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SUMMER BREEZE BRASIL 2024: DIA #1

26 de abril – Memorial da América Latina (SP)

Acompanhe agora a cobertura do primeiro dia de shows do Summer Breeze Brasil 2024, com as apresentações na ordem em que aconteceram ao longo da sexta-feira, 26 de abril, nos palcos Hot, Ice, Sun e Waves. As coberturas de sábado (27) e domingo (28) você já pode acessar no link abaixo

Sexta-feira (26) | Sábado (27) | Domingo (28)

NESTOR (Ice Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

A abertura da segunda edição do Summer Breeze Brasil Open Air coube a uma das bandas mais peculiares da atualidade. Novo xodó dos fãs de hard rock que curtem a prolífica e inesgotável onda sueca do gênero, o Nestor tem uma história curiosa. O grupo foi formado em 1989, não lançou nada naquele período e, poucos anos depois, encerrou as atividades. Passadas três décadas, motivado pela quarentena a qual a humanidade foi obrigada a se submeter durante a pandemia da Covid-19, o Nestor foi reativado e encantou o mundo com seu álbum de estreia, “Kids in a Ghost Town” (2021). Adotando um visual retrô em seu retorno e uma sonoridade que flerta entre o hard rock e o AOR dos anos 1980, altamente inspirado pelo Journey, o grupo formado na cidade de Falköping logo conquistou fãs por todo o Planeta.

Mesmo debaixo de um sol escaldante às 11h, o público brasileiro fez bonito e compareceu em ótimo número para conferir o que o Nestor tinha a mostrar. E que show absurdo Tobias Gustavsson (vocal), Jonny Wemmenstedt (guitarra), Marcus Åblad (baixo), Mattias Carlsson (bateria) e Martín Frejinger (teclado) fizeram! Faltando pouco para lançar seu segundo álbum, o já anunciado “Teenage Rebel”, que estará disponível no próximo dia 31 de maio, via Napalm Records, o Nestor surgiu ovacionado no Ice Stage depois da introdução.

O grupo chegou tocando a própria “Kids in a Ghost Town”, e desta em diante foi acompanhado a plenos pulmões pelo público. Ficou claro que o Brasil já está conquistado por esse grupo de nome engraçado, inspirado nos quadrinhos de Tintin, especificamente no mordomo do Capitão Haddock. Pena que, no início da apresentação, a banda tenha sido prejudicada pela qualidade de som, que estava oscilante.

Para a sequência, o Nestor mandou as contagiantes “Stone Cold Eyes” e “These Days”, que lembra muito “Right Now”, do Van Halen. Em seguida, o simpático Gustavsson perguntou se alguém ali já havia se apaixonado, e foi a deixa para a ótima “Perfect 10 (Eyes Like Demi Moore)”, e depois veio “On the Run”, talvez a mais comemorada pelos fãs. E como foi delicioso gritar, junto com a multidão e com a banda, ‘Call the police’ na paradinha que abre o refrão! Àquela altura, a qualidade de som já estava impecável.

Gustavsson é um vocalista de voz encantadora, e os backing vocals da banda engrandecem ainda mais as composições, que são fortes principalmente no refrão. E também vale destacar o trabalho do guitarrista Jonny Wemmenstedt – aliás, que timbre esse cara extrai de sua guitarra!

Dando um gostinho do que virá em “Teenage Rebel”, o Nestor nos brindou com a première de “Victorious”, primeiro single do novo disco. Na sequência, enrolado na bandeira do Brasil, Gustavsson anunciou outro single do álbum de estreia, “Signed in Blood”, e em seguida foi a vez da hard‘n’heavy “Firesign”. Outro grande momento do show foi “1989”, música que tem um dos clipes mais legais do Nestor. Para encerrar, o Nestor tocou seu contagiante cover de “I Wanna Dance With Somebody”, da saudosa Whitney Houston e que ficou fantástica ao vivo!

Foi um show tão bom que passou rápido, e desde a apresentação do H.E.A.T, na edição anterior do Summer Breeze, foi muito bom ver o quanto o hard rock sueco cada vez mais tem caído no gosto do público brasileiro. O show do Nestor foi a prova definitiva disso. Que outras bandas da Suécia possam estar presentes na edição 2025 do festival. É garantia de sucesso para elas e para o evento!

Setlist: Kids in A Ghost TownStone Cold EyesThese DaysPerfect 10 (Eyes Like Demi Moore)On the RunVictoriousSigned in BloodFiresign1989 I Wanna Dance with Somebody (cover de Whitney Houston)

CULTURA TRES (Sun Stage)

Por Daniel Agapito

A abertura do Sun Stage, que receberia grandes nomes como The 69 Eyes, Dark Tranquility, Death Angel, Biohazard, In Extremo e Amorphis, ficou por conta do Cultura Tres, que conta com Paulo Xisto (Sepultura) em sua formação. Fazendo um sludge metal pesadíssimo e retratando os problemas sociopolíticos da América Latina há quase duas décadas, a banda prometia entregar um grande show e ótimo aquecimento para os três dias de festival que vinham pela frente.

Apresentando-se no mesmo horário dos suecos do Nestor, o Cultura Tres atraiu boa parte do público que foi para ver os grupos mais pesados que tocaram naquele dia, como Exodus e Biohazard. Em pouco menos de uma hora, o grupo mostrou parte de seu repertório aos fãs – com destaque para “Camino de Brujos” (2022), seu quinto álbum, que cedeu seis das sete músicas do show. Sendo o novo trabalho, deu uma ideia de como é o som deles, mas ainda deixando aquele ‘gostinho de quero mais’.

Apesar de o sol já estar fazendo jus ao nome do evento e do curto espaço de tempo alocado, o grupo aproveitou cada segundo, fazendo um show descrito por Alejandro Londoño, vocalista e guitarrista, como ‘uma seleção latino-americana jogando na Champions League’ – fora do Summer Breeze, o Cultura Tres tocou também no The Metal Bar, na quinta-feira antes do festival, no La Iglesia, na segunda-feira seguinte.

Sobre o show, o batera Jerry Vergara comentou: ‘Minha experiência foi fantástica. Tocamos alto! Foi minha primeira vez no Brasil e não houve momento algum que não tenha sido inacreditável e energético. Foi tão energético que quebrei meu pedal de bumbo duplo’. Londoño acrescentou: ‘Achei incrível ter a oportunidade de tocar num festival top de um dos países que mais contribuíram para a cena do metal na América do Sul, ainda mais num espaço que justamente celebra a América Latina. É verdade que a música veio de muitos lugares do mundo, mas sem essa gente maravilhosa que assistiu não teria valor nenhum. Nesse dia, reafirmei que o rock não está morto. Ele está bem vivo aqui entre vocês’.

Setlist: The World and its Lies, Time is Up, Proxy War, 19 Horas, Zombies, Day One e Signs.

FLOTSAM AND JETSAM (Hot Stage)

Por Daniel Dutra

“Preciso lembrar de nunca mais usar roupa de couro no Brasil.” A declaração de Eric A.K. durante o show do Flotsam and Jetsam, o primeiro da banda americana no país em seus 43 anos, é um bom resumo de como o sol castigava bandas e público no fim da manhã e início da tarde no Memorial da América Latina – e foi assim durante os três dias da edição 2024 do Summer Breeze, diga-se.

No entanto, isso não impediu o quinteto de responder com seu thrash metal melódico e furioso, abrindo o dia do Hot Stage com um setlist que privilegiou (mais) os três primeiros discos – “Doomsday for the Deceiver” (1986), “No Place for Disgrace” (1988) e “When the Storm Comes Down” (1990) – e (um pouco menos) os três últimos – “Flotsam and Jetsam” (2016), “The End of Chaos” (2019) e “Blood in the Water” (2021).

O início, então, foi tanto um massacre sonoro quanto uma bênção aos fãs old school, com a trinca “Hammerhead”, “Desecrator” e “Dreams of Death” machucando pescoços e, também, trazendo uma saudável dose de nostalgia àqueles que compraram, nos anos 1980, a versão nacional de “Doomsday for the Deceiver” em vinil.

