THE WHITE BUFFALO – SÃO PAULO (SP)

Redacao RC
11/12/2024

6 de dezembro de 2023 – Terra SP

Por Nelson Souza Lima

Fotos: Andre Santos

Finalmente após anos de espera The White Buffalo, nome reverencial do folk rock, fez sua estreia em solo brasileiro. O violonista/vocalista/letrista Jake Smith é o cara que percorre o país com a Latin America Tour 2024 e que segue depois para Chile e México. Organizada pela Powerline Music Books a turnê, além de São Paulo, passa por Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR).

Enquanto o Iron Maiden tocava no Allianz Parque com milhares de fãs batendo cabeça, o Terra SP, na zona sul de São Paulo, recebia um show mais simples, sem decibéis altíssimos, toneladas de instrumentos ou pirotecnias cênicas. Acompanhado por Christopher Hoffee (baixo, teclado e guitarra) e Matt Lynott (batera) Jake Smith e The White Buffalo mostraram um show minimalista, no qual a música foi protagonista, sendo empolgante e inesquecível.

Os shows do trio no Brasil estão muito concorridos, pois Smith tornou-se conhecido pelas muitas canções que integram trilhas sonoras de séries americanas, como “Sons of Anarchy”, “Californication” e “This Is Us”. Suas músicas e sua longeva discografia abordam temas como solidão, perdas, resiliência, esperança e recomeço. Mas, acima de tudo, não falam para determinado nicho, é para pessoas que ele se dirige, e isso ficou claro no público heterogêneo que lotou o Terra SP.

Bangers com camisetas pretas estavam presentes. Era possível ver estampas de Metallica, Anthrax, Nirvana e AC/DC. Os motoclubistas e suas bikes, assunto recorrente de White Buffalo, também estavam lá, além de uma galera que curte o som country americano com chapéus de caubói. Público mais eclético impossível, uma vez que o americano visa emocionar a alma, algo que todos temos. Jake Smith tem sua obra influenciada por Bob Dylan, Leonard Cohen, Tom Waits e Johnny Cash e, assim como eles, integra uma turma de artistas raros.

O show em São Paulo começou pontualmente às 22h e o público, impaciente até então, foi ao delírio quando as luzes se apagaram e o telão ao fundo do palco mostrou o nome da banda. Smith entrou sozinho, foi ovacionado e ganhou a plateia mandado apenas com voz e violão Wish it Was True, do álbum Once Upon a Time, de 2012. Em seguida, Hoffee e Lynott assumiram suas posições para desfilar mais de +20 canções que abordaram toda a discografia da banda.

O mais recente trabalho do The White Buffalo, A Freight Train Through the Night (2024) contribuiu com Love Song #1, Into the Sun, Highwayman, conhecida mundialmente na voz de Johnny Cash, e Oh, Darlin what I Have Done, que encerrou o show.

Durante quase duas horas, o trio mostrou uma harmonia única. Matt Lynott toca batera com técnica e precisão, além de ser muito simpático e sorridente. Já Christopher Hoffee é um dínamo que vai de um canto ao outro do palco agitando, chamando a plateia e mandando solos e riffs muito competentes. Dessa vez o músico não tocou contrabaixo em nenhuma música, apenas intercalou guitarra e teclados, além de fazer backing com muita segurança para a voz principal de Jake Smith.

Minimalismo também marcou a conexão com o público. Smith cumprimentou a galera e depois se limitou a dizer que era um prazer estar no Brasil pela primeira vez, além de apresentar os parceiros de banda e dizer o quanto são talentosos. Mas o que importava é mesmo a música e a galera ouviu o que queria. O setlist trouxe Kingdom for a Fool e Come on Come up Come Out, de Year of the Dark Horse (2022), e Set My Body Free, This Year, Joe & Jolene e The Whistler, de Shadows, Greys & Evil Ways (2013), entre outras.

Talvez os pontos mais altos do set tenham ficado para a clássica The House of the Rising Sun, do Animals, regravada por Jake Smith em 2011 para a série “Sons of Anarchy”, e a bela balada The Observatory do álbum Darkest Darks, Lightest Lights (2017). Ambas foram cantadas pela plateia a plenos pulmões, mostrando o quanto os fãs estavam empolgados. A todo momento Smith pedia para baterem palmas e era atendido prontamente. Já passava das 23h30 quando Oh Darlin’ what I Have Done” encerrou um dos shows mais legais que passaram por São Paulo este ano. Mostra clara que valeu a pena esperar. Ao final do show, Hoffee jogou o setlist para os fãs, além de descer do palco e tirar fotos. Lynott jogou algumas baquetas para os felizardos que estavam mais próximos, esbanjando carisma. Noite para lavar e emocionar a alma.