Por Luiz Tosi
Fotos: Roberto Sant’Anna
O The Police marcou época ao expandir os limites do rock com uma fusão única de punk, jazz, reggae e pop. Sua influência atravessou gêneros, chegando até o metal, com músicas revisitadas por bandas como Anthrax, Queensrÿche, Machine Head, Pink Cream 69 e Angra. Não por acaso, os integrantes do Rush reconhecem o grupo como essencial para sua evolução musical.
Formada por Sting, Andy Summers e Stewart Copeland, a banda lançou cinco álbuns entre 1978 e 1983, encerrando suas atividades devido a conflitos de egos e genialidades. Após o fim, Sting se tornou uma lenda internacional do pop, permanecendo relevante por mais de quatro décadas.
O retorno de Sting ao Brasil, após oito anos, aconteceu em uma tarde ensolarada no domingo (16), na plateia externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo/SP. O show integrou a turnê “Sting 3.0”, que resgata o formato de trio e remonta aos tempos áureos do The Police. Com arranjos crus e diretos, a performance destacou o talento único, a musicalidade refinada e a sofisticação que marcaram todas as fases da carreira do artista.
Às 19h35, o gramado lotado irrompeu em euforia com a entrada cheia de energia de Message in a Bottle. Sting, empunhando seu emblemático baixo Fender, comandou o palco com carisma e vitalidade. O público respondeu imediatamente, gritando e pulando ao som do clássico punk-reggae. Os sucessos If I Ever Lose My Faith in You e Englishman in New York mantiveram a energia lá em cima, enquanto Every Little Thing She Does Is Magic reforçou que a noite seria especial. Com batidas vibrantes e os famosos “yeah-ohhs” de Sting, a faixa contagiou a plateia, que acompanhava cada verso. Em seguida, Fields of Gold trouxe momentos de calma com sua melodia poética.
Sting segue acompanhado do guitarrista Dominic Miller, seu fiel parceiro desde 1991, presente em 17 de seus álbuns e com um currículo que inclui colaborações com Phil Collins, Tina Turner e Richard Wright (Pink Floyd). A técnica, o sentimento e o bom gosto de Dominic ficaram ainda mais evidentes no formato trio.
Mas confesso que minhas atenções estavam voltadas para Chris Maas. Assumir a bateria para Sting é um dos papéis mais desafiadores do rock, considerando a envergadura de Stewart Copeland (meu baterista favorito de todos os tempos) no The Police e de nomes como Vinny Colaiuta, Omar Hakim, Manu Katché, Phil Collins, Kenny Aronoff e Josh Freese em sua carreira solo. Sting e Maas começaram a trabalhar juntos em Londres durante a pandemia, em um projeto do cantor apenas com músicos locais. Maas agarrou a oportunidade com maestria e consolidou sua posição ao lado de Sting. Sua performance foi impecável.
O setlist pontuou com equilíbrio e inteligência hits do The Police (Synchronicity II, Wrapped Around Your Finger, Driven to Tears, Can’t Stand Losing You, Reggatta de Blanc); de seu trabalho solo (All This Time, Desert Rose, Shape of My Heart); raridades (a deliciosa Seven Days) e o mais recente single gravado pelo trio Sting-Miller-Maas, I Wrote Your Name (Upon My Heart).
A reta final do show foi avassaladora: Walking on the Moon, So Lonely, King of Pain, Every Breath You Take e Roxanne incendiaram o público. O encerramento ficou por conta de Fragile, um momento intimista apenas com voz e violão, que foi recebido com silêncio respeitoso, reforçando a delicadeza do número e o brilhantismo da carreira de Sting.
Assistir a um show de Sting é uma experiência que transcende gêneros e gostos musicais. Desde os primeiros acordes até os últimos suspiros, a turnê “Sting 3.0” tem encantado plateias ao redor do mundo, misturando os clássicos da era The Police com sua lendária carreira solo. Poucos artistas ainda conseguem criar uma aura tão marcante, unindo sofisticação e autenticidade. Uma apresentação memorável, forte candidata ao título de show do ano em 2025.
Sting setlist
Message in a Bottle
If I Ever Lose My Faith in You
Englishman in New York
Every Little Thing She Does Is Magic
Fields of Gold
Never Coming Home
Synchronicity II
Mad About You
Seven Days
All This Time
Wrapped Around Your Finger
Driven to Tears
Can’t Stand Losing You / Reggatta de Blanc
Shape of My Heart
I Wrote Your Name (Upon My Heart)
Walking on the Moon
So Lonely
Desert Rose
King of Pain
Every Breath You Take
Roxanne
Fragile
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