Apesar de rapidamente ter conseguido aquele bronze “vermelho gringo”, Eric não apenas cumpriu com louvor seu papel de frontman (o cara é bom demais!), como também mostrou que, aos 59 anos, continua cantando como um garoto – sim, ele é um dos vocalistas mais subestimados do thrash metal.

E isso, para fazer justiça, acompanhado de um instrumental de primeira linha, capitaneado pelo novato Bill Bodily (baixo), que acrescenta um toque mais orgânico ao tocar com os dedos; pela impecável dupla de guitarristas formada por Michael Gilbert e Steve Conley, com solos virtuosos tanto alternados quanto em conjunto, fora os riffs de tirar o chapéu; e o monstruoso batera Ken Mary (Fifth Angel, ex-Alice Cooper e House of Lords).

Entre o material mais recente, não deixou de ser uma surpresa a inclusão (ou permanência) no set da ótima “Iron Maiden”, que, sim, é uma homenagem sonora com adição de whey protein à Donzela de Ferro. Só que o fim da apresentação… “Suffer the Masses”, com ótima participação do público, foi de arrepiar, e “I Live You Die” e “No Place for Disgrace” foram emoção pura para uma geração mais antiga de fãs.

Em uma hora de show, o Flotsam and Jetsam mostrou, no mínimo, por que merece mais atenção quando falamos de thrash metal, porque é muito mais do que somente a ex-banda do ex-Metallica Jason Newsted. Ponto para o Summer Breeze Brasil por ter proporcionado a estreia do quinteto no Brasil, e que não tenha sido a última vez.

Setlist: Hammerhead, Desecrator, Dreams of Death, Prisoner of Time, She Took an Axe, Iron Maiden, Brace for Impact, Suffer the Masses, I Live You Die e No Place for Disgrace.

CLASH BULLDOG’S (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Enquanto o Flotsam and Jetsam começava os serviços do Hot Stage, palco principal, os cariocas do Clash Bulldog’s davam o pontapé inicial do serviço no Waves Stage, dedicado às bandas menores do cenário nacional. Mesmo com muitas pessoas ainda chegando ao Memorial da América Latina, eles animaram aqueles que estavam prestigiando o metal nacional naquele início de tarde. Com sua mistura flamejante de hard rock com elementos do metal moderno, com certeza impressionaram.

O setlist deu grande destaque ao seu primeiro álbum de estúdio, “Bark Power”, que conta também com faixas gravadas com grandes nomes do rock e do metal, como Henrique Fogaça (Oitão), Mike Orlando (Adrenaline Mob, Noturnall) e Blaze Bayley (ex-Iron Maiden). Fora as autorais, tocaram também “Them Bones”, do Alice in Chains, e “Sad But True”, do Metallica, ambos clássicos que ajudaram a entreter o público.

Apesar da estrutura relativamente menor do quarto palco, O Clash Bulldog’s usufruiu bem do espaço que tinha, com Marcelo Braune sempre correndo de um lado para outro, incentivando os fãs a cantarem e baterem palmas juntos. E ele acabou não se limitando ao espaço do palco, descendo algumas vezes, reforçando ainda mais o clima leve e intimista que rolava. Foi um ótimo aquecimento para o resto do festival, e ditou o padrão para os shows do Waves Stage: performances menores, mas incrivelmente animadas.

Setlist: Intro/Prophets of time, Tears of Blood, Take the Liars Down, Sharp Teeth, Them Bones, Sad But True, Evil Within e Anger Grows.

DR. SIN (Sun Stage)

Por Samuel Souza

Um dos maiores expoentes do hard rock nacional, o Dr. Sin subiu ao Sun Stage às 13h, horário um tanto ingrato para uma banda com mais de 30 anos de estrada. Com um público cativo, e que não se incomodou com o sol escaldante, a resposta do trio foi à altura, elevando ainda mais a temperatura. Animados e empolgados ao ver e ouvir seus fãs cantando em uníssono e aplaudindo a cada fim de canção, não faltaram clássicos como “Time After Time”, “Isolated”, a repleta de levadas em contratempos “Fly away” e a literalmente incendiária “Fire”.

Além da precisão dos irmãos Andria (vocal e baixo) e Ivan Busic (bateria e voz), o destaque vai para o grande guitarrista Thiago Melo, que possui uma técnica invejável e extrai sons com uma naturalidade absurda. A banda ainda apresentou uma nova música, “Only the Strong Survive”, aproveitando para capturar imagens para um videoclipe, e a resposta da participação do público não poderia ter sido diferente.

Apesar de alguns mais ansiosos pedirem por “Futebol, Mulher e Rock’n’Roll”, o Dr. Sin preferiu revisitar “Emotional Catastrophe”, que também foi o primeiro videoclipe da banda, figurando até mesmo no seriado Confissões de Adolescente, da TV Cultura. Mais um showzaço de uma banda que é sinônimo de autenticidade e de vida própria, com fãs fiéis tal qual o trio é com sua música e caminhada.

EDU FALASCHI (Ice Stage)

Por Antonio Carlos Monteiro

Edu Falaschi entrou tranquilo em cena. Sorrisão na cara em resposta à ovação da plateia, tinha a certeza de que o jogo estava ganho. E estava mesmo. Ele só não sabia que ia ter que driblar alguns problemas. Nas primeiras músicas, as guitarras de Roberto Barros e Diogo Mafra mal eram ouvidas, enquanto o baixista Raphael Dafras e um roadie também digladiavam com o equipamento. Edu manteve o profissionalismo e seguiu o show, que começou com quatro temas do Angra, “Live and Learn”, “Acid Rain”, “Waiting Silence” e “Heroes of Sand”. Nas laterais do palco, duas enormes estátuas infláveis compunham a imponente decoração, enquanto Edu, após sanados os problemas com o som, começava a sofrer com outra questão.

Apesar de agendado para o meio do outono, quando as temperaturas via de regra já estão mais amenas, o Summer Breeze Brasil acabou acontecendo em meio a uma forte onda de calor que assolou o estado de São Paulo, como já havíamos experimentado algumas vezes e devemos sofrer várias outras (isso, vai brincando com a natureza pra ver como ela te responde…). Pra piorar, o horário de show, pouco depois da uma da tarde, e o fato de o sol incidir diretamente sobre os músicos, certamente fizeram o vocalista se arrepender da indumentária escolhida para o show: todo de preto, incluindo um sobretudo na mesma cor. “Que calor” foi uma expressão que Edu repetiu várias vezes ao longo da apresentação. Ou seja, o palco em que se apresentou de ‘ice’ só tinha o nome…

Mas nada que prejudicasse a apresentação. Falaschi sempre foi um excelente comunicador com a plateia e mostrou isso mais uma vez, comandando a enorme massa que assistiu a um show praticamente baseado no repertório que gravou com sua antiga banda – apenas “Sacrifice” e a faixa-título de seu último trabalho, “Eldorado”, compareceram no repertório. Além disso (e mais importante de tudo), mostrou que está com o vocal em dia, alcançando notas altas e com muito brilho na voz.

Em cena, Roberto Barros mostrava toda sua exuberância técnica, enquanto Diogo Mafra, além de habilidoso, era totalmente performático. Raphael Dafras e Jean Gardinalli (que substituiu Aquiles Priester) mostraram toda a consistência que uma cozinha deve ter, ao passo que o tecladista Fabio Laguna, além das muitas e certeiras intervenções, era o único a ajudar com backing vocals – boa parte dos backings surgiam em bases pré-gravadas.

Na introdução de “Rebirth”, o violão de Edu resolveu não funcionar. Enquanto os roadies tentavam resolver o problema, ele, já livre do sobretudo, improvisou, acompanhado apenas por Laguna, “Pegasus Fantasy”, da trilha de Cavaleiros do Zodíaco. Resolvido o problema do violão, “Rebirth” e “Nova Era” encerraram uma apresentação coesa, agradável e que mostrou que Edu Falaschi continua em plena forma. Para alegria de todos que gostam de boa música.

