Por Nelson Souza Lima
O Visions Of Atlantis fez uma grande apresentação em seu derradeiro show da turnê latino-americana na qual divulgam “The Deep & The Dark”, lançado em fevereiro do ano passado. Chegando aos 19 anos de trajetória, o baterista Thomas Caser Caser é o único remanescente da formação original, agora atuando ao lado de Werner Fiedler (guitarra), Michael Koren (baixo), e os vocalistas Siegfried Samer e Clémentine Delauney. Curiosamente, o show não contou com a presença do tecladista Chris Kamper, já que os arranjos orquestrais, teclados e pianos estiveram presentes em bases pré-programadas.
Foram quase duas horas de porradas com o que os músicos sabem fazer de melhor: power metal sinfônico de responsa. Para muitos pode ser enjoativo, mas o quinteto fez um show divertido e pra cima. O italiano Samer e a francesa Delauney têm uma química legal e, mais que cantar, incorporam as canções em performances arrebatadoras. O público, apesar de pequeno, já que o Jai é uma casa modesta, saiu satisfeito.
Antes do Visions duas bandas brasucas abriram os serviços: a paulistana Van Dorte e a guarulhense Burning Christmas. Ambas mandaram bem. Liderada pelo vocalista Feleex Duarte, a Van Dorte mostrou repertório embasado no disco de estreia, “Epilogue” (2017). O quinteto tem boas influências como Depeche Mode, Evanescence, Ghost e, principalmente, o produtor Danny Elfeman, que foi líder do Oingo Boingo nos anos 80. Numa boa apresentação de pouco mais de 30 minutos mandaram, entre outras, “The Blame”, “So Weak”, “My Pretty Prison”, “Breathe Now” e “Evil Side”.
Por sua vez, o Burning Christmas já tem uma trajetória de mais de dez anos e bagagem para fazer um show consistente. Os solos e riffs de guitarra são técnicos, tecladeira de prima, cozinha pesada e consistente. No mic Diogo Nunes (o Geringonça) agita, berra e chama a galera pra chegar junto. No set dos guarulhenses, canções autorais como “The Secrets of Nirvana”, “The Temple of Boo Boo”, “Twilight Of Idols” e “Real, Symbolic and Imaginary”. Duas surpresas na apresentação da banda: “The Kingslayer”, cover do Nightwish e o dueto com Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad, em “Totem and Taboo”. Assim como o Van Dorte, também fizeram um show legal.
Depois disso veio o Visions Of Atlantis, que entrou em cena por volta das 20h30 com a intro de “The Deep & the Dark”, do disco homônimo. Um a um os músicos entraram no palco e foram saudados pelos fãs. Primeiro, o batera Thomas Caser, em seguida o guitarrista Fiedler e o baixista Koren. A pancada rolou solta e quando a estonteante Clémentine Delauney e o parceiro de microfone Siegfried Samer entraram o público delirou.
Como mencionado, a casa é modesta e não permite muitas pirotecnias ou efeitos visuais. O palco é pequeno e a banda toca literalmente na cara da galera. Dava até para tocar os músicos numa boa. Enfim, sem grandes pirações cênicas, o que se destacou mesmo foi o som dos europeus, que apresentaram em seu repertório de 16 músicas, metade focada em “The Deep & The Dark”. Contudo, músicas de outros discos não ficaram de fora. Das novas, estiveram presentes “Book Of Nature”, “Ritual Night”, “The Silent Mutiny”, “The Last Home”, “Words Of War”, e “The Grand Illusion”.
Como dito, Delauney e Samer não param no palco: cantam, agitam, batem cabeça, chamam o público para agitar e bater palmas. Eles brincaram muito com o fato de terem tocado para chilenos e argentinos e queriam ouvir os brasileiros gritarem mais alto. Claro, os fãs respondiam gritando a plenos pulmões. Muito comunicativos e sorridentes brincavam com a galera e entre si. Na hora de apresentar a banda, Delauney zoou com a nacionalidade italiana de Samer dizendo não saber se isso é positivo ou não. Em contrapartida, Samer a apresentou como a princesa da banda.
Apresentação festiva ainda contou com “New Dawn” e “Memento”, de “Delta” (2011), “Lost” e “Last Shut of Your Eyes”, de “Cast Away” (2004), e “Seven Seas”, “At the Black of Beyond” e “Passing Dead End”, de “Trinity” (2007) –essa última teve um coro sensacional da galera.
Antes de encerrar, Samer comunicou que era aniversário de Clémentine Delauney. Para homenagear, a vocalista pediu um “Parabéns pra você”, em português mesmo, o que os fãs fizeram com vontade. Por volta das 22h20, o quinteto encerrou com “Return to Lemuria”, também de “The Deep & The Dark”, prometendo voltar todo ano para deleite da plateia.