Por: Di Olive
Respeitável público: o Circo do Punk 77 inglês voltou a São Paulo! Três anos após sua última vinda, a banda The Adicts esteve de volta à Capital Paulista para realizar mais um espetáculo musical e visual. Antes, por volta das 20h30 as cortinas do Carioca Club, casa de shows da Zona Oeste da cidade, se abriram para os paulistas dos Os Excluídos. Seu vocalista, Ronaldo Lopes, começou a noite com a seguinte frase: “Vocês entraram mesmo? O Adicts é só 22h hein? (risos)”. Entre risadas e algumas palmas tímidas do público que já se fazia presente, a banda começou seu show. Um punk rock simples e direto, com mensagens hora reflexivas e melancólicas, hora positivas e suaves. Apesar de ter menos da metade capacidade da pista, havia um público fã da banda agitando e cantando junto. O som da guitarra de André Larcher estava razoavelmente baixo, mas os caras não fizeram feio e os jovens fãs da banda se animaram em vê-los na abertura. No meio do show houve uma pausa para algumas palavras sobre a data do Dia Internacional da Mulher, passando uma mensagem consciente de respeito e apoio.
O show terminou às 21:25 e o público aos poucos começou a carregar o local para a atração da noite. O horário marcado era exatamente as 22h e entre as músicas da discotecagem e a fumaça típica de shows saindo por baixo da cortina do palco, às 22h12, ao som da “Sinfonia 9, Op 125” (clássico do filme “Laranja mecânica”), entram em palco Keith “Monkey” Warren (vocal), Pete “Pete Dee” Davison (guitarra), Hihko Strom (guitarra), Michael “Kid Dee” Davison (bateria) e o baixista Kiki Kabel, que substitui Davey Menza, impossibilitado de tocar após sofrer um acidente de carro ano passado. E com essa formação, iniciou-se o show do The Adicts com “Let’s Go”, seguida de “Joker in The Pack”. Por tradição, na execução dessa música são atiradas cartas de baralho ao público, que pulava pra pegar enquanto o seu frontman, Monkey, as jogava cantando e sorrindo, trajando suas roupas brancas em alusões ao circo clássico, completadas com o colorido dos confetes do palco.
A banda tocou um clássico atrás do outro, com fôlego de adolescentes, mesmo com seus mais de 40 anos de estrada, mas a performance de Monkey se destaca somadas às execuções impecáveis de todos, fazendo o público se maravilhar do começo ao fim com “Horrorshow”, agitando muito em “Numbers”, além de se emocionar com “I am Yours” e “Angel”.
Toda a composição teatral do palco, de cores, fitas, confetes, etc, transformam o show da banda numa experiência única mesmo para quem não vê a banda pela primeira vez. Tudo é pensado para levar mais que uma simples apresentação musical a todos os presentes. Desde o guarda-chuva com luzes de “Singing in the Rain” até “Who Split My Beer?”, na qual Monkey coloca duas latas de cerveja para uma “mágica” e realiza o tradicional banho de cerveja para quem está mais próximo ao palco.
“My Baby Got Run Over by a Steamroller”, “You’re All Fools”, “Crazy” não poderiam faltar e lá estiveram para não deixar ninguém desanimar por um só minuto durante todo o show.Foi interessante observar a forte presença feminina no público, mesmo mais timidamente. Era possível vê-las agitando e dançando tanto quantos os homens e dando a entonação no coro em “Bad boy”.
Bolas de plásticos aquáticas são jogadas no público, dando mais tom ao divertimento que a banda já promove com seu circo punk. Conforme o fim do show se aproximava, não desanimaram e continuaram e jogar rolos de fitas no teto e não terminariam sem executar seu maior hit “Viva La Revolution”. Apesar de ser notável que o som da guitarra de Pete estava baixo, isso não chegou a atrapalhar quem via de pontos mais próximos do palco.
Em gritos de protesto político, a banda parou para escutar, agradeceu e, no silêncio, tivemos a dona da letra mais emocionante de todas: “You’ll Never Walk Alone”. Monkey ergueu ao alto uma bola de plástico enorme em formato coração e entre choros e abraços do público, finalizaram o show naquele clima de fim de série de comédia americana, com todos sorrindo e cantando juntos.
Uma apresentação do The Adicts é um exemplo de como uma banda consegue encantar no palco, dando um show de alegria ao Punk Rock.
Agradecimentos especiais ao fotógrafo Daniel Silva por conceder as imagens!