Setlist: Live and Learn (Angra), Acid Rain (Angra), Waiting Silence (Angra), Heroes of Sand (Angra), Sacrifice, Millenium Sun (Angra), The Temple of Hate (Angra), Eldorado, Bleeding Heart (Angra), Spread Your Fire (Angra), Pegasus Fantasy, Rebirth (Angra) e Nova Era (Angra).

ALCHEMIA (Waves Stage)

Por Luiz Tosi

Imagine uma banda que combina visualmente elementos de shock/horror rock, gótico e black metal, com vestimentas pretas, couro pesado e maquiagens ao estilo corpsepaint, apresentando-se às 13h30 em um dia tão ensolarado que seria possível fritar um ovo no asfalto. Pode parecer difícil, mas não para os paulistanos do Alchemia. Desde sua formação em 2018, eles se destacam pela dedicação e profissionalismo na gestão de sua carreira — seu álbum de estreia, “Inception” (2020), é uma prova disso. Embora tenham um visual impactante, o grupo realmente impressiona pela musicalidade: uma parede sonora robusta, pesada e harmônica, que combina com facilidade e bom gosto elementos de Judas Priest, Dimmu Borgir, Cradle of Filth, Marilyn Manson, White Zombie, Rammstein, Nine Inch Nails, trilhas de filmes e orquestrações clássicas, demonstrando muita identidade própria e personalidade.

A banda teve tempo suficiente para apresentar seu ‘debut’ na íntegra (ainda que fora da ordem original), destacando-se o single “Ashes”, “Grind” (com seus vocais ao estilo Halford) e a espetacular e cativante “Haunting You”. Victor Hugo Piiroja (vocal), Rodrigo Maciel (guitarra), G.Morazza (baixo), Alex Cristopher (bateria) e Wally D’Alessandro (teclados) estão prontos para palcos maiores. Não por acaso, e merecidamente, são a única banda brasileira a se apresentar também na edição alemã do Summer Breeze no próximo mês de agosto.

Setlist: IntroSacrifice, Save Us, Inception, Ashes, Mind Prison, Grind, If Nothing Is Sacred, Nightmares, Secret CallHaunting You

BLACK STONE CHERRY (Hot Stage)

Por Daniel Dutra

Um terremoto passou pelo Hot Stage do Summer Breeze, indo das 14h30 às 15h45, o tempo em que o Black Stone Cherry esteve no palco, oito anos depois de sua primeira e então única visita ao Brasil. Não foi um terremoto literal, claro, mas a verdade é que o quarteto de Kentucky promoveu várias vibrações bruscas acima da superfície da Terra. “Logo hoje os equipamentos resolveram ficar caindo”, disse o guitarrista Ben Wells, diante dos problemas com Steve Jewell Jr. – o cabo do baixo deu pau, depois era a correia que não ficava presa… – e John Fred Young, que já não escondia os risos quando um estande de prato caía, sem contar a caixa que teve de ser trocada depois que a pele arrebentou…

Mas trabalho mesmo tiveram os roadies, que corriam de um lado para o outro para consertar tudo, porque depois que Chris Robertson (vocal e guitarra) anunciou o começo com a maravilhosa “Me and Mary Jane”, que fez os fãs soltarem a voz, o que se viu no palco foi uma banda com um tesão absurdo de tocar e colocar um sorriso no rosto de quem estava na plateia. A presença de palco dos caras é tão alucinante que Jewell Jr. pôs um roadie para correr atrás dele para tentar prender a corda na parte de trás do baixo.

Enquanto isso, Wells corria alucinadamente pelo palco, Young massacrava a bateria, e Robertson comandava a festa com solos arrebatadores e cheios de feeling, além de uma performance vocal sempre acima da média – sim, ele canta demais, o que já sabe quem acompanha o Black Stone Cherry e já viu o grupo mandar uma baita versão rock’n’roll de “Rolling in the Deep”, da Adele (procure no YouTube).

Em um repertório que passeou por toda a carreira – a banda tocou ao menos uma música de cada um de seus oito álbuns de inéditas –, canções como “Burnin’”, “Again”, “Nervous” e “When the Pain Comes” – as duas últimas tiradas do trabalho mais recente, “Screamin’ at the Sky” (2023) – soaram ainda mais pesadas e energéticas ao vivo, enquanto a contagiante “Cheaper to Drink Alone”, que se encontra no meio do caminho na linha do tempo, só pecou pelo desnecessário solo de bateria.

Nem tanto porque a performance enlouquecida de Fred Young já é um solo à parte nas músicas, e sim porque o tempo restrito de apresentações em festivais deveria ser preenchido com canções. Ainda mais no Brasil, onde o Black Stone Cherry aportava pela segunda vez, e quase oito anos depois de se apresentar no Maximus Festival, no qual tocou sem Ben Wells. Tudo bem que a versão jam session de “In My Blood”, um verdadeiro arregaço, já tinha dado habeas corpus para a performance solo do batera.

E por falar em arregaço, a parte final do show foi um deleite até mesmo para quem não era familiar ao Black Stone Cherry, e eu apostaria que teve gente que chegou em casa e foi conferir os discos da banda. Com “Yeah Man” e “Blind Man” (sensacional!), dobradinha do segundo álbum, “Folklore and Superstition” (2008), o quarteto voltou à época em que seus integrantes ainda tentavam se livrar das espinhas no rosto enquanto já faziam música de gente grande.

“Blame it on the Boom Boom” colocou os fãs para cantar o refrão, fazendo com que os novatos ao som do grupo se juntassem ao coro na plateia, e “White Trash Millionaire”, mais uma de “Between the Devil & the Deep Blue Sea” (2011) foi o esporro que precedeu o esporro.

Isso porque a banda não tocou a bela e sempre emocionante “Things My Father Said”, que talvez não ficasse bem encaixada num set tão enérgico, então coube ao arrasa-quarteirão “Lonely Train” encerrar uma apresentação impecável mesmo diante dos problemas técnicos relatados. Passou da hora de o Black Stone Cherry vir ao Brasil com uma turnê para chamar de sua, e sem uma pandemia para cancelar tudo.

Setlist: Me and Mary Jane, Burnin’, Again, Nervous, In My Blood, Like I Roll, Cheaper to Drink Alone (c/ solo de bateria), When the Pain Comes, Yeah Man, Blind Man, Blame it on the Boom Boom, White Trash Millionaire e Lonely Train.

TYGERS OF PAN TANG (Sun Stage)

Por Samuel Souza

O Tygers of Pan Tang goza de uma admiração que vai além do simples status cult para os verdadeiros fãs da New Wave of British Heavy Metal. Afinal de contas, a banda não teve a projeção gigantesca que Saxon, Def Leppard e Iron Maiden conseguiram, mas se manteve em produção constante até mesmo nos últimos anos. E isso atraiu um bom público em frente ao Sun Stage para recebê-los às 14h30, sem descanso de sol ou clima ameno.

E foi bacana ver que o quinteto atraiu um encontro de gerações, porque tinha uma rapaziada bem nova vibrando com uma sequência de clássicos, iniciando com “Gangland”, do disco “Spellbound”, e “Love Don’t Say”, de “Crazy Nights”, ambos lançados em 1981. Único remanescente da formação original, o guitarrista Robb Weir mantém a banda ativa já há algum tempo, e o vocalista Jacopo “Jack” Meille talvez seja uma de suas melhores aquisições, com aquela linha vocal típica do estilo e que não parava de manter um diálogo com os fãs.

Antes de voltar aos clássicos, o grupo deu uma passada em álbuns atuais, como “Only the Brave” (“Tygers of Pan Tang”, 2016), “Fire on the Horizon” (“Bloodlines”, 2023) e “Destiny” (“Rituals”, 2019), faixas que só os mais devotos conheciam, ainda que tivessem sido músicas belamente agradáveis de ouvir ao vivo. A sonoridade do Tygers of Pan Tang tem uma vibração para se escutar numa autoestrada, queimando gasolina, contracenando com o ronco do motor, como a etílica “Suzie Smiled”.

