Este foi um domingo para relembrar diversas gerações do Rock dos anos 90 em termos de atrações internacionais. Em um canto da cidade, Linkin Park e o show do novo disco, “Living Things”. Em outro, o neo gótico do Evanescence. Se não tinha como se dividir em dois (e nem gastar quase 500 reais nos ingressos), quem optou pelo Espaço das Américas se deu bem. A tour de retorno ao Brasil trouxe Amy Lee & Cia. numa situação diferente do estrondoso sucesso daquele auge dos 90/2000. Suas músicas estão em poucas programações esporádicas de estações de rádio, as mídias de divulgação são outras e, da parte deles, alguns quilinhos a mais e um disco de estúdio – o barulhento e homônimo terceiro álbum de estúdio lançado em 2011.
A expectativa do público era enorme por um show solo, extenso e não só pela volta desde a última apresentação no “Rock in Rio”, também em 2011. Além da divulgação dos novos sons, os fãs queriam ouvir da boca dos próprios que era mentira o anunciado hiato que vão fazer ainda este ano e sem previsão de retorno. Os dias anteriores ao show de São Paulo foram recheados de listas de exigência, histeria e troca de declarações de amor entre fãs e banda que enfatizou ser o brasileiro,um dos melhores públicos deles.
Uma fila gigantesca tomava conta dos arredores do EDA. Embora a maioria obviamente estivesse lá por causa da banda principal, muitos também foram lá para rever o The Used que também tem um bom número de fãs por aqui. E quem os acompanha desde o extinto festival ABC Pró HC sabe que os caras já causaram cenas memoráveis no palco além de uma performance explosiva. E por estar algum tempo sem dar as caras, desde essa primeira passagem por em 2007, era necessário ver se na atitude ao vivo, pelo menos, tudo continuava igual.
Diferente, de cara, foi a quantidade de discos lançados, praticamente um a cada ano, sendo o mais recente, “Vulnerable” (2012). E foi a cusparada, a interpretação visceral do vocal Bert McCracken, além da lista de hits como “The Taste of Ink”, “I Caught Fire” e “Pretty Handsome Awkward” que deram a mistura certa para os quase 40 minutos de show, dominando o gigantesco palco. Apesar de toda a ansiedade, o público, em sua maioria, muito mais interagiu e curtiu do que achou que fosse uma agonia interminável antes do que realmente interessa. E para os fãs que esperam por shows solos dos caras, eles disseram que voltam em breve.
Com Linkin Park e Evanescence praticamente simultâneos, o pré-show de ambos era comentado a cada segundo nas redes sociais e, não a toa, antes, durante e depois dominaram os Trend Topics, popular TT’s no Twitter, além de números de comentários e likes no Facebook e postagem no Instagram, Foursquare e afins. Outro ponto de “discussão” era se o set seria o mesmo que nos shows mais recentes, especialmente o do Rio de Janeiro, ocorrido na noite anterior e com transmissão ao vivo pela Internet, via Terra. E, começando daí a surpresa, o Evanescence não foi óbvio. Apesar de “What you Want” ser do disco mais recente, algumas outras faixas do set foram bastante inesperadas.
Com um figurino saia de bailarina, muita purpurina pelos braços e uma performance teatral, de entrega, tão sinceramente de alma que faz a vocalista levar e ficar às lágrimas em alguns dos momentos mais calmos, mas não menos histéricos, do show. Certo tipo de detalhe que o telão duplo encurtava a distância dos fãs que lotavam o quase total Espaço das Américas.
O álbum mais recente foi o que teve mais sons executados, caso de “Lost in Paradise”, “The Change” e “Oceans”, mas clássicos como “Going under”, “Call me when you’re sober” e “Lithium” com Amy nos teclados, não faltaram. Além da emoção, Amy falou em vários momentos do show, sobre como é bom estar de volta, de como eles tem um carinho especial pelo público daqui e, inevitavelmente, da parada que a banda está determinada a fazer em breve. A presença de “Lacrymosa” e de “Imaginary” foram duas boas surpresas feitas, declaradamente pela banda, exclusivas para os fãs daqui.
A primeira parte encerrou com o máster hit “Bring me to Life” cantada em uníssono e ares de hino nacional, tamanha a devoção. Outra das surpresas foi deixada para o bis. “Disappear”, uma das novas pouco executada ao vivo, ganhou apresentação especial e com um coro pedido por Amy. O set de uma hora e meia foi encerrado com “My Immortal”. Parando por um tempo ou em definitivo, com o retorno especialmente que tem dos fãs daqui e novamente comprovado neste show, o Evanescence sabe que deixou sua marca de alguma forma. Mesmo para os mais jovens que acham que essa história do Rock começou ali, com eles, naquela metade dos anos 90.
Set list:
What You Want
Going Under
The Other Side
Weight of the World
Made of Stone
Lithium
Lost In Paradise
My Heart Is Broken
Whisper
Oceans
The Change
Lacrymosa
Call Me When You’re Sober
Imaginary
Bring Me to Life
Disappear
My Immortal