Criada em Balneário Camboriú, a Syn Tz vinha desde 2012 buscando se firmar como uma referência da música pesada no Estado de Santa Catarina. Depois da estreia com o ótimo Heavy Load (2017) e do EP The Quarantine Tapes (2020), o quarteto lança agora Dawn Of The New Dark Ages. A obra mostra que a meta inicial não só está completa, como o grupo é uma realidade para além das fronteiras catarinenses.
Se no primeiro álbum havia um pouco mais de peso e agressividade, marcados por aquela típica euforia de quem inicia uma carreira, agora o quarteto surge mais focado. Após a introdução Wondering Aloud, Voiceless abre a série de oito faixas nas quais Nano Schmidt (voz), John Vormehlen (bateria), Edu Beeck (baixo) e o agora ex-guitarrista Marco Girardi (substituído por Gabriel Hahn) praticam com qualidade heavy metal puro, sem exageros e preocupação de se encaixar em rótulos.
Ainda em 2021, saiu o single The Wraith, com a participação especial de Tim “Ripper” Owens (KK´s Priest, ex-Judas Priest, ex-Iced Earth entre muitos outros). Nele o grupo, que hoje se divide entre Balneário Camboriú e Florianópolis, já indicava que as ambições eram maiores do que ser “apenas mais um” no cenário nacional. E, entre maio e junho deste ano, passando por Alemanha, Países Baixos, Polônia e República Tcheca, os caras deram a prova final: a meta é ir cada vez mais longe.
Na bagagem para a tour europeia, foi também o repertório de Dawn Of The New Dark Ages, criado durante a terrível “pandemônia”. Como nem poderia ser diferente, as letras refletem os tempos cruéis que todos enfrentamos e sofremos, mas ainda não descobrimos todas as consequências. Quer um exemplo?
“Modern society, medieval ways
Raise your mobiles for the new dark age
Same old news again
Same old lies, same old mistakes
Humans never learn
They´ll play with fire until the world
is burn”.
A letra acima, de Until It Burns, que é marcada também por bons riffs, entrega a mensagem da Syn Tz. E as críticas são construídas sem dó, como na pesada Parasites, onde os culpados pelos ataques ao meio ambiente, pelo aquecimento global e por tudo de ruim que afeta a Terra são facilmente identificados:
“Blood is running green
Beneath our maggot skin
Rivers of money flow
Cursing the blood of the world
We are the virus
We are the disease
The planet is infected”.
Mudando para uma nova composição, saiba que Stardust Children é quase uma balada. Mas não pense que a mensagem aqui é de amor ou que a música é daquelas típicas faixas românticas de manjadas estratégias para obter uma hoje quase impossível inserção em rádios FM e assim alcançar fama e dinheiro. O tema é sobre as angústias da humanidade.
O ritmo lento contrasta com a pancadaria de Tears Of Fire, que na sequência surge pronta para fazer a plateia pular e agitar. Ainda que também seja fortemente marcada pela melancolia, falando sobre luto e sentimentos não correspondidos – romance? falta de amor familiar? ausência de legado? falsas amizades? fique à vontade para interpretar!) – Life´s A Story Of Death fecha o álbum de modo magistral.
Concluo a resenha voltando à minha certeza mencionada anteriormente em relação ao preparo da Syn Tz para não cair na mesmice de artistas nacionais e estrangeiros. Os lyric videos lançados paralelamente ao novo trabalho foram criados com ferramentas de inteligência artificial para a criação das animações. Não tenha dúvidas, ficaram ótimos. Que tal outro diferencial? Quem comprar o CD – via Intagram da banda – terá como bônus Gears And Blood, que não está disponível nas plataformas de streaming. Não é fácil se destacar na multidão. Mas vendo a estrada que a Syn Tz vem pavimentando, percebe-se que não é assim tão difícil.