Percalços, incertezas com gravadoras e mudanças de formação são motivos para muitos grupos entrarem em hiatos ou encerrarem as atividades. Mas não para o trio paulista Torture Squad, que há mais de duas décadas brinda os fãs de música pesada como uma das melhores bandas de Death/Thrash do país. Sem puxar sardinha, o grupo formado hoje por André Evaristo (vocal e guitarra), Castor (baixo e vocal) e Amilcar Christófaro (bateria) buscou motivação nas mudanças de formação e assim lançaram um trabalho forte e poderoso, chamado Esquadrão de Tortura, lançado em 2013, cujo tema foi o regime militar que o Brasil era governado entre 1964 e 1985.
Para celebrar a boa fase, a banda promoveu no sábado (20) um momento especial em sua carreira: a gravação do seu novo DVD, “Coup D’Etat Live”. O local escolhido foi o tradicional Blackmore Rock Bar, recanto da galera paulistana, localizado na região de Moema e que, pelo formato intimista, mostrou ser uma excelente escolha para imortalizar esta apresentação.
Antes do trio, a noite contou com as bandas Alkymenia e Sangrena, sendo que a última deu início as atrações musicais da noite às 22h. Donos de um Death Metal que une momentos variados e muita brutalidade, o quarteto formado por Luciano Fedel (vocal e baixo), Fabio Ferreira (guitarra), Gustavo Bonfá (guitarra) e Alan Marques (bateria) brindou o pequeno público com músicas do seu CD, “Blessed Black Spirit”, de 2009. Os destaques do curto set do grupo ficaram para a trabalhada “The Ninth Prophecy”, a mórbida faixa-título e os climas quase Doom de “Cursed by Revenge”, que deixaram um gosto de quero mais, devido ao curto set de meia hora.
Igualmente pesados, mas mesclando o Death com o Thrash, o Alkymenia é um grupo que pode cair nas graças de fãs de música pesada, desde que os mesmos tenham vontade de conhecer novos grupos. Oriundo de Caruaru (Pernambuco), o trio formado por Lalo (baixo e vocal), Sandro Silva (guitarra) e Denis Kreimer (bateria), agradou os presentes, que nessa altura já estava em um número maior. Principalmente pelo entusiasmo do vocalista e em especial do baterista, que possui um estilo inspirado em caras como Tommy Lee (Mötley Crüe), Paul Bostaph (Slayer) e Dave Lombardo, ou seja, com muita técnica, precisão e irreverência. Músicas como a cadenciada “Carnal Desire”, a variada “Sacrifice In Vain” e a ‘thrasher’ “Hate” foram os pontos altos da apresentação dos caras. Um nome que merece mais atenção.
Após uma hora de ajustes e a casa quase cheia, às 0h40 abriram-se as cortinas e André, Castor e Amilcar estavam posicionados para o massacre. Com a destreza habitual, o Torture Squad mandou uma trinca do novo trabalho, “No Escape From Hell”, “Pull the Trigger” e “Pátria Livre”, que foram respondidas com rodas e vibrações dos presentes, mostrando que tanto o novo trabalho quanto a nova formação foram bem aceitas pelos fãs. Com sete discos na bagagem, o repertório da noite foi marcado também por material antigo, como “Pandemonium” e “Living For the Kill”, que antecederam o solo de Amilcar, que mostrou toda sua técnica, além de evidenciar que está entre os melhores do país ao lado de caras como Aquiles Priester (Noturnall, Hangar, Primal Fear) e Eloy Casagrande (Sepultura).
Só que a noite estava apenas no início. “The Unholy Spell” e “A Soul in Hell” foram mescladas as novas “War Dance”, “Fear to the World” e “Nothing to Declare”. Mas ainda havia tempo pra mais. Surpreendendo os presentes, mandaram um cover do Coroner, uma das principais influências da banda. A música escolhida foi “Divine Step (Conspectu Mortis)”, que foi cantada por Castor. Vale citar que a divisão de vocais ao vivo, assim como o formato de trio deixaram as coisas mais dinâmicas, cuja adrenalina era transmitida ao público, que respondeu por meio de rodas e mais rodas. “Chaos Corporation” e “Horror and Torture”, do clássico “Hellbound”, encerraram as quase duas horas da excelente apresentação da banda, que contou com agradecimentos emocionados do batera Amilcar, que depois disso, se jogou ao público.