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THE WINERY DOGS & STONE TEMPLE PILOTS – Rio de Janeiro (RJ)

Enquanto entrada, prato principal e sobremesa seriam servidos em São Paulo, na primeira edição brasileira do festival alemão Summer Breeze, algumas poucas cidades do Brasil receberam o aperitivo chamado Summer Tours. No Rio de Janeiro, o público foi agraciado com o combo formado pela dupla Stone Temple Pilots e The Winery Dogs, que ganharam de última hora a companhia do Velvet Chains, numa adição à noite que serviu apenas para aumentar os casos de meritocracia sendo falácia.

Formada por um brasileiro (o guitarrista Larry Cassiano), dois chilenos (o vocalista Ro Viper e o baixista Nils Goldschmidt) e dois americanos (o guitarrista Burton Car e o baterista Jason Hope), a banda radicada em Las Vegas, nos Estados Unidos, subiu ao palco quando ainda havia pouca gente na casa, mas quem chegou depois não perdeu nada. O Velvet Chains tem um som calcado no rock alternativo e, especialmente, no grunge, mas seria da Série D do movimento nascido em Seattle e que tomou conta da música nos anos 1990.

Velvet Chains
Burton Car, Ro Viper, Larry Cassiano e Nils Goldschmidt (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

Olhos mais atentos podem, sim, fazer a associação Velvet Revolver + Alice in Chains na composição do nome do quinteto, que reforça isso tanto na música – com as tentativas fracassadas de soar pesado – quanto no visual – Goldschmidt é um cosplay de Duff McKagan, por exemplo. Acredite, não é nada agradável escrever uma resenha como esta, mas as oito músicas do setlist foram um martírio auditivo, culminando numa versão de “Suspicious Minds” que deve ter feito a ossada de Elvis Presley se contorcer no túmulo.

Vá lá que os músicos tenham mostrado animação e simpatia, mas isso no máximo minimizou a performance de Viper, cuja voz beirava o insuportável sempre que cantava com a voz mais rasgada – o que aconteceu na esmagadora maioria dos versos e refrãos das canções, daí para você tem uma ideia… Enfim, sempre tem quem goste, e pode ter tido quem curtiu a ponto de agora estar acompanhando o Velvet Chains. Mas tem até quem beba urina acreditando que faz bem para a saúde.

The Winery Dogs
Billy Sheehan e Richie Kotzen (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

Foi apenas uma coincidência, obviamente, mas parece que o The Winery Dogs quis começar a aplacar o sofrimento anterior antes mesmo de iniciar seu show, afinal, a dobradinha que rolou antes no PA – “We’re an American Band”, do Grand Funk Railroad, e “Atomic Dog”, de George Clinton – foram um colírio para os ouvidos. E quando Richie Kotzen (guitarra e vocal), Billy Sheehan (baixo) e Mike Portnoy (bateria) começaram com “Gaslight”, a expressão “sem dor, sem ganho” fez todo sentido. Mesmo com um som alto demais, que muitas vezes embolava os instrumentos, o trio fez uma apresentação impecável passando por todos seus três discos.

Melhor ainda, fez o que toda banda deveria fazer: mostrar que o lançamento de um novo trabalho não é apenas pretexto para sair em turnê. “Gaslight” e “Xanadu” – que já virou um dos hits do Winery Dogs, vide a recepção do público – abriram os serviços mostrando o que todos que conhecem o grupo já sabem: no palco havia três dos melhores e mais criativos músicos do mundo, sendo que Kotzen está noutro patamar artístico. Um muito mais elevado que seus pares – toca, canta e compõe num nível de excelência para poucos.

The Winery Dogs
Mike Pornoy (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

É Kotzen quem serve de maestro para o trio, que faz jams de tirar o fôlego, exatamente o que aconteceu em “Breakthrough”, numa amostra de que os improvisos são tão improvisados que não há música específica para isso acontecer: basta o guitarrista olhar para Sheehan e Portnoy para começar o “e lá vamos nós!”. Neste caso, o que esses caras fizeram em cima do palco foi desumano, assim como em “Stars”, na qual o show foi particular de Kotzen, que estendeu a canção com um solo de cair o queixo até de quem tem ciência de sua genialidade.

Mais duas das dez faixas de “III”, lançado em fevereiro deste ano, foram apresentadas: a maravilhosa “Mad Word”, que poderia facilmente estar em alguns dos melhores discos de Kotzen em carreira solo, e a empolgante “The Red Wine”, com cara mais de banda, mesmo. No total, seis músicas novas num repertório de 13, fazendo com que o trio escolhesse a dedo o que pinçar de “The Winery Dogs” (2013) e “Hot Streak” (2015).

The Winery Dogs
Richie Kotzen (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

Com seu groove irresistível, a faixa-título do segundo álbum mostrou mais uma ser um veículo para Portnoy brincar de tocar bateria, parecendo ser fácil os detalhes e licks tão bem encaixados no tempo da música. Isso logo depois de os três mandarem uma poderosa versão do delicioso hard rock “Captain Love”, com seu riff e linhas de baixo de primeira linha. E coube a “Oblivion”, um arregaço instrumental, se enfiar de modo especial na trinca que saiu do disco de estreia.