Para alegria dos fãs, disparam a pesada e clássica “Hellbound”, uma das faixas mais cultuadas do álbum “Spellbound”. Coberto de aplausos e com um gostinho de quero mais, a banda deixou o Sun Stage com o cover “Love Potion No. 9”, do The Clovers, presente em “The Cage” (1982).

ELECTRIC MOB (Waves Stage)

Por Antonio Carlos Monteiro

Não tem outra maneira de começar este texto que não seja dizendo: que show, meus amigos, que show do Electric Mob!! Quem gosta de hard rock e ainda não conhece este quarteto curitibano está perdendo tempo. Renan Zonta (vocal), Ben Hur Auwarter (guitarra), Marcelo Leodoro (baixo, em substituição a Yuri Elero, que não pôde fazer o show) e Mateus Cestaro (bateria) já lançaram dois ótimos discos (“Discharge”, de 2020, e “2 Make U Cry & Dance”, 2023) e subiram no palco do Waves com a faca nos dentes – sim, se os discos são bons, o show é incendiário.

Com Renan e Ben Hur comandando as ações em termos de performance, a banda apresentou um set curto, de apenas oito músicas, mas que serviu como um sensacional cartão de visitas do Electric Mob. Logo no começo, Renan perguntou quem não conhecia a banda e, diante de um grande número de braços erguidos, explicou: ‘Por isso a gente escolheu um monte de músicas com ô-ô-ô e na-na-na, que é pra vocês cantarem junto’. Emendou “By the Name (Na Na Na)” e já no segundo refrão não havia quem não estivesse cantando junto com ele.

Ocupando muito bem o reduzido espaço do palco Waves, a banda ainda mostrou uma interessante identificação com a cor-de-rosa, que surgia no cabelo e no pedestal do microfone do vocalista, no lenço amarrado na cintura do guitarrista, no tênis e na correia do instrumento do baixista e na estampa da camiseta do baterista, gerando um visual bastante interessante.

Lógico que não demorou para que a competência técnica e a garra com que os quatro se entregam à música fizessem o bom público (mas ainda diminuto perto do que os quatro merecem) cantar e dançar até o fim. No final, com a bluesy “Devil You Know”, Renan estava com a plateia completamente nas mãos, como convém a um frontman que se preze. Que logo o Electric Mob consiga o reconhecimento que merece.

Setlist: It’s Gonna Hurt, King’s Ale, By the Name (Na Na Na), Black Tide, Sun is Falling, Love Cage, Upside Down e Devil You Know.

EXODUS (Ice Stage)

Por Daniel Dutra

Decepção é a palavra que resume o Exodus no Summer Breeze Brasil, e decepção era algo inimaginável para este que vos escreve antes de qualquer show de um dos maiores nomes da história do thrash metal. Seria mais fácil dizer que, depois de uma apresentação insana, o Black Stone Cherry dificultou as coisas para o quinteto californiano, mas antes tivesse sido apenas isso.

Justiça seja feita, o som, que só ficou bom mesmo a partir de “A Lesson in Violence”, não ajudou muito a performance de Gary Holt e Lee Altus, cujas guitarras começaram soterradas por nada (especialmente a de Holt), Jack Gibson, Tom Hunting e Steve “Zetro” Souza. Também é necessário falar que a presença de palco, com Holt e Altus comandando a cena, continua a mesma. Ou quase, porque é aí que reside o problema.

E o problema tem nome, sobrenome e apelido: Steve “Zetro” Souza. O vocalista está puxando a banda para trás – ou para baixo, como queira – com movimentação e voz cansadas e sem brilho, reforçando o que o fraco “Persona Non Grata”, disco mais recente de estúdio, apontou quando foi lançado em 2021: foi um erro ter trazido Zetro de volta, e foi um erro ainda maior ter dispensado Rob Dukes.

E olha que o Exodus montou um setlist de tirar o chapéu. Ou quase, porque “Prescribing Horror” e “The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)”, mesmo sendo do último álbum, são completamente dispensáveis, especialmente quando “Scar Spangled Banner” e “War is My Shephard” ficam fora do repertório.

Ainda assim, o início com “Bonded By Blood” e o encerramento com “Strike of the Beast” (incluindo o já tradicional ‘wall of death’) mostraram que a força coletiva do Exodus ainda compensa a latente deficiência de uma única peça, e a opção por pérolas como “Piranha”, “Brain Dead” e “Fabulous Disaster” reforçou a excelência do catálogo da banda – que hoje precisa apenas de alguém que faça justiça a ele com o microfone nas mãos.

Exatamente o sentimento que veio à mente na hora da espetacular “Deathamphetamine”, única da fase Dukes no repertório – e ficou claro, por exemplo, por que “The Sun is My Destroyer” não foi tocada. Nem deve, mesmo. Mas ainda há que se destacar a brincadeira com “Raining Blood” (precisa explicar por quê?) antes de “The Toxic Waltz”, que resumiu bem o show: o som estava alto e claro, enfim, então vamos fazer a dancinha e nos divertir à espera de dias, quer dizer, shows melhores. Do nível do Exodus.

Setlist: Bonded By Blood; Blood in, Blood Out; And Then There Were None; Piranha; Brain Dead; Deathamphetamine; Prescribing Horror; The Beatings Will Continue (Until Morale Improves); A Lesson in Violence; Blacklist; Fabulous Disaster; The Toxic Waltz; e Strike of the Beast.

MASSACRATION (Sun Stage)

Por Daniel Agapito

Bruno Sutter não só é o apresentador do podcast oficial do Summer Breeze como é também o ‘chefe’ do Detonator, vocalista da ‘maior banda do mundo’ e ‘filho do Deus Metal’. Enquanto o lendário Exodus incentivava rodas punk vertiginosas e espalhava a palavra do mais puro thrash metal no Ice Stage, começava mais uma peregrinação ao Sun Stage, desta vez para ver o Massacration. Por volta das 16h30, a presença ilustre de Gilberto Barros, fazendo uma edição especial do Sextaço para entreter o público paulistano, porque a atração que todos queriam ver havia aparentemente se atrasado.

A presença de Barros não durou muito, porque logo o clássico “Metal is the Law” soou pelo sistema de PA. Os clássicos ‘hermes-e-renatianos’ continuaram com “Metal Milkshake” (com uma ‘participação’ do Rei do Pop, Michael Jackson) para ensinar inglês ao público, de acordo com o vocalista, e “The Mummy”, cujo clima zoado ‘contou’ com Max Cavalera ajudando nos refrões.

A performance da banda passou por boa parte dos grandes clássicos, dentre eles a comovente “The Bull”, a animada “Metal Milf” e “Let’s Ride to Metalland”. As interações com o público continuaram, e a zoeira seguiu dominando, fazendo um show caracteristicamente alto astral e leve. A apresentação seguiu com uma dobradinha de favoritas dos fãs, de duas eras da banda, sendo a primeira a recente “Metal is My Life”, lançada no ano passado e que contou até com batalha medieval no palco.

Quando Detonator acabou a música com ‘metal is better than sex’, o resto da banda se dirigiu para fora do palco, fazendo o vocalista chamar os fãs de ‘punheteiros’. Poucos segundos depois, numa pequena quebra de personagem, o mesmo chama a banda de volta porque ‘esqueci que era festival. Tem que ser rápido’. Os músicos voltaram com uma tríade de faixas do álbum que os lançou para o mundo: “Evil Papagali”, “Metal Massacre Attack” e “Metal Bucetation”, pilar do repertório dos ‘maiores do universo’.

Setlist: Metal is the Law, Metal Milkshake, The Mummy, Metal Milf, The Bull, Lets Ride to Metalland, Metal is My Life, Evil Papagali, Metal Massacre Attack e Metal Bucetation.

