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UNANIMATED: O PREÇO DA VITÓRIA É SANGUE!

Por Valtemir Amler

No início dos anos 90, a Suécia se tornou um dos grandes paraísos mundiais da música extrema. Com sua cena death metal única (liderada por Entombed, Grave, Dismember e Unleashed), eles também tinham um cenário black metal que se expandia e melhorava a cada dia (com Marduk e Dark Funeral como grandes ícones mundiais). Se o death e o black davam as cartas no cenário sueco, nada poderia ser mais natural do que a fusão dos dois estilos. E foi justamente isso que acabou acontecendo. Tomando ainda emprestadas algumas das melodias de metal tradicional que vinham chamando atenção do death metal de Gotemburgo, bandas como Dissection, Sacramentum, Necrophobic e muitos outros geraram uma nova tradição de grandeza e qualidade em torno do cenário sueco. Nascido no longínquo ano de 1988, o Unanimated foi um dos grupos que melhor soube se encaixar nas tantas voltas que a música extrema dava naqueles dias. Sem um lançamento oficial até In The Forest Of The Dreaming Dead (1993), eles viveram como uma banda cult até então, e foi assim que decidiram se manter pelos anos seguintes, embora seu nome já fosse referido em torno de todo o globo. Presentes desde os primeiros dias, Johan Bohlin (guitarra, ex-Desultory) e Richard Cabeza (baixo, Dismember, ex-General Surgery e vários outros) encontraram um parceiro brutalmente talentoso em Micke Broberg (vocal, ex-Damnation), outro que está de volta nessa nova formação, completada com Jonas Deroueche (ex-General Surgery e Carbonized) e Anders Schultz (bateria, Unleashed). Confira o que Richard nos contou sobre o retorno dessa lenda do metal sueco.

Olá Richard, é ótimo falar com você, especialmente agora, que vemos o Unanimated de volta e com um novo álbum de estúdio nas mãos. Aliás, música extrema e retornos a ativa são tópicos que vocês dominam, certo?

Richard Cabeza: É um prazer, Valtemir! Cara, você está certo, o nosso negócio é ficar em silêncio por anos e anos e então retornar à ativa (risos). Sei lá, parece que certas coisas têm tendência a acontecer conosco. Parece que estamos sempre atrasados, pois sempre que lançamos um disco novo, as resenhas começam com ‘após uma demora de vários anos…’ (risos gerais). Sei lá, é uma tendência forte nossa, eu acho.

Mas, sério, é ótimo ver vocês de volta. Mais uma vez.

Richard: Certo, entendi (risos). Dessa vez, vamos torcer para que tudo funcione no ritmo habitual, estamos satisfeitos com o que fizemos nesse álbum, então, espero que continuemos sem novas pausas bizarras.

O que deu errado das outras vezes?

Richard: Cara, foram situações diferentes, mas até certo ponto semelhantes, vou tentar explicar. Da primeira vez, em meados dos anos 90, nós nunca realmente consideramos que a banda tinha acabado. Na verdade, nunca soltamos uma nota ou qualquer coisa do tipo dizendo que o Unanimated estava inativo, mas obviamente foi isso que todo mundo pensou que a banda nunca mais tocava ao vivo, nem lançava discos, enfim. Naquela época, o que aconteceu foi meio que um desgaste mútuo. Você sabe, com o passar do tempo, as pessoas começam a ter diferentes objetivos, conflitos começam a acontecer, essas coisas. Jonas (N.R: refere-se a Jonas Mellberg, guitarrista que gravou os dois primeiros álbuns do Unanimated, e que também gravou o clássico Theli, 1996, do Therion) não estava na mesma página que nós, então isso acabou levando-o a deixar a banda. Bom, estávamos todos um tanto desgastados, então eu e os outros três remanescentes decidimos que era uma boa hora para tirar uma folga daquilo tudo, resolvemos que seria melhor simplesmente dar um tempo, descansar e colocar a cabeça no lugar. O fato é que nunca imaginamos que isso duraria tanto tempo.

No fim das contas, só houve uma reunião em 2007, mais de dez anos depois.

Richard: Pois é, muito tempo. Mas a verdade é que não havia nenhum ressentimento, nenhum assunto mal resolvido no caminho. O fato é que todos nós estávamos simplesmente ocupados demais com nossas outras bandas. Eu estava extremamente ocupado com o Dismember, foi uma época muito boa para nós. Do outro lado, Peter (Stjärnvind, bateria) estava muito ocupado com o Entombed (N.R: ele foi baterista do Entombed entre 1997 e 2006, e gravou álbuns como Same Difference de 1998, e Morning Star, de 2001). Simplesmente parecia que nunca havia tempo para colocarmos o Unanimated de novo na estrada. Conforme percebíamos que o Unanimated não rolava, tanto eu quanto os outros formos nos envolvendo com mais e mais bandas diferentes, estávamos todos fodidos, tocando todo o tempo em todos os lugares (risos). Então, 2007 foi o ano em que eu e Johan (Bohlin, guitarrista fundador) começamos a escrever juntos de novo, escrevemos uma música (N.R: Enemy Of The Sun), mas a coisa não ia além disso por vários outros problemas que vivemos na época, então basicamente deixamos a banda de molho mais uma vez, até 2009. Nessa época eu e Johan estávamos disponíveis, assim como Peter e Micke (Broberg, vocal). Então, tínhamos o time pronto e foi assim que funcionou o nosso ‘primeiro retorno’, como você poderia dizer. Ao menos acho que foi assim que aconteceu, já faz tempo, cara (risos).

