Por Ricardo Batalha
Fotos: Roberto Sant’Anna
A relação do Skid Row com o Brasil já foi do amor ao ódio de 1992 a 1996, quando o grupo americano implodiu após ser massacrado por parte do público no Monsters of Rock. Agora, em mais um exemplo de ressurgimento de uma banda que estava quase esquecida e era lembrada por glórias do passado, a nova fase do Skid Row, com a presença do vocalista sueco Erik Grönwall (ex-H.E.A.T), não só agradou os antigos fãs como vem conquistando novos seguidores. Assim, logo após a homenagem a Andre Matos no Ice Stage, os hard rockers aguardavam ansiosamente a presença de Grönwall, Dave “Snake” Sabo e Scotti Hill (guitarras), Rachel Bolan (baixo) e Rob Hammersmith (bateria) no Hot Stage.
O Skid Row, que veio ao Brasil pela primeira vez no festival Hollywood Rock em janeiro de 1992 e voltou naquele mesmo ano para fazer mais três apresentações em agosto, começou o set da mesma forma. Assim, como esperado, entraram com a acelerada, agressiva e clássica “Slave to the Grind”. Do mesmo álbum, lançado em 1991, veio “The Threat”.
Pronto, a dúvida estava sanada. Quem teve a chance de ver a performance de Grönwall no H.E.A.T, como no caso deste que vos escreve, já sabia do que ele era capaz. Porém, bastaram duas músicas no Summer Breeze para que todos comprovassem sua competência. Mais que isso, a de que o Skid estava realmente de volta, tocando com a mesma pegada, groove, peso, intensidade e, principalmente, a felicidade dos velhos tempos. E vou além, pois o clamor pelo retorno de Sebastian Bach, após a banda contar com o saudoso Johnny Solinger, Tony Harnell (TNT) e ZP Theart (Tank, Dragonforce), vai se esvaindo. Se naquele mesmo Hot Stage vimos Marc Martel reencarnando Freddie Mercury, Grönwall fez muito bem seu papel de entreter a plateia, agitar e cantar até as notas mais altas gravadas originalmente por Bach. Ele até brincou com o público em certo momento, dizendo em alto e bom som umas palavras que tinha aprendido em português: “Filho da puta”. Brincou também com seus parceiros quando revelou ao público a camiseta por baixo de sua jaqueta com os dizeres ‘Estou cercado de idiotas’.
O homônimo álbum de estreia, lançado em 1989, foi lembrado na sequência formada por “Big Guns” e pelo hino “18 and Life”, uma das mais saudadas do set. Depois, a faceta punk entrou em cena com “Riot Act”, também de “Slave to the Grind”, seguida por outro destaque do debut, “Piece of Me”. Se faltava algo do mais recente trabalho, “The Gang’s All Here” (2022), a faixa “Time Bomb” foi colocada à prova após “Livin’ on a Chain Gang”, mas acabou sendo recebida de forma morna. O panorama mudou com a execução da clássica “Monkey Business”, destacando a bela timbragem das guitarras de Sabo e Hill. Seguindo com outra de “Slave…” que fez muito sucesso no Brasil, nas rádios e na MTV, foi a vez da balada “In a Darkened Room”. Se quisesse, a banda até teria nas mãos outras para dar aquela acalmada no set, como “Wasted Time”, “Quicksand Jesus” e “I Remember You”.
O show estava caminhando para o final quando veio a faixa-título de “The Gang’s All Here”, esta com mais apelo e aquela velha malícia do hard americano. Mantendo a tradição, o encerramento em alta veio com “Youth Gone Wild”, a mais saudada de todo o repertório – entre os músicos, o baixista Rachel Bolan foi o mais ovacionado quando Erik apresentou a banda. Ninguém esperava, mas o Skid Row, que não tocava no Brasil desde 2009, finalmente renasceu e o hard rock mostrou que merece espaço em eventos como este.
Set list – Skid Row:
Slave to the Grind
The Threat
Big Guns
18 and Life
Riot Act
Piece of Me
Livin’ on a Chain Gang
Time Bomb
Monkey Business
In a Darkened Room
The Gang’s All Here
Youth Gone Wild