A noite começou pouco depoisdas 22h, quando o Quintessentesubiu ao palco já com bom número de presentes. Com um som pesado, na praiado Gothic Metal, não conseguiu empolgar a plateia. Mas porque ogrupo carioca – formado em 1994, mas que recentemente retomou as atividades com André Carvalho (vocal), Cristiano Dias (guitarra), Cristina Müller (teclados), Henrique Bessa (baixo) e Mark Souza (bateria) – tem um estilo bastante diferente da principal atração da noite. Não à toa o principal momento de sua apresentação foi um cover do Paradise Lost.
Com muitos problemas no som, o Dreadnox, velho conhecido da cena carioca, iniciou seu show com “Final Siege”, primeira canção do interessante, “The Hero Inside” (2014), produzido por Renato Tribuzy e mixado por Roy Z. Seguiram com “Manic Depressive” e a faixa-título do trabalho mencionado. Com riffs cortantes e ótimos solos, Kiko Dittert mostra habilidade e chama a atenção, mas a banda ratifica o bom entrosamento geral com uma cozinha bem pesada, cortesia de Dead Montana (baixo) e Felipe Curi (bateria).
Com um enorme pano de fundo e tendo o vocalista Fabio Schneider à frente, o quarteto apresentou sons de todos os seus álbuns. Com sabedoria, dosou bem o setlist buscando se encaixar ao estilo do evento. “Dreamcatcher”, mais recente single e videoclipe, destacou-se na segunda metade do show, com um som que teimava em prejudicar a performance do grupo com de ruídos e microfonia. Também agradou o Hard Rock “Go On”. O Dreadnox fechou com “About To End” e seus riffs influenciados por Megadeth sob merecidos aplausos.
Já era 1h30 quando o Tuatha de Danann entrou em cena, e a introdução com uma autêntica música irlandesa nos transportou a uma atmosfera celta antes mesmo de Bruno Maia (vocal, flauta, guitarra e mandolim), Rodrigo Berne (guitarra e vocal), Giovani Gomes (baixo e vocal), Edgard Brito (teclados), Alex Navar (gaita irlandesa) e Rodrigo Abreu (bateria) mandarem ver com “We’re Back”, para delírio dos fãs que encheram a casa – a recepção foi calorosa, visto que o grupo não se apresenta com frequência no Rio de Janeiro. Com uma sonoridade única e um entrosamento excelente, a banda mineira emocionou os presentes com a canção que marcou o seu retorno à ativa.
“Rhymes Against Humanity”, mais uma do último trabalho, “Dawn Of A New Sun” (2015), manteve o pique e levou todos a baterem cabeça com tamanho peso envolto pela gaita de Navar, que acompanhava o incrível ritmo e melodia – esta é a música que contou com a participação de Martin Walkyier (ex-Skyclad) nos vocais no álbum, diga-se. “Tan Pinga Ra Tan”teve a sua introdução cantada com vontade pelos presentes, que vibraram com as guitarras dobradas e os solos alternados. Mas foi com “Believe Is True” que a casa quase foi abaixo, confirmando a excelência do Tuatha ao vivo. Nem mesmo os problemas de som, que persistiam, conseguiram atrapalhar. Duvida? “The Brave And The Herd” e sua introdução ao bandolim levaram todos a bater cabeça.
Maia teve de olhar o setlist para lembrar o que viria a seguir, aproveitando para reclamar do calor – imagine se a apresentação fosse em janeiro…A banda provavelmente derreteria com o verão carioca.E vieram“Behold The Horned King” e “Tingaralatingadum” para elevar novamente a excitação dos fãs, que detonaram as gargantas cantando junto com o grupo. Hora de agradecera presença de todos, que àquela altura já estavam nas mãos do sexteto, anuncia “Us”, faixa do primeiro trabalho, “Tingaralatingadun” (2001), que foi regravado e será brevemente relançado.
“Dance Of The Little Ones” deixou a audiência novamente ensandecida, desta vez com os vocais divididos eo trabalho de flauta que dá um brilho extra a uma das melhores músicas da carreira do Tuatha. “Sack Of Stories” foi outra do mais recente e ótimo “Dawn Of The New Sun”, com todos acompanhando batendo palmas. “Bella Natura” fez com que rodas se abriram no pequeno espaçoda pista, numa autêntica festa com o refrão cantado em uníssono.E eis que “Fingaforn”quase levou o apertado local à destruição. Catarse dos presentes, novas rodas abertas e diversão sem cerimônia. Para encerrar a apresentação, a magnífica “The Last Words”, com suas guitarras dobradas à la Thin Lizzy, foi acompanhada por todos.
Muito bem ensaiado e absolutamente empolgante, o show deixou os cariocasansiosos por um retorno que seja breve, e vale uma ressalta bem pessoal: sei que é difícil imaginá-los no maistream, mas o talento dosseis músicosque formam o Tuatha merece ser reconhecido. Bruno maia se desdobra cantando, tocando guitarra, flauta e bandolim e comanda uma ótima banda proporcionando música de qualidade acima de tudo. Foi uma noite tão boa que minimizou até mesmo a arcaica forma de controle de acesso e saída do Rock Experience. A permanência na fila para checagem e liberação das comandas durou incríveis 50 minutos. Há, em pleno século 21, formas de controle mais eficientes.