Faz mesmo. Bem, vocês voltaram e lançaram In The Light Of Darkness (2009), e lembro que aquele foi um álbum bem acolhido pelo underground da música extrema. Existia muita excitação no ar com aquele retorno da ‘formação clássica do Unanimated’ (reunião essa que não incluiu o guitarrista Jonas Mellberg), mas a banda acabou passando por um longo período de inatividade novamente.

Richard: Ah cara, essa é uma situação fodida (risos). Primeiro, essas pausas longas não são planejadas, e nem temos uma intenção por trás disso, as coisas simplesmente caminham de um jeito bizarro e elas acontecem. Veja, poucos anos após lançar aquele álbum, Peter resolveu deixar a banda. Foi uma época estranha, tocamos juntos por mais de vinte anos, ele estava em todos os álbuns do Unanimated, mas de repente era só aborrecimento, e então ele estava fora. Bem, perdemos mais de um ano nessa brincadeira. Aí começou a ‘saga’ da segunda guitarra, e essa foi uma situação realmente demorada (risos).

Como assim?

Richard: Veja, a questão da bateria foi aborrecida, mas acabou sendo rapidamente solucionada. Após um ano e meio de chateação, quando finalmente ficou claro que seguiríamos caminhos diferentes, liguei para o Johan e falei que precisaríamos de um novo baterista. Ele me pediu algumas horas para pensar, e pouco depois retornou minha ligação, dizendo que estava tomando uma cerveja com o Anders Schultz, do Unleshed. ‘Eu expliquei para ele que estávamos sem um baterista, e ele se ofereceu para tocar conosco’, Jonah me disse. Eu pensei ‘ok, essa foi rápida!’. Paralelamente a isso, estávamos vivendo uma situação com nosso segundo guitarrista naquela época (N.R: Set Teitan, que passou por nomes seminais como Dissection e Aborym). Ele estava ocupado demais com o Watain naqueles dias, e nós dissemos para ele tomar o seu tempo, fazer as coisas com calma, que esperaríamos. Aí ferrou, né? (risos gerais)

É, isso não costuma funcionar.

Richard: É, vou definir isso como lembrete na minha agenda (risos). Bem, nessa brincadeira se passaram mais de cinco anos, o tempo realmente voa.

Bem, acho que já entendi como a formação atual foi efetivada.

Richard: É isso aí. Eu, Johan e Mickael nos mantivemos firmes, Anders entrou para o time, e em 2016 trouxemos Jonas Deroueche (ex-Carbonized e General Surgery) para a segunda guitarra. A partir de então, as coisas realmente começaram a andar e sentimos que teríamos de fato um novo álbum nas mãos. Você sabe, é legal ter uma banda, mas ela só pode efetivamente funcionar se tiver uma formação para compor, ensaiar, gravar, tocar ao vivo, essas coisas. Não dá pra levar tudo sozinho.

Vocês tinham alguma meta em mente quando começaram a compor as novas músicas?

Richard: Apenas que queríamos fazer um novo álbum. Não chegamos a pensar em outros detalhes, como a maneira como ele deveria soar, se tinha que ser algo mais anos 90 ou 2000, se mais melódico ou mais extremo, não definimos nenhum tipo de meta musical. Simplesmente queríamos que o álbum soasse como um disco do Unanimated, e sabíamos que isso é simplesmente o que acontece quando você conta comigo, Johan e Mickael trabalhando juntos, é só deixar fluir.

Quanto aos novos instrumentistas, eles encontraram facilmente a vibração de vocês três?

Richard: Sim, desde o primeiro momento eles se mostraram as pessoas certas para o Unanimated. E acho que isso se deve ao fato de que ambos são músicos veteranos, com experiência real na cena, e que também já conheciam bastante bem o Unanimated. No fim das contas, reunimos um ótimo time em Victory In Blood.

E quanto ao Dismember, o que pode nos contar sobre o retorno da banda?

Richard: Bem, nós fomos atrapalhados pela pandemia (risos). Voltamos para tomar o mundo de assalto com nossos shows, e a pandemia pôs uma pausa em tudo (risos). Acho que todos nós sempre quisemos reunir o Dismember, sempre ficamos muito felizes tocando com a banda, e temos muitos fãs por aí que sempre nos perguntavam sobre isso. Voltamos aos palcos, esperamos poder ter a chance de tocar em todos os lugares.

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