Zumbis do Espaço (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Enquanto o Massacration espalhava a palavra do Deus Metal no Sun Stage, os veteranos do Zumbis do Espaço tocavam seu horror punk característico no pequeno Waves Stage. Tendo acabado de lançar seu décimo álbum de estúdio, “A Fúria Selvagem”, este show seria o primeiro da banda em São Paulo, e depois de tocar em Vila Velha, Espírito Santo, com o Ratos de Porão, que se apresentaria domingo no Sun Stage. Mesmo tendo que competir tanto com o Exodus quanto com o Massacration, uma boa quantidade de fãs foi prestigiar um pouco do melhor que a cena punk nacional tem a oferecer.

Independentemente do lançamento de “A Fúria Selvagem”, o repertório contou com diversos clássicos da banda. Por exemplo, a performance foi iniciada com “Surf Sangrento”, “A Fúria Selvagem” e “Aos Vivos Fica a Maldição”, sequência inicial do novo projeto, e aí veio uma enxurrada de músicas de diferentes eras da banda: “Mato por Prazer”, “A Marcas dos 3 Noves Invertidos” e “Nos Braços da Vampira”, só para citar algumas.

O novo álbum seguiu sem ser desprezado, com a envolvente “Ir, Seguir e Destruir” e “Noite das Bruxas” também fazendo parte do repertório de 16 músicas. “Noite das Bruxas”, em especial, merece ser destacada, uma vez que Natacha Cersosimo, vocalista do Toyshop, foi chamada para cantar suas partes, assim como faz na versão em estúdio. Ainda por cima, logo depois de tê-la convidado ao palco, Martin anunciou ao público que era aniversário da Natacha naquele dia, ocasionando um parabéns coletivo dos fãs.

Ao todo, o Zumbis do Espaço entregou um show divertido e alto astral, digno de ter sido num palco maior. Mesmo em um horário complicado, animaram uma boa quantidade de pessoas que foram Waves Stage prestigiar um punk de qualidade. ‘Tocar no Summer Breeze é um grande orgulho para mim, pois o festival agrega as bandas brasileiras e as bandas estrangeiras. É um festival que dá grande visibilidade ao artista. Eu já tive oportunidade de trabalhar na maioria dos festivais do mundo, acompanhando Sepultura e Iggor Cavalera, e a nossa edição brasileira não deixa nada a dever aos maiores festivais do mundo, em organização e respeito ao artista. Que venham mais edições do Summer Breeze e demais festivais dessa grandeza para o Brasil’, disse o batera Guilherme Martin, que tocou também na edição do ano passado, com o Viper e o Brutal Brega.

Setlist: Surf Sangrento; A Fúria Selvagem; Aos Vivos Fica a Maldição; Mato por Prazer; Dia dos Mortos; A Marca dos 3 Noves Invertidos; O Lobisomem Que Eu Sou; Nos Braços da Vampira; Que Venham os Mortos; Ir, Seguir e Destruir; O Mal Nunca Morre; Guardada Para Sempre; Noite das Bruxas; Onde os Fracos Não Tem Vez; Inspirado Pelo Cão; e Satan Chegou.

SEBASTIAN BACH (Hot Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

Perto de lançar “Child Within the Man”, seu primeiro trabalho solo desde “Give ‘Em Hell” (2014) – o disco estará disponível no dia 10 de maio, via Reigning Phoenix Music –, Sebastian Bach voltou ao Brasil depois de oito anos. Já na ‘Signing Sessions’, o vocalista se mostrou animado por estar de volta ao país. Coheadliner do Hot Stage, ele foi a primeira das três últimas atrações do dia propícias aos fãs de hard rock, que ainda presenciariam Mr. Big, no Ice Stage, e a Gene Simmons Band, também no Hot, fechando o primeiro dia de Summer Breeze Brasil.

Para histeria do público, Bach e sua banda surgiram no palco, mas, infelizmente, com uma falha terrível, o telão exibiu a imagem usada pelo Black Stone Cherry, que havia tocado anteriormente. O início se deu com a ainda ‘estranha’ (por ser nova) “What Do I Got to Lose?”, composta em parceria com o também vocalista Myles Kennedy (Alter Bridge, Slash) e um dos singles já apresentados de “Child Within the Man”. Depois dela, todo mundo se sentiu bem mais familiarizado com o repertório, porque Bach e cia. mandaram uma rajada de clássicos do homônimo álbum de estreia do Skid Row: “Big Guns”, “Sweet Little Sister”, “Here I Am”, a sempre aclamada “18 and Life” e “Piece of Me”.

Se o repertório estava legal, com muitas músicas de sua ex-banda que há tempos não eram tocadas por aqui, apesar de o Skid Row ter se apresentado na primeira edição do Summer Breeze Brasil, o mesmo não dava para dizer sobre a voz de Sebastian. Como de costume nos últimos tempos, ela falhou miseravelmente. Atualmente, até falando a voz de Bach soa irritantemente aguda, muito diferente da daquele garoto que encantou o mundo no fim dos anos 1980 e decorrer dos anos 1990, cantando notas altíssimas e com uma tessitura muito bonita. Porém, da metade para frente do set, a voz do Tião – como os fãs brasileiros costumam carinhosamente chamá-lo – foi melhorando. De todo modo, as notas que hoje ele não mais alcança, ficavam para o público se virar e tapar o buraco deixado pelo artista.

Como se não bastasse a questão da voz do esforçado Bach, sua banda, composta por Brent Woods – guitarrista que mais tarde tocaria com Gene Simmons –, Andy Sanesi (bateria) e Clay Eubank (baixista), estava nitidamente mal ensaiada. Em dado momento, o show até parecia um ensaio aberto, já que Sebastian e seus parceiros, no intervalo entre algumas músicas, conversavam para ver o que dava para tocar. Foi nessas que Bach até se arriscou cantando a capella “Wasted Time” (de “Slave to the Grind”, segundo álbum do Skid Row) e “By Your Side” (do álbum solo “Angel Down”). O frio na nossa espinha aumentou quando ele e banda tentaram “Tom Sawyer”, do Rush, e sorte que desistiram a tempo de não passarem vergonha com a complexidade vocal e instrumental da canção.

E foi um alívio, também, quando Bach desistiu de “Children of the Damned”, do Iron Maiden. Ao menos em termos de repertório, ainda tivemos mais uma nova, “Everybody Bleeds”, e outras pérolas do Skid Row, como “Monkey Business”, “The Threat”, “Rattlesnake Shake”, “I Remember You” e a derradeira do set, “Youth Gone Wild”. Embora os fãs anseiam pela volta de Sebastian ao Skid Row, ainda mais agora que Erik Grönwall saiu, sejamos sensatos: não dá mais para ele cantar músicas tão difíceis quanto as que gravou com a banda. Uma pena.

Setlist: What Do I Got to Lose?Big GunsSweet Little SisterHere I Am18 and LifePiece of MeEverybody BleedsSlave to the GrindAmerican Metalhead (cover do Painmuseum), Monkey BusinessThe ThreatRattlesnake ShakeWasted TimeBy Your SideI Remember YouTom Sawyer (cover do Rush), Youth Gone Wild.

MINIPONY (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Com o hard rock dominando o dia pouco a pouco, com Sebastian Bach ainda no Hot Stage e Mr, Big e The 69 Eyes nos palcos Ice e Sun, respectivamente, o pequeno Waves Stage recebia o oposto: toda a fúria do Minipony, grupo de metal experimental do Equador. Conhecidos por toda a América Latina pelos shows enérgicos e animados, a primeira vinda do power trio prometia entregar uma experiência completamente única em relação ao hard rock que soava pelo sistema de som.

Pouco depois das 18h, com o som passado pela própria banda, uma fumaça invadiu o pequeno espaço. Ao som da bateria de Carlos Sanchez e da pesadíssima guitarra de Amadeus Galiano, Emilia Moncayo assumiu o palco, cumprimentando os fãs. Com Moncayo fazendo um ritmo envolvente num tambor, foi dado o pontapé inicial com “Kill Like a Human”. Em estúdio, os equatorianos têm um som único, usando diversos timbres, samples e efeitos, ocasionando dúvidas em alguns fãs quanto à fidelidade do som ao vivo.

