Pela segunda vez, o Southern Metal do Texas Hippie Coalition deu as caras por aqui, desta vez mostrando sua nova formação e promovendo o mais recente álbum de estúdio, “Peacemaker” (2012). O Manifesto Bar, por ser pequeno e aconchegante, é um ótimo lugar para presenciarmos shows assim, pois faz com que a apresentação se torne “intimista”, com os músicos a centímetros do público e o contato mútuo é garantido.
A princípio teríamos a banda Mad Old Lady na abertura da apresentação, mas depois da longa espera de mais de duas horas desde a abertura da casa eles simplesmente não compareceram sem dar nenhuma explicação. Então, às 21h15, os texanos do Texas Hippie Coalition entram no palco de forma calorosa. Primeiramente os novos e jovens membros, Cord Pool (guitarra) e Gunnar Molton (bateria), seguido de John Exall (baixista) e por último o grandalhão Big Daddy Rich (vocal), que destoou em cima do pequeno palco. Sabíamos que, recentemente, a banda tinha mudado sua formação, mas o espanto foi à presença de Cord e Gunnar, ambos com menos de vinte anos de idade! O público estava bem agitado e aproximadamente 300 pessoas presentes ovacionaram os americanos da primeira a última música.
O tamanho de Big Daddy Rich assusta numa primeira impressão, mas quando abre a boca demonstra ser uma pessoa extremamente carismática que ama o que faz com todas suas enormes forças e curte cada instante em cima do palco, seja em qual lugar for. John Exall é um caso a parte, a presença de palco, energia, simpatia, carisma e tesão por estar ali é algo fora de série. Seu contato com o público, tanto visual como físico, é único e levanta até defunto com tamanha energia!
Mesclando faixas de todos seus três álbuns, tivemos um show relativamente curto se olharmos o número de músicas tocadas, mas os discursos e brincadeiras que Big Dabby e John faziam no palco descontraíram alegremente todos e cativaram de forma ímpar, sendo impossível criticá-los pela falta de mais músicas.
Logo no início da apresentação, com “Hands Up”, notamos que a guitarra de Cord Pool estava muito baixa e com pouquíssima distorção, perdendo e muito aquele peso ensurdecedor que ouvimos nos álbuns de estúdio, mas isso não atrapalhou em nada já que Cord dá conta muita bem do recado. A idade não significa nada e, tanto Cord como Gunnar se mostraram ser excelentes músicos, cheios de garra e ao mesmo tempo susto ao ver a enorme interação e recepção do público.
Segui-se com “8 Seconds” e “Texas Tag”, sendo essa última introduzida com muitos risos como sendo uma música escrita não para mãe nem para os filhos de Big Daddy, que os amava muito, mas sim para seu caminhão que tanto adorava.
A emocionante semibalada “Trouble Sometimes” foi uma grata surpresa e mexeu com os sentimentos de todos presentes com a estupenda performance de Big Daddy. O timbre de sua voz é algo único e nessa música, especificamente, ele consegue alternar vocais ferozes com outros totalmente suaves.
Um dos pontos mais emocionantes de toda a apresentação dos texanos foi um discurso de Big Daddy onde ele disse que nunca tinha chorado em cima de um palco, mas que na primeira vez que veio ao Brasil, em 2011, o público presente cantando sua música o fez cair em lágrimas e foi prontamente aplaudido por todos.
Após todas palmas, Big Daddy pegou no chão uma garrafa de uísque, deu umas belas goladas e disse que aquilo poderia salvar a vida de alguém naquela hora, dando de presente para os mais afortunados que estavam grudados ao músico. Com isso “Whiskey Burn” estremeceu os alto falantes, e enquanto a música se desenrolava a garrafa era passada de mão em mão, e até chegou a quem vos escreve.
Outro destaque foi na música “Turn It Up”, que teve a presença mais que especial de uma dançarina de pole dance, que se apresentou conjuntamente com os músicos de forma muito sensual. Obviamente que, naquela hora, os celulares e máquinas fotográficas quase que quintuplicaram. No final a dançarina ainda levou um belo tapa de Big Daddy na bunda.
Muitos elogios de Big Daddy a todos presentes, produtores e amigos eram feitos de coração e a emoção estampada naquele rosto barbudo como um homem das cavernas coberto pelo inseparável chapéu era visível!
Na sequência tivemos “Outlaw” e a excelente “Damn You To Hell”, que foi muito bem recebida por todos que cantava cada verso e pulava desenfreadamente junto com as levadas da cozinha de John e Gunnar. Ao final a banda agradeceu os fãs e saiu do palco. Obviamente todos sabiam que o show não tinha terminado e após poucos minutos de espera voltaram para o bis com “Don’t Come Lookin'” e a magistral “Pissed And Mad About It”, essa última colocando o Manifesto Bar no chão, com direito a “show particular” da enorme barriga de Big Daddy!
Com o final da apresentação, o show não terminou propriamente dito, sendo que prometeram que voltariam em breve para mais uma dose de uísque com os amigos brasileiros. Dito e feito, todos com uma simpatia e humildade fora de série desceram e atenderam o público ainda presente com autógrafos, fotos, abraços e etc.
Um adendo pessoal do autor vai para John Exall. Eu, em quase trinta anos ouvindo Rock/Metal conheci milhares de músicos, produtores, artistas, jornalistas e etc, mas jamais tinha conhecido uma pessoa como John. A simpatia e paixão por fazer questão de conhecer e conversar com cada um dos presentes como se já o conhecessem há muitos anos foi algo digno de nota. E tal atitude se estende para os outros membros da banda que se mostraram pessoas fantásticas.
Set list:
Hands Up
8 Seconds
Texas Tags
Troublesome Times
Whisky Burn
Turn It Up
Outlaw
Damn you to hell
Don’t Come Lookin
Pissed Off and Mad About It