A bonita “I’m No Angel” colocou os fãs para cantar o refrão antes de a já citada “Oblivion” voltar a, digamos, acelerar o ritmo para o desfecho até óbvio do show com os dois primeiros hits grudentos do The Winery Dogs: “Desire” e “Elevate”, principalmente esta última, uma obra-prima do hard rock que, ao vivo, ilustra como o trio tem o dom de colocar a técnica apurada a serviço da canção – Portnoy não poupa o uso de pedal duplo em licks com caixa, tom e surdo; e são de um talento ímpar as intervenções do Sheehan, com ou sem as partes dobradas com Kotzen, cuja inserção de uma guitarra funkeada antes do solo é cereja musical do bolo.

The Winery Dogs
Billy Sheehan (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

O deleite só não foi maior por causa do som alto além do necessário, mas o melhor da terceira passagem do The Winery Dogs pelo Rio de Janeiro foi o resultado: quem foi única e exclusivamente pelo trio saiu extasiado, enquanto os marinheiros de primeira viagem, aqueles que compareceram pelo Stone Temple Pilots, foram para casa impressionados com a novidade que presenciaram.

Ainda havia um interseção no público, que aquela altura ocupada em bom número um Vivo Rio cuja parte de trás foi escondida por um grande pano preto – recurso para melhorar o visual da casa quando a venda de ingressos não foi a esperada ou a que deveria ter sido. Isso pouco importou para a audiência coluna do meio, a que curte tanto The Winery Dogs quando Stone Temple Pilots, que entregou exatamente o que ela esperava, que queria ouvir.

Resumindo: das 16 músicos do repertório, nada menos que 12 foram dos dois primeiros discos, “Core” (1992) e “Purple” (1994), e somente uma representou a fase com o vocalista Jeff Gutt, “Meadow”, de “Stone Temple Pilots” (2018) e que serviu para que mesmo os fãs da banda californiana fossem ao bar pegar uma cerveja ou ao banheiro tirar água do joelho.

Stone Temple Pilots
Dean DeLeo (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

Ironicamente, o problema reside justamente aí. Apesar de os irmãos Dean (guitarra) e Robert DeLeo (baixo) e do batera Eric Kretz serem integrantes originais, o Stone Temple Pilots tem a aura de uma banda cover exatamente porque não consegue sair da sombra do falecido Scott Weiland. Não apenas musicalmente, o que não seria um problema, na verdade, mas principalmente no aspecto visual, já que Gutt encarna Weiland de uma maneira desnecessariamente teatral, afinal, não estamos falando da imagem de personagens como Spaceman ou Catman.

Antes fosse apenas a voz, como fizeram Journey, com Arnel Pineda, e Kamelot, com Tommy Karevic. Não. Os trejeitos vocais são acompanhados dos movimentos corporais, da roupa, do cabelo descolorido… É tudo tão exageradamente copiado que Gutt transmite zero personalidade, e a impressão que fica é que o Stone Temple Pilots só existe para fazer aflorar num certo número de pessoas as lembranças dos anos 1990 que foram embaladas pela sua música.

Stone Temple Pilots
Jeff Gutt (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

No fim das contas, foi para isso que serviu “Plush”, o desejo do quarteto de soar como Pearl Jam que acabou se transformando na favorita da maioria dos fãs. Porém, sejamos honestos sempre: há material muito melhor que “Plush”, casos de “Big Bang Baby”, uma das duas canções representantes de “Tiny Music… Songs from the Vatican Gift Shop” (1996), e “Big Empty”, que rendeu uma rápida e justa homenagem de Dean a Tom Jobim – nem mesmo “Still Remains”, dedicada a Weiland, foi tão simbólica.

Além disso, “Interstate Love Song” e “Sex Type Thing”, que acompanhou “Piece of Pie”, foram outros dos poucos momentos que se desvencilharam do clima protocolar da apresentação de uma banda que se acomodou com o passado a ponto de só olhar para trás ao dar qualquer passo para frente. E uma apresentação inesquecível ou incrível somente para o fã de Stone Temple Pilots que não assistiu ao grupo em 2010, no Circo Voador.

Stone Temple Pilots
Robert DeLeo, Eric Kretz (encoberto), Jeff Gutt e Dean DeLeo (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

Setlist Stone Temple Pilots
Wicked Garden
Vasoline
Big Bang Baby
Down
Meadow
Silvergun Superman
Still Remains
Big Empty
Plush
Interstate Love Song
Sin
Crackerman
Dead & Bloated
Trippin’ on a Hole in a Paper Heart
Bis
Piece of Pie
Sex Type Thing

The Winery Dogs
Billy Sheehan, Mike Portnoy (encoberto) e Richie Kotzen (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

Setlist The Winery Dogs
Gaslight
Xanadu
Captain Love
Hot Streak
Breakthrough
Time Machine
Stars
Mad World
The Red Wine
I’m No Angel
Oblivion
Desire
Elevate

Velvet Chains
Burton Car, Nils Goldschmidt e, ao fundo, Jason Hope e Ro Viper (Foto: Daniel Croce/Roadie Crew)

Setlist Velvet Chains
Wasted
Back on the Train
Pass the Disease
Suspicious Minds
Can’t Win
Eyes Closed
Last Drop
Tattooed

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