Impressionantemente, os três conseguiram captar toda a essência da sonoridade de seus álbuns, a transmitindo perfeitamente ao vivo, com Galiano controlando um processador de efeitos com maestria, e Moncayo se responsabilizando também pelos samples e pela percussão adicional.

Toda essa sinergia, não só entre a banda, mas também entre a banda e seus equipamentos, foi evidenciada perfeitamente com “Gatos”, que procedeu “Kill Like a Human”, por conta de sua mescla de elementos de gêneros eletrônicos como o breakcore com o djent experimental da banda. O som estava muito bem regulado, mas com os graves um pouco altos, tanto que um dos PAs da parte de fora acabou caindo com menos de três músicas completas. Fora isso, estava tudo perfeito em termos de sonoridade. Vocal claro, guitarra em um volume bom, bateria perfeita. O técnico do Waves realmente acertou em cheio.

À medida que o tempo passava e o show seguia com “Imago”, “Irresponsible” e “The Meeting” – sendo a primeira e a última do álbum de estreia, “Imago” –, o prazer da banda em finalmente tocar no Brasil era claro. Moncayo cantava sorrindo, constantemente agradecendo aos fãs pela presença. Galiano, por sua vez, subia nos PAs em praticamente todas as músicas, se aproximando dos fãs. O apreço foi recíproco, com o público batendo cabeça, cantando (na medida do possível) e gritando o nome da banda. A massa de espectadores também só crescia, com mais e mais gente escolhendo não sucumbir ao hard rock, só tendo uma baixa significativa com o começo do show do Mr. Big. Justificável.

Com as notas iniciais da enérgica “Dragònprincesa”, não demorou muito para os espectadores ficarem absolutamente frenéticos. Essa mesma faixa, outro grande destaque do “Imago”, serviu para mostrar perfeitamente a versatilidade vocal de Emilia Moncayo, que consegue transitar de um sussurro quase deftoniano a um gutural potente com uma facilidade impressionante. Já passando para a reta final do show, depois de “Fish Hanging Drain Big Red Space”, a banda não deu tempo nem para quem estava assistindo ao show respirar, tocando logo “Minipony Meat”, “Milkwithsilk”, “Don 18” e fechando o set com “Ajna”.

“Minipony Meat”, faixa que destacou o grupo no cenário latino, seguiu no padrão do resto da noite: energia ímpar. No meio da música, tanto Moncayo quanto Amadeus Galiano se retiraram do palco, deixando apenas Sanchez tocando. Mesmo assim, o som da guitarra e do vocal continuava saindo dos PAs, e alguns segundos depois Galiano apareceu no meio do público, tocando na maior naturalidade e criando um pequeno circle pit no processo.

Foram esses pequenos momentos de interação com o público e o clima intimista da performance, no geral, que consagraram os equatorianos como um dos grandes destaques do Waves Stage. “Don 18” foi introduzida pelo guitarrista como uma música para dançar, já que, de acordo com o mesmo, o que eles mais sabiam de nós brasileiros é que ‘dançamos pra caralho’. Alguns fãs até tentaram dançar os ritmos complexos da nona faixa do segundo álbum, mas a grande maioria apenas seguia batendo cabeça alucinadamente.

O único grande problema dessa performance foi que acabou, mas, apesar disso, o Minipony saiu com os fãs na mão, tocando “Ajna”, que leva o título do segundo trabalho. Com pouco menos de uma hora de show, conseguiram usufruir perfeitamente de todo o espaço do palco (e da área dos fãs), de seu equipamento e do tempo alocado, se destacando entre os grupos do Waves e fazendo um show digno de palco principal. Como apontou um usuário no Instagram, ‘chegaram Minipony, saíram Bighorse’. Forjados no metal nacional.

Setlist: Kill Like a Human, Gatos, Imago, Irresponsible, The Meeting, Dragònprincesa, Finish Hanging Drain Big Red Space, Minipony Meat, Milkwithsilk, Don 18 e Ajna.

MR. BIG (Ice Stage)

Por Daniel Dutra

Com disco novo a caminho – “Ten” será lançado no dia 12 de julho –, fica difícil acreditar a turnê “The Big Finish” seja o canto dos cisnes do Mr. Big. A sensação fica ainda mais forte depois de presenciar o que Eric Martin (vocal), Paul Gilbert (guitarra), Billy Sheehan (baixo) e Nick D’Virgilio (bateria, ex-Spock’s Beard e Fates Warning) fazem em cima do palco.

E registre-se: a entrada de D’Virgilio era o que a banda precisava. Com todo respeito a Matt Starr (Ace Frehley, Black Swan), que segurou a bronca num momento delicado, ocupar o espaço deixado pelo saudoso e extraordinário Pat Torpey é para poucos. Entenda-se: D’Virgilio não toca exatamente igual porque adiciona personalidade própria, mas os licks mais complicados estão lá; e Starr não toca exatamente igual porque Torpey estava muitos degraus acima, tecnicamente falando.

Dito isso, o Mr. Big fez um show primoroso e, para o fã, emocionante. Ao tocar na íntegra seu disco de maior sucesso, “Lean Into it” (1991), em sua, hum, turnê de despedida, a banda apertou o botão da nostalgia ao voltar para a turnê do próprio álbum. Não à toa o set terminou com “Shy Boy” (composição de Sheehan no Talas) e “Baba O’Riley”, cover do The Who, assim como acontecia no início dos anos 1990 e está parcialmente registrado nos CDs ao vivo “Mr. Big Live” e “Raw Like Sushi II”, ambos de 1992.

Com a restrição de tempo, afinal, o headliner de fato era a banda de Gene Simmons, o Mr. Big acertou em cheio nas amostras que separou de “A Lean Into it”, especialmente ao tocar “CDFF-Lucky This Time”, “Never Say Never” e “My Kinda Woman” para um público que provavelmente não terá a oportunidade de conferir de cabo a rabo um dos maiores clássicos do hard rock mundial. Ou seja, a opção por deixar fora “Voodoo Kiss”, “A Little Too Loose” e “Road to Ruin”, canções mais presentes no repertório ao longo dos anos, foi mais do que acertada.

E o que falar de um show que, com um som cristalino, que apenas reforçou a impecável performance dos músicos – e se a voz de Martin naturalmente já não é mais a mesma, o cara continua tanto mandando bem quanto sendo um baita frontman – num set feito para fãs de verdade e fãs de ocasião. Ou seja, estes ganharam “To Be With You” e “Wild World”, cover de Cat Stevens, e ainda levaram, por força da ocasião, a mais bonita das baladas do Mr. Big: “Just Take My Heart”. Isso sem contar, para todos, aquela que talvez seja a maior obra-prima de Gilbert, Green-Tinted Sixties Mind.

Claro, rolaram os solos individuais de Gilbert e Sheehan, que felizmente foram bem econômicos, e o guitarrista ainda tentou tornar o seu mais interessante ao executar trechos de “Nothing But Love”, balada presente em “Bump Ahead” (1993), e “Technical Difficulties”, instrumental do homônimo álbum do Racer X lançado em 1999.

E se um show que termina com Shy Boy e Baba O’Riley não tem como não ser bom, um que também começa com o hino Addicted to That Rush, adiciona o rolo compressor chamado Colorado Bulldog e traz à lembrança os ‘iconic fills’ de Torpey, como bem disse Martin, na maravilhosa “Take Cover”… Bom, esse é um show para guardar com carinho na memória e no coração. Agora, que o Mr. Big retorne ao Brasil com uma turnê do novo álbum. Nem que seja pela última vez.

Setlist: Addicted to That Rush; Take Cover; Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song); Alive and Kickin’; Green-Tinted Sixties Mind; CDFF-Lucky This Time; Never Say Never; Just Take My Heart; My Kinda Woman; To Be With You; Wild World; Paul Gilbert Guitar Solo; Colorado Bulldog; Billy Sheehan Bass Solo; Shy Boy; e Baba O’Riley.

