TARJA – SÃO PAULO (SP)

24 de maio de 2025 – Tokio Marine Hall

Por Marcelo Gomes

Fotos: Lucas Cruz

O show de Tarja Turunen no Tokio Marine Hall, em São Paulo, no último dia do evento, foi uma experiência que misturou expectativa, atrasos e momentos épicos, transformando um simples concerto em uma jornada emocional intensa. Originalmente, a noite começaria com um set acústico de Marko Hietala, ex-baixista do Nightwish, que infelizmente cancelou sua participação inicial devido a um mal-estar repentino. Um produtor do show subiu ao palco para fazer o anúncio. Isso já deixou o público apreensivo e ansioso, mas o verdadeiro golpe veio quando Tarja atrasou seu início em 25 minutos, possivelmente por questões técnicas, já que a apresentação contou com orquestra e seria registrada ao vivo. Apesar disso, quando as luzes finalmente se acenderam, o ar estava carregado de energia, e o público – sedento por metal sinfônico e curiosos – estava pronto para mergulhar no mundo operístico e poderoso da finlandesa. Essa entrada tardia, no entanto, apenas aumentou a tensão dramática e a ansiedade, preparando o palco para uma performance que compensou qualquer espera.

Sob o som da orquestra, o show começou com força total assim que Tarja subiu ao palco, abrindo com Eye of the Storm, canção que imediatamente colocou todos sob o feitiço de sua voz impecável e operística. Seguiram-se In for a Kill e Undertaker, músicas que destacaram o lado mais pesado e teatral de seu repertório solo, com arranjos orquestrados que ecoavam pela casa como um vendaval. O público, que lotou a casa, respondia calorosamente, cantando junto. Apesar do atraso, Tarja parecia radiante e conectada, vestida com um traje dramático que reforçava sua imagem de rainha do metal sinfônico. A sequência com Sing for Me, Deliverance, Demons in You e Victim of Ritual evidenciou o motivo pelo qual a cantora é considerada uma lenda: sua habilidade em mesclar potência vocal com nuances emocionais cria uma atmosfera quase mágica, fazendo com que o Tokio Marine Hall parecesse uma catedral sonora.

O segmento acústico trouxe um respiro mais intimista e surpreendente à noite, especialmente com a participação especial de Kiko Loureiro. Assim que anunciado por Tarja, Kiko foi recebido como um verdadeiro rockstar. Eles interpretaram Ovelha Negra, cover de Rita Lee, que foi uma escolha inesperada, ainda mais por ter sido cantada em português, misturando o rock brasileiro com o estilo de Tarja de forma lírica e cativante. O público enlouqueceu com a homenagem, transformando o momento em uma celebração. Em seguida, veio a participação de Marko Hietala que, apesar de ter cancelado o set de abertura, mostrou-se em plena forma em The Crying Moon / Feel for You / Eagle Eye e Higher Than Hope. Essas canções, com seus arranjos suaves e harmonias vocais, tiveram um impacto profundo, como se estivéssemos em nossos quartos desfrutando desse momento. Foi impressionante ver como Hietala, mesmo após o mal-estar, entregou performances poderosas, adicionando sua personalidade às canções.

Voltando ao set regular, o show ganhou um ritmo mais energético com Left on Mars, cover de Hietala que ele cantou ao lado de Tarja, misturando elementos folk com metal. As músicas do Nightwish, como Slaying the Dreamer e Wishmaster, foram os pontos altos, com o público explodindo em coro uníssono – resgatando os dias de glória da banda. Silent Masquerade e I Walk Alone mantiveram a intensidade, com Tarja demonstrando não apenas sua impressionante extensão vocal, mas também uma presença de palco carismática, interagindo com os fãs e até compartilhando histórias breves entre as canções. Não à toa, a cantora recebeu um coro de “Tarja, eu te amo” dos fãs. A química entre Tarja e Hietala estava ótima, mesmo com Marko parecendo um pouco desajeitado apenas com o microfone. Essa parte do show foi como uma montanha-russa emocional, alternando peso e melodia, e o Tokio Marine Hall respondia com uma energia contagiante.

O encore foi o clímax perfeito, começando com Dead Promises, que trouxe um tom mais sombrio e introspectivo, preparando o terreno para o grand finale. Wish I Had an Angel, outro clássico do Nightwish, contou novamente com Hietala, e o dueto entre os dois foi mágico, lembrando os tempos da antiga banda. Encerrando com Until My Last Breath, Tarja entregou tudo no palco; sua voz e sua performance brilharam de forma magistral. O bis curto, mas impactante, deixou o público eufórico e de alma lavada, provando que o show transcendeu qualquer problema logístico.

No final das contas, o concerto de Tarja Turunen no Tokio Marine Hall foi uma mistura audaciosa de metal, música erudita, ópera e emoção. A orquestra trouxe sofisticação enquanto o setlist diversificado homenageou raízes passadas e explorou novos territórios – como o cover brasileiro –, o show destacou a versatilidade de Tarja e sua capacidade de conectar culturas. No que depender da performance inesquecível e da participação apaixonada do público paulista, o registro ao vivo será épico. Para quem não foi, resta aguardar o lançamento dessa noite memorável.

Setlist
Eye of the Storm
In for a Kill
Undertaker
Sing for Me
Deliverance
Demons in You
Victim of Ritual
Ovelha Negra (com Kiko Loureiro)
The Crying Moon / Feel for You / Eagle Eye (com Marko Hietala)
Higher Than Hope (com Marko Hietala)
Left on Mars (com Marko Hietala)
Slaying the Dreamer (com Marko Hietala)
Silent Masquerade (com Marko Hietala)
Wishmaster  (com  Marko Hietala)
I Walk Alone
Dead Promises
Wish I Had an Angel
Until My Last Breath

 

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