Algumas horas antes dos shows de Stryper e Narnia, o fotógrafo Denilton Dias, que me acompanha nesse tipo de cobertura para o site da ROADIE CREW, me perguntou: “Você acha que vai encher de gente hoje?”. Confesso que fiquei na dúvida e coloquei alguns “empecilhos” para a ocasião: o fato de ser numa terça-feira (dia não muito propício para concertos de metal em BH, salvo quando se trata de bandas do porte de Scorpions e Aerosmith, por exemplo; mas aí é questão de opinião), os ingressos “salgados” (nem todo mundo tem condições de pagar R$ 260, a inteira, para pista comum), o cancelamento da vinda do Tourniquet (que, por sinal, era a banda que eu mais queria ver na noite em questão) etc. Não significa que Denilton e eu não acreditássemos que a casa não pudesse estar cheia. Pois esteve.
Já se via do lado de fora do Mister Rock, nos minutos que antecediam os shows, uma enorme fila de fãs. A casa contou com um bom público para a noite de Christian metal – ou white metal, como queiram –, sobretudo na pista comum – na premium, havia alguns espaços vazios. Se por um lado há pessoas que torcem o nariz para temática desses grupos e, por conta disso, não acompanham tais conjuntos, que possuem muita qualidade ao vivo, por outro, existe uma constatação: uma legião de fãs – trajando suas camisas de Hammerfall, Black Sabbath e Megadeth – canta alto e propicia uma grande sinergia com o Narnia e o Stryper. E as bandas não decepcionaram!
O primeiro a pisar no palco foi o Narnia. Em turnê de promoção do disco From Darkness to Light (2019), os suecos fizeram uma apresentação empolgante, incluindo músicas do porte de I Still Believe, a potente Sail Around the World e a ótima Reaching for the Top (com direito a um trecho de We Will Rock You, do Queen, em sua introdução).
A banda toda proporcionou um showzaço (com duração de 45 minutos), mas aponto como destaque o vocalista Christian Liljegren, que fez de tudo para agradar sua audiência – e conseguiu –, arrancando aplausos por sua técnica vocal, suas aptidões como frontman e a simpatia, a ponto de vestir uma camisa da seleção brasileira ao fim do show – a galera gostou.
Depois foi a vez do Stryper. Ícone do metal desde os anos 80, o grupo do vocalista e guitarrista Michael Sweet possui uma trajetória regada a clássicos e grandes composições mais recentes, mostrando que não vive somente de seu passado. A prova disso é que, depois de seu renascimento, com o disco Reborn (2005), o Stryper lançou seis trabalhos de estúdio, sendo o último deles God Damn Evil (2018).
No repertório em Belo Horizonte, uma boa mescla de canções desta década, como a contagiante Yahweh (do disco Fallen, de 2015) e The Valley (de God Damn Evil), e petardos oitentistas, vide Always There For You (oriunda de In God We Trust, de 1988), Loving You (de The Yellow and Black Attack, de 1984) e a melosa e obrigatória Honestly (do clássico To Hell With the Devil, de 1986).
E falando em To Hell With the Devil, foi ela a responsável por fechar o show, no ápice da sintonia entre banda e público. Quer dizer, ainda tinha mais. Para The Way, o Narnia se juntou ao Stryper, causando comoção em muitos ali presentes.