Por Leandro Nogueira Coppi
Fotos: Roberto Sant’Anna
Em pleno horário do meio-dia, um banho de death metal sobre o Summer Breeze. Era o veterano grupo britânico Benediction, uma das instituições do gênero, fundada em 1989 na mesma cidade operária de Birmingham, de onde surgira o todo poderoso Black Sabbath. Com a introdução mecânica rolando, os guitarristas fundadores Peter Rew e Darren Brookes, mais o baterista italiano Giovanni Durst e o estreante baixista Nik Sampson já estavam apostos e deram início a pancadaria com “Divine Ultimatum”, do clássico álbum de estreia do “Benê”, “Subconscious Terror”, de 1990. O lendário Dave Ingram entrou triunfante no decorrer dessa que pertence ao único disco gravado por seu antecessor, Barney Greenway, que no dia seguinte se apresentaria no Sun Stage com seu Napalm Death. De cara, Ingram, que é reverendo da Church of Satan, chamou atenção por seu vozeirão cavernoso influenciado por Kam Lee (Massacre) e Tom Warrior (Hellhammer/Celtic Frost). Com uma voz dessa e total domínio do palco e público, Ingram ia mostrando que, mesmo no alto de seus 54 anos, ainda é um dos grandes frontmen do death metal.
O mais recente álbum do Benediction, “Scriptures”, foi lançado em outubro de 2020, ou seja, no primeiro ano da pandemia, e somente há um ano exatamente a banda inglesa está na estrada podendo divulgá-lo. Desse, a primeira do set foi “Scriptures in Scarlet”. Na sequência, veio “Vision in the Shroud”, música que abre o segundo álbum do Benê, “The Grand Leveller”, que marcou a estreia de Ingram no ano de 1991. Particularmente, achei de arrepiar a trinca seguinte, formada por “Unfound Mortality”, “Nightfear” e “I Bow to None”, músicas do meu álbum favorito do Benediction e um dos meus preferido do death metal, “Transcend the Rubicon”, lançado há 30 anos.
Outra nova, “Progenitors of a New Paradigm” foi mais uma amostra de que “Scriptures” parece ter caído no gosto aos fãs. Porém nada como clássicos, e então vieram dois deles, “The Grotesque” e “Foetus Noose”, músicas que em suas épocas tiveram videoclipes bastante exibidos no Brasil. Mais duas que agradaram os fãs ‘old school’ foram “Jumping at Shadows” e “Subsconscious Terror”, que anteciparam outra das novas, “Stormcrow”. Para fechar, o Benediction mandou “Magnificat”, única de “Grind Bastard”, disco de 1998 que encerrou a primeira passagem de Ingram na banda.
Finalmente o Benediction matou a saudade dos fãs brasileiros, que desde 2015 não viam a banda passar por nosso país. No Summer Breeze, o grupo fez um show coeso, beneficiado por uma boa qualidade de som. Como fã, só lamento o fato de a banda não incluir no set “Violation Domain”, do mencionado “Transcend the Rubicon”. Ouça e depois me diga se essa música tem ou não tem em seu decorrer um dos melhores riffs da história do death metal.
Setlist:
- Intro
- Divine Ultimatum
- Scriptures in Scarlet
- Vision in the Shroud
- Unfound Mortality
- Nightfear
- I Bow to None
- Progenitors of A New Paradigm
- The Grotesque
- Foetus Noose
- Jumping at Shadows
- Subsconscious Terror
- Stormcrow
- Magnificat