Desde que surgiu em Pasadena, California (EUA), o Van Halen levou seis anos para gravar seu homônimo primeiro álbum. E foi só Van Halen ganhar o mundo, a 10 de fevereiro de 1978, e alcançar honrosa 19° posição no badalado chart “Billboard 200”, que David Lee Roth, Michael Anthony e os irmãos holandeses Alex e Eddie Van Halen causaram enorme alvoroço na industrial musical. Com Van Halen, a banda mudou para sempre os rumos do rock. Músicas explosivas e contagiantes como Runnin’ with the Devil, Ain’t Talkin’ Bout Love, Jamie’s Cryin’ e Feel Your Love Tonight logo caíram no gosto do público e não demorou para que se transformassem em hinos. O álbum era tão inspirado, que logo que começou a ganhar projeção quase ninguém mais deu tanta bola pras versões originais de You Really Got Me (The Kinks) e Ice Cream Man (John Brim), que acabaram fazendo muito mais sucesso através das regravações do Van Halen – tanto que até hoje muita gente pensa que essas duas músicas realmente pertencem à banda.
O talento do quarteto era tanto, que antes mesmo de ter um disco em mãos, já estava despertando o interesse de muitas pessoas. O visionário Gene Simmons, por exemplo, que passou a ganhar fama também por descobrir e lançar novas bandas, cresceu os olhos em cima do Van Halen e, antes de sair em turnê com o Kiss, resolveu dar uma força para o jovem grupo quanto à gravação da primeira demo. Com ela em mãos e uma série de shows lotados pelo circuito de Los Angeles, a banda passou a receber diversas propostas de contrato. Os músicos optaram pela Warner Bros., de Ted Templeman e Mo Ostin, que bancou a gravação do álbum de estreia ao custo de 40 mil dólares. David, Eddie, Michael e Alex levaram três semanas em estúdio e contaram com o próprio Templeman na produção – parceria essa que durou muitos anos.
Em Van Halen, as características musicais de cada integrante começaram a indicar o porquê de o Van Halen estar recebendo tamanha e merecida atenção de mídia e público. Alex se tornou referência para muitos bateristas e Anthony mostrou ser um baixista de pegada e dono de ótimos vocais de apoio. Mas os holofotes se voltaram mesmo para Roth e, principalmente, para Eddie. O vocalista ganhou o público feminino pelo ‘sex appeal’ e convenceu tanto homens quanto mulheres com linhas vocais grudentas, marcadas por gritos selvagens que se tornaram sua marca registrada. Quanto à Eddie Van Halen… Bem, esse é um capítulo a parte. Com sua “Frankenstrat”, ele simplesmente redefiniu a história da guitarra, entrando para o rol de nomes revolucionários como Jimi Hendrix, Eric Clapton, Tony Iommi, Brian May, Jimmy Page, Richie Blackmore, Pete Townshend, Jeff Beck e outros. Ele passou a mostrar ao mundo novas possibilidades para o instrumento, como na instrumental Eruption, em que bugou o cérebro de muitos guitarristas da época com sua técnica de ‘two-hands’ (ou ‘tapping’, se preferir), enquanto que em Atomic Punk desceu a mão e, literalmente, sentou o pé, explorando da melhor maneira o efeito de seu pedal MXR Phase 90. De Steve Vai à Trey Azagthoth do Morbid Angel, é comum ouvir o nome de Eddie sendo mencionado por inúmeros guitarristas como uma de suas principais influências – isso quando não julgam ser a maior delas.
Além de músicas incontestáveis e integrantes talentosos, Van Halen trazia algumas curiosidades. As fotos dos músicos na capa foram feitas por Elliot Gilbert, no famoso clube Whisky A Go Go, de Los Angeles, onde a banda costumava se apresentar. Já a guitarra “Frankenstrat” de Eddie, que depois recebeu algumas demãos de tinta vermelha, era uma réplica da tradicional e cultuada Fender Stratocaster. Por fim, no cover de Ice Cream Man, quem toca violão é David Lee Roth, só que creditado como David Roth.
Em termos de números, Van Halen atingiu resultados estrondosos: quatro vezes Disco de Platina no Canadá, Ouro na Finlândia, França, Alemanha e Reino Unido, e Diamante nos Estados Unidos, aonde superou a impressionante marca de 10 milhões de cópias, o que lhe garantiu seu lugar na ‘Best-Selling’ (lista dos álbuns mais vendidos) do país, certificada pela RIAA (Recording Industry Association of America). E aí, caro leitor? Você tem alguma dúvida sobre a qualidade, a relevância e o peso de Van Halen na história do rock?