THE 69 EYES (Sun Stage)

Por Samuel Souza

A noite chegava para aliviar o calor e, também, com os finlandeses do The 69 Eyes trazendo sua sonoridade gótica envolta num hard rock com um toque de new wave. Foi muito interessante ter esse tipo de banda no cast do festival, que à primeira vista poderia ser para atrair outro público, mas o que se via ali no meio da pista era uma boa parcela de gente experiente na cena, incluindo os bangers mais ‘true’, que no mesmo horário abriram mão do Mr. Big no Ice Stage.

Depois da introdução com “Heartbreak Hotel”, de Elvis Presley, os ‘vampiros de Helsinque’ entraram com “Devils”, faixa-título do seu sétimo disco de estúdio. A figura sexy e provocativa do vocalista Jyrki 69 é a cereja do bolo. E por mais que possa ter um apelo performático, ainda que bem contido, ele tem uma voz limpa e apurada que faz jus à proposta de combinar tantos estilos diversos numa só camada sombria e pegajosa.

Na sequência, do mesmo álbum veio “Feel Berlin”, mas foi com “Betty Blue”, de “Paris Kills” (2002), que o público realmente começou a se envolver. E do nada, o folclórico músico Supla apareceu no palco para dar um alô, e a galera até pensou que ele iria cantar algo, mas não foi dessa vez. A presença do brasileiro ali pode até parecer inusitada, mas ele é alguém que conhece bem o assunto, e o The 69 Eyes faz parte dessa sua pluralidade internacional, por assim dizer.

Do álbum mais recente, tocaram “Death of Darkness”, com Jyrki até arriscando uns vocais mais black metal, e depois disso a coisa desandou… Não se sabe ao certo o que aconteceu, se foi alguma falha técnica ou uma aparente falta de comunicação acerca do setlist, mas a banda simplesmente deu uma longa pausa de quase 15 minutos ou mais. Impacientes, alguns fãs começaram a vaiar, outros gritavam o nome da banda como forma de apoio, mas o intervalo foi frustrante. Quando voltaram, a energia não era mais a mesma, mesmo que “The Chair” e “Dance D’Amour” tenham refletido um momento especial de se ver ao vivo, pois, apesar de serem de discos distintos, possuem a mesma frequência e encanto.

A banda deixou o palco com a dançante “Lost Boys”, com muitos pedidos de “Gothic Girl”. Foi um show Ok, com boa iluminação para os fotógrafos fazerem fotos artísticas balanceando luz e sombra, mas para quem esperava um show mais energético, ficou realmente a sensação de certo desencanto. Uma pena!

SIOUX 66 (Waves Stage)

Por Antonio Carlos Monteiro

No dia em que o hard rock predominou no Summer Breeze, ainda teve espaço para uma banda que em dez anos de atividades já contabiliza três discos completos e dois EPs, além de duas participações no Rock in Rio e aberturas para Aerosmith em São Paulo e de algumas datas da turnê Encontro – Todos ao Mesmo Tempo Agora, dos Titãs. O Sioux 66.

Ou seja, mesmo com a correria dos vários shows a cobrir, era impossível não dar uma conferida no que Igor Godoi (vocal), Yohan Kisser (guitarra e vocal), Bento Mello (baixo) e Gabriel Haddad (bateria) tinham a oferecer. Agora com apenas uma guitarra, não dá pra dizer que a banda tenha tido qualquer perda em termos de peso ou de competência em cena, já que Yohan consegue preencher todos os espaços com sua guitarra. O orgulhoso pai Andreas Kisser comentaria com este repórter em outro momento que ‘ele está estudando bastante’. Pois é, ter um sobrenome estrelado nem sempre é suficiente…

A banda vinha compondo em português, mas agora está apostando nas letras em inglês e o repertório do show mesclou temas nos dois idiomas, que conseguiram conviver harmoniosamente ao longo de um show em que o hard rock pesado da banda se mostrou ainda mais intenso.

Sioux 66 é mais uma banda que apresenta um trabalho mais do que consistente e merece um maior reconhecimento. Que venha logo.

Setlist: Paralisia, Caos, Virtual/Realidade, Down the Line, Drowning in My Vault, Aqui Estamos, Diante do Inferno, Seu Destino, Crash, Am I, Rolling Under, Nobody Knows You, Tudo que Restou, Outro Lado, Jaz, Calibre, Drive e In Your Sight.

GENE SIMMONS BAND (Hot Stage)

Por Daniel Dutra

Da euforia à frustração. Do descaso à curtição. De maneira rasa, daria para resumir assim a apresentação de Gene Simmons e sua banda – Brent Woods (guitarra), Jason Walker (guitarra e vocal) e Brian Tichy (bateria e vocal) – no encerramento da primeira noite do Summer Breeze. A expectativa por escutar ‘deep cuts’ caiu por terra antes mesmo de o linguarudo chegar ao Brasil, graças a um show feito numa das filiais do restaurante Rock & Brews, em Ridgefield, Washington (EUA).

Com um setlist lamentável – das 18 músicas, 12 vinham sendo apresentadas pelo KISS em sua turnê End of the Road –, Simmons acionou o modo preguiça ao tocar material composto por Paul Stanley – mas não “God of Thunder”, acredite – e covers absolutamente desnecessários. Para quem esperava ouvir canções do próprio baixista pouco ou nunca antes tocadas ao vivo, e nem mesmo obviedades como “Unholy” e “Domino” marcaram presença, foi um balde de água fria.

Talvez, e aí vamos para o campo da especulação, a opção por clássicos como “Detroit Rock City”, “Lick it Up”, “Love Gun” e “I Was Made for Lovin’ You” – desnecessários num show da, veja bem, Gene Simmons Band – tenha sido para passar a mensagem ‘sabe aquilo que vocês viram com o KISS? Não era culpa minha’, porque Simmons não se furtou de provocar, em diversos momentos, seu parceiro de 50 anos na banda mais quente do mundo: “O que vocês estão vendo aqui são quatro caras tocando de verdade, cantando de verdade”.

Além de também ter sido explícito sobre a não utilização de backing tracks/playback em seu show, é verdade que Simmons não puxou o freio de mão em seu próprio time, e o que se viu e ouviu foi uma banda tocando com o tesão e vontade do KISS na era “Revenge”. Imagine o baixista e vocalista mostrando para Tichy os vídeos de como Eric Singer tocava aquele material e dizendo ‘é para soltar os cachorros, como Eric fazia’.

Sim, isso ilustra bem a performance dos músicos, e no caso de Tichy ainda com o bônus de o batera ser um grande fã de KISS. Ele soltou as mãos, tocando com um vigor de tirar o chapéu, e ainda assumiu o microfone em “Ace of Spades”, homenagem feita ao eterno Lemmy Kilmister – não sem antes Simmons como era amigo de Lemmy e que esteve em seu funeral.

Enquanto Woods marcava presença agitando e tocando os solos originais lindamente nota por nota, mostrando-se um guitarrista completamente diferente daquele que pouco antes havia feito parte do engodo que foi o show do Sebastian Bach, Walker mandava muito bem ao cantar as músicas de Stanley sem querer soar como o Starchild. De fato, uma banda tocando com vontade única e deixando claro que Simmons estava verdadeiramente se divertindo diante de uma plateia que, em sua esmagadora maioria, não estava nem aí por ouvir as mesmices de sempre.

Claro, “Parasite” foi uma bela inclusão, assim como a exclusão de “Weapons of Mass Destruction”, de “Asshole” (2004), segundo álbum solo de Simmons, não magoou ninguém. E foi interessante testemunhar a boa “Are You Ready”, musica que o dono da festa vendeu como ‘nunca antes tocada pelo KISS’, mas que, na verdade, é somente uma das inúmeras demos que ele apresentou e nunca foi considerada pela banda – você a encontra no megalomaníaco “Vault”, box com 11 CDs e 166 músicas lançado em 2017 pelo preço de dois rins.

