso no Brasil.

Setlist:
Intro / Crossroads
Bad Horsie
The Crying Machine
Gravity Storm
Tender Surrender
***Passion and Warfare***
Liberty
Erotic Nightmares
The Animal
Answers
The Riddle
Ballerina 12/24
For The Love of God
The Audience is Listening
I Would Love To
Blue Powder
Greasy Kids Stuff
Alien Water Kiss
Sisters
Love Secrets
**********
Stevie’s Spanking (Cover de Frank Zappa)
Racing the World
Fire Garden Suite Part IV – Taurus Bulba

 

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