SYMPHONY X – Tokio Marine Hall (SP)

30 de julho de 2022

notificacoes Roadie Crew 1 de agosto de 2022

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Por Ricardo Bernardo

Fotos: Roberto Sant’Anna

Após dois anos de espera e algumas postergações, o público paulista teve a chance de assistir de perto o show da turnê de comemoração dos 25 anos (quase 27) da banda americana de prog metal Symphony X. Este foi o terceiro show de um total de oito na nova turnê pela América Latina. A última vez que a banda tocou por aqui havia sido em 2016 e, desde então, não lançou mais nenhum álbum. Porém, a promessa de um repertório com músicas de todos os álbuns fez o Tokyo Marine Hall receber um bom público, com alta expectativas para esta noite de muito prog metal.

A primeira a se apresentar foi a Opus V, que está promovendo o álbum Universe of Truths, remixado em 2020 e que trouxe nova arte de capa. A banda é formada por Paulo Lima (vocal), Lucas Araujo (guitarra), Tiago Moreira (baixo), Miguel Muniz (bateria) e Dio Lima (produtor e tecladista), que também tem acompanhado o Angra na atual turnê de celebração de duas décadas de Rebirth. Os músicos começaram o show com Get out of My Way, para um público ainda pequeno que estava adentrando na casa, mas chamaram a atenção pelo peso e técnica apresentada.

Com influências de Dream Theater e refrãos no melhor estilo Evergrey, a banda foi executando suas músicas de maneira competente e sem muita conversa visto que o tempo era reduzido. Com uma presença de palco um pouco tímida de início, ao decorrer da apresentação se ambientaram e conseguiram se movimentar mais entretendo ao público que foi bem receptivo. Ao todo tocaram seis músicas, fechando com A New Empire Rise, seu mais recente single. Deixaram uma ótima impressão e a certeza de que angariaram mais alguns fãs.

“Finalmente concluímos um dos dias que mais esperamos esse ano. Não poderíamos estar mais orgulhosos em dividir o mesmo palco e iniciar a noite de uma de nossas maiores inspirações. Foi um show e uma noite inesquecível. Não poderíamos estar mais orgulhosos do que estamos trilhando. Obrigado a todos que presenciaram nossa apresentação e estão nos apoiando nessa caminhada”, declarou Dio Lima.

A próxima banda foi a Trend Kill Ghosts, que está promovendo o álbum Until The Sun Rise Again (2021), mas também apresentou músicas do seu primeiro trabalho, Kill Your Ghosts (2019). Diogo Nunes (vocal), Rogério Oliveira (guitarra), Fabio Carito (baixo) e Leandro Tristane (bateria), que já acumulam no currículo apresentações com Angra, U.D.O. e Tim Ripper Owens, demonstraram a maturidade da banda quando, após uma pequena ‘Intro’, entrou em ação com Puppets of Faith, mostrando todo seu power metal sinfônico para um Tokio Marine Hall quase lotado.

Rebelion veio na sequência e, com algumas partes guturais, mostrou a versatilidade de Diego nos vocais e de Rogério, que acumula a função de backing vocal e toca guitarra com maestria. A cada música tocada a banda era ovacionada pelo público que talvez não conhecesse todas as suas músicas, mas estava gostando bastante do que presenciava. Para Poisoned Soul, chamaram a ótima vocalista Karina Menasce (AllenKey), que executou com perfeição as partes originalmente gravadas no álbum por Marina La Torraca. A banda ainda iria tocar Phoenix, mas como o tempo tinha acabado fica para a próxima. Ao vivo, as músicas da TKG apresentam muito mais peso e realmente a banda acabou sua apresentação com saldo positivo.

“Foi um momento incrível em nossa carreira. Estrear em um dos palcos mais icônicos de São Paulo, dividindo o palco com nossos ídolos, é uma experiência inesquecível! E o público foi sensacional, nos abraçou do início ao fim, foi uma energia indescritível!”, comemorou o vocalista Diogo Nunes.

Após um pequeno intervalo para arrumar o palco para a apresentação principal, ao som de Iron Maiden nos PAs percebíamos que a casa já estava com toda a Pista Vip e Pista praticamente lotada. Pelo fato de a banda não estender seu show pelo Sul do país, vários fãs de Curitiba e até de Porto Alegre vieram participar do evento. Os presentes começaram a gritar o nome do Symphony X, mostrando que depois de dois anos não queriam mais esperar. E esta ansiedade só acabou quando a banda entrou no palco…. E os músicos foram entrando em sequência – Jason Rullo (bateria), Michael Romeo (guitarra), Michael LePond (baixo), Michael Pinella (teclado) e o vocalista Russell Allen – para iniciar executando Nevermore, que abre Underworld (2015). Esta música possui uma energia empolgante e foi toda canta pelo público, mais intensamente durante o refrão, deixando Russel impressionado.

Emendaram na sequência e sem intervalos, Evolution (The Grand Design), Serpent’s Kiss e Sea of Lies, que teve seu ponto alto com a participação do público nos corais e foi a única do aclamado álbum The Divine Wings of Tragedy (1996). Só então a banda parou para dar boa noite, agradecer pela espera e a presença de todos. Depois, seguiram o show dando uma diminuída na velocidade com a balada Without You e a mais cadenciada When All Is Lost.

Para finalizar a primeira parte tocaram ainda Kiss of Fire, com alguns vocais guturais de Russell; Run With the Devil, com o solo épico demonstrando toda técnica de Romeo e a quase hard rock Set the World on Fire (The Lie of Lies). Após um breve intervalo, a banda retornou para executar The Odyssey, com seus 24 minutos de muita técnica e partes orquestradas, na íntegra. Apesar de a escolha dividir opiniões, pois poderiam tocar outras músicas ao invés de uma tão extensa, The Odyssey teve boa receptividade do público, que interagiu muito com Russell durante toda sua execução. E esta marcou o fim da apresentação, com aproximadamente 1 hora e 30 minutos de show.

Russell Allen é, de fato, a estrela do show. Logicamente que toda a banda é formada por músicos excelentes tecnicamente, principalmente o guitarrista Michael Romeo. De postura de palco simples e sorridente, reproduz ao vivo seus complicadíssimos riffs e solos de maneira tão perfeita que parece até fácil. Mas é Russell que faz a ponte entre público e banda. Dizer sobre sua capacidade vocal é pequeno frente a tudo que faz. É impossível não se deixar impactar pela sua presença de palco, às vezes agindo como maestro da banda e do público. Russell dança nas partes instrumentais ao ritmo da música, por vezes dando socos no ar. Puxa coros e gritos aumentando a interação do público, direciona as atenções para os integrantes quando estão executando seus solos mas, mesmo assim, acaba chamando todas as atenções para si. E fica evidente que até os outros integrantes sentem a mesma admiração pela presença marcante do vocalista. Assim, tudo acaba funcionando como um grande motivador para o Symphony X entregar sua melhor performance.

Agora é acreditar nas promessas do vocalista, que prometeu um novo álbum para breve e outro retorno ao Brasil. Basta aguardar com as lembranças desta noite memorável.