Com repertório preguiçoso e decepcionante, mas com o público na mão, Simmons e banda faziam um show mais do que correto – mesmo com errinhos aqui e acolá, como o baixista se perdendo em “Cold Gin” e sendo salvo por Tichy – até o desfecho constrangedor, especialmente por conta de “I Was Made for Lovin’ You”. Não bastasse ser desnecessária no setlist, a música contou com a risível participação de Miranda Kassin, e se você estiver perguntando ‘quem?’, acertou.

Ficou na cara que a cantora, e aqui não estou julgando ou analisando o trabalho dela, foi empurrada goela abaixo por alguém. O silêncio ensurdecedor depois que Simmons perguntou se a conheciam foi seguido por uma resposta objetiva do baixista: ‘É, todo mundo quer fazer parte do show business’. Miranda entrou errado na música, não sabia a letra e, involuntariamente ou não, foi protagonista do maior mico do festival.

O encerramento de fato tinha mesmo que ser com o hino máximo do rock’n’roll, e a compensação veio com Simmons chamando várias mulheres e meninas que estavam na plateia para subir ao palco e cantar o refrão de “Rock and Roll All Nite”. O show virou uma festa, quase uma reprodução da capa de “Asshole”, que poderia ter sido melhor, também, se o linguarudo evitasse suas lamentáveis piadas e gracinhas sexistas. No fim das contas, a Gene Simmons Band fez uma apresentação para morder e assoprar.

Setlist: Deuce; Shout it Out Loud; War Machine; Detroit Rock City; Cold Gin; Calling Dr. Love; I Love it Loud; Parasite; Communication Breakdown; Lick it Up; Are You Ready; Ace of Spades; Love Gun; 100,000 Years; Let Me Go, Rock ‘n’ Roll; I Was Made for Lovin’ You; e Rock and Roll All Nite.

BIOHARZARD (Sun Stage)

Por Daniel Agapito

Porradaria. Este é o melhor jeito de descrever a aula em forma de show que o Biohazard deu. Anunciados na terceira leva de bandas, junto de Anthrax, Avatar e Nervosa, a primeira vinda da formação original dos titãs do hardcore, depois de quase 15 anos, certamente era uma das atrações mais esperadas do festival para o público mais chegado ao hardcore e ao punk. Tocando no Sun Stage, no mesmo horário do lendário baixista do KISS, a banda arrematou grande parte do público que havia ido ao Memorial da América Latina para ver música extrema. A noite prometia trazer só a nata dos três primeiros discos da banda, todos incrivelmente bem quistos pelos fãs.

O quarteto formado Billy Graziadei (guitarra, vocais), Evan Seinfeld (baixo, vocais), Bobby Hambel (guitarra) e Danny Schuler (bateria) não hesitou em começar o show já com o clima lá em cima, tocando a faixa-título de seu segundo álbum, a animada “Urban Discipline”, e criando uma grande roda. Com a conclusão desta, o carismático Billy falou uma pérola que resumiu o show muito bem, também mostrando um pouco de seu carisma e seu apreço incondicional pelos fãs brasileiros: ‘Oi, galera. Quem quer dar porrada à noite?’.

Perpetuando a porrada, Seinfeld disse que naquele momento não existia nem preto nem branco, apenas “Shades of Grey”, para o delírio absoluto do público. O Bioharzard seguiu com “Tales from the Hard Side” e “Wrong Side of the Tracks”, fomentando cada vez mais as rodas, mas também constantemente interagindo com o público, deixando os fãs cantarem e agradecendo com um típico ‘oubrigadou’.

O guitarrista não conseguiu se segurar e admitiu com todas as letras que adora o Brasil, até dizendo que alguns de seus filhos tiveram seu casamento em terras tupiniquins, e assim foi recebido calorosamente pelo público. Interagindo ainda mais com a plateia, a banda toda adorava incentivar rodas, ironicamente pregando pela paz depois de certas músicas, alegando certeiramente que o mundo necessita disso, e incentivando também que todos fizessem sinais de paz com os dedos.

Durante a apresentação, a cidade de São Paulo recebeu comparações com o público pela alta criminalidade e riqueza da cena hardcore, dentre outros aspectos, evidenciando não só a situação complicada da capital paulista, como também o quanto a banda realmente gosta do local, chegando até a comparar a cidade com sua cidade natal.

Eles relataram também que, em 1996, durante a primeira turnê da banda por terras brasileiras, a Polícia Federal os mandou voltar para os Estados Unidos e não retornar mais, devido ao alvoroço causado em sua apresentação no Monsters of Rock. Mesmo assim, o Biohazard voltou ao Brasil diversas vezes ao longo de sua carreira, possivelmente arriscando suas vidas.

Era evidente que Seinfeld e Graziadei estavam novamente com uma relação amigável, por conta de sua dinâmica no show. Muitas vezes, ambos faziam papel de alívio cômico, deixando o clima do show bem leve e descontraído, apesar das vertiginosas rodas e temas sérios retratados nas músicas. Tal dinâmica pôde ser vista claramente depois de “Down For Life”, com Billy falando ‘calma, fiquem frios’ aos fãs. Depois, Evan o usou como seu tradutor, pedindo para que a plateia pulasse.

O baixista/vocalista também não segurou certas alfinetadas ao público, pedindo para que o guitarrista/vocalista falasse em espanhol. O mesmo rapidamente negou e defendeu os paulistanos, alegando que estavam no Brasil, país da melhor seleção de futebol. Seinfeld alfinetou novamente, dizendo que a melhor seleção era a da Argentina, com Billy novamente saindo em defesa da seleção canarinho, dizendo que a Argentina não teve Pelé. E mudou de assunto rapidamente, dando o pontapé inicial em “Victory”.

A energia daquela performance e a química entre os membros da banda, não só tocando, mas também interagindo entre eles e com os fãs, eram algo absurdo. Nem parecia que não tocavam juntos há quase uma década e meia. Outro aspecto imperceptível era a lesão de Evan Seinfeld. Durante sua turnê latino-americana, ele rompeu parcialmente seu menisco, por conta de sua presença de palco um tanto enérgica. Não obstante, continuou pulando e correndo pelo palco como se estivesse 100% bem.

Em uma de suas brincadeiras com o público, mais para a parte final do tempo alocado, Evan disse a Billy que de todas as rodas punk da turnê mundial inteira, a do Chile tinha sido a maior e melhor. Antes de iniciar a 12ª música do set, pediu uma roda ‘mais grande’ aos paulistanos. “We’re Only Gonna Die”, música roubada e melhorada do Bad Religion, de acordo com o mesmo, foi dedicada a Supla, ao The 69 Eyes e ao Forbidden, que tocaria no dia seguinte. Defendendo a pátria e a fama do país como um dos melhores públicos não só da América do Sul, mas do mundo, um fã acendeu um sinalizador logo no começo da faixa, ocasionando um ‘Ok, you win’ do vocalista nem 30 segundos depois.

Finalizando com “Punishment”, que viria a ser a penúltima música do set que fecharia aquele primeiro dia de festival, a banda comentou que teria de acabar logo o show, não só pelo tempo do festival estar acabando e pela necessidade de realizar o resto da turnê, que ainda passaria por Argentina e México, mas também porque iria entrar em estúdio para gravar um novo álbum, o primeiro do Biohazard desde 2012 e primeiro da formação original desde 1994, ou seja, em 30 anos.

O show fechou mesmo com “Hold My Own”, faixa do disco homônimo, e, na reta final da música, Billy desceu do palco, ficando nas mãos da plateia, ainda tocando e mostrando o apreço recíproco dos fãs e da banda. Sexta-feira foi certamente dominada pelo hard, começando pelo hard rock e fechando com hardcore.

Setlist: Urban Discipline, Shades of Grey, Tales from the Hard Side, Wrong Side of the Tracks, Black and White and Red All Over, Retribution, Five Blocks to the Subway, How it is, Down for Life, Victory, Love Denied, We’re Only Gonna Die, Punishment e Hold My Own.

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