Texto: Thiago Prata
Fotos: Denilton Dias
Como é bom – e merecido para os amantes de heavy metal – conferir shows de bandas de qualidade, com a programação sendo respeitada (você vai entender mais abaixo), um público de braços abertos para as atrações da vez e um local com instalações e espaço adequados para um evento da música pesada. E bota pesada nisso! Sem dúvida, a noite de 9 de agosto, uma quarta-feira, no Caverna Rock Pub, foi marcante para quem teve a oportunidade de usufruir da magia emanada pelos islandeses do The Vintage Caravan e pelos mineiros do Pesta e da Tantum.
O primeiro a subir no palco foi a Tantum. Nascido em 2019, guiado por uma mistura de heavy, hard e doom e formado por Chervona (vocais, flauta e teclados), João Brumano (guitarra), Laer Aliv (baixo) e Pedro Cindio (bateria), o grupo abriu os trabalhos momentos antes do horário previsto, que seria às 19h25, e logo de cara já evidenciava alguns pontos: grande energia, carisma junto ao público, ótima execução de suas canções, visual glam/dark e um lado teatral que dava um charme a mais, com direito a uma guilhotina. No repertório, músicas de seu debute, Turning Tables (2022), com destaque para as cativantes New World, Wicked Spirit e Roulettenbourg Roulette.
Há de enfatizar ainda o quanto Chervona impressiona, seja por sua voz (incrível, diga-se de passagem!), por sua performance ou pelo potente discurso feminista antes de Prophecy in Ashes. E também o fato de os integrantes do Vintage terem assistido grande parte da apresentação de cerca de 40 minutos.
A seguir, outra banda belo-horizontina, o Pesta, que vem ganhando bastante terreno em Minas e em vários outros cantos do país. E não é para menos. O quarteto composto por Thiago Cruz (vocais), Marcos Resende (guitarra), Anderson Vaca (baixo) e Flávio Freitas (bateria) evoca um peso absurdo ao vivo (até maior que o que apresenta nos discos Bring Out Your Dead, de 2016, e Faith Bathed in Blood, de 2019) com seu doom/heavy à la Black Sabbath. Às 20h15 (bem pontuais!), iniciaram sua avalanche de metal de pouco mais de 40 minutos, hipnotizando os presentes, incluindo (assim como na Tantum), integrantes do Vintage Caravan.
O baixista da banda islandesa, Alexander Örn Númason, chegou a gravar um trecho do show e a bater cabeça enquanto o Pesta estava sobre o palco. E por falar em palco, Thiago Cruz demonstrava o porquê de ali ser seu “habitat natural”. O frontman é daqueles que, como dizem por meio clichês, “tem o público nas mãos”. E aí vem uma constatação: com bandas como Pesta e Tantum e vocalistas como Thiago e Chervona, o metal contemporâneo em BH “vai muito bem, obrigado!”.
Chegava o momento de o Vintage Caravan também cravar seu lugar naquela quarta-feira. Às 21h15, o trio islandês de stoner/heavy/hard – com Alexander, o vocalista e guitarrista Óskar Logi Ágústsson e o baterista Stefán Ari Stefánsson – iniciava sua nova turnê em solo brasileiro com um showzaço de quase uma hora e meia de duração, músicas executadas com maestria e sinergia com o público. Canções como Crystallized e Hell, do mais recente álbum, Monuments (2021), esbanjaram classe e energia – impressionante a empolgação e o entrosamento dos três integrantes.
Já considerada um hit, On the Run, do disco Gateways (2018), foi recebida com muita festa pelo público, que ainda vibrou com um trecho de Raining Blood, do clássico Reign in Blood (1986), do Slayer – e vou te falar que o Vintage mandou superbem nesta homenagem, findada antes do início da primeira estrofe da música.
O encerramento veio em alto estilo com Midnight Meditation, de Voyage (2014). Não apenas o grand finale de um ótimo show, como de um ótimo evento. Sem contar que os integrantes de todas as bandas tiraram fotos e conversaram com vários espectadores como se todos fossem da mesma família. E éramos. São eventos assim que podemos chamar a todos de “família do metal”.
