“VISIONS OF ROCK”: VULCANO, VIPER, THE MIST E STEEL FOX

Complexo Armazém – Fortaleza – CE – 09 de abril de 2022

roadi132_wp 14 de abril de 2022

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Por Leonardo Brauna

Depois de praticamente dois anos sem eventos físicos, Fortaleza retoma a agenda para shows de metal. Durante o período de onze dias, que antecederam o sábado, 9 de abril, a casa de espetáculo Complexo Armazém recebeu Ratos de Porão, Garotos Podres, Matanza Ritual e ainda os protagonistas desta noite, Vulcano, Viper, The Mist, além de bandas locais excelentes. É importante registrar a boa atuação da produção do evento, em se fazer cumprir as normas sanitárias de combate à COVID-19. Foi checado o uso de máscara e certificado de vacinação de todos que adentraram a casa. Os horários da programação também foram pontuais e não ocorreram falhas técnicas que comprometessem os sets. Em síntese, foi uma data para entrar para história da cena metal cearense.

E foi nesse clima que a Steel Fox deu o pontapé inicial no “Visions of Rock – Fortaleza”, com o seu habitual peso adornado de melodias e grandes doses de riffs. Presente na cena há 25 anos, o quinteto se apresentou com performance majestosa, a começar pela cozinha sempre destruidora de Bosco Lacerda (baterista), mas não é só isso, pois todos os membros da banda possuem “aço” nas veias. O show que começou com a dobradinha do álbum “Red Snow” (2021), “Dreams of the Innocent” e “Blades of Revenge”, comprovou mais uma vez a excelência de cada músico em palco. A dupla de guitarristas Tiago Rezakk e Daniel Camelo, exibia espontaneidade de palco e domínio é o que não faltava nas partes mais complexas. Apesar de a banda ter tocado “My Glory” do primeiro álbum “Savagery” (2018), o restante do repertório destacou o full length atual, o que valeu muito a pena conferi-lo ao vivo. Foi um show excelente com uma estrutura de palco à altura do Steel Fox, que tem à frente o vocalista Robson Alves, o mestre do fôlego.

Exatamente às 21h40 o Vulcano inicia a sua lista de clássicos com a indispensável “Satanic Legions” e “Witche’s Sabbath”, oficialmente listada em “Who Are the True?” (1988). A banda santista e veterana com os seus quarenta anos de história, fez uma verdadeira celebração ao metal extremo, estilo que ela mesma introduziu no Brasil a partir da segunda demo “Denvil on My Roof” (1984). Sem sombra de dúvida, o Vulcano fez um dos melhores shows da noite, mas como não faria com composições como “Guerreiros de Satã”, “Death Metal” e outros no repertório? Um fato curioso é que, diferente da Steel Fox, os paulistas tocaram “Vulcano Will Live Forever” como única música do álbum a ser lançado em 29 de abril de 2022, “Stone Orange”. Aliás, esta é uma bela canção da banda piauiense Cadaverise, gravada na demo “The Most Haunted Cemetery Songs” (2014). Longa vida ao Vulcano!

O festival segue com o Viper arregaçando “Coming from the Inside” de “Evolution” (1992) e “To Live Again” de “Theatre of Fate” (1989) nos PAs. A energia repassada aos fãs é recebida com orgulho, pois foi legal ver Felipe Machado com uma camiseta do Beowulf, banda do saudoso vocalista Silvio Cesar Miranda, uma das pessoas incentivadoras do power metal no Nordeste. No outro lado do palco, Kiko Shred mostrou porque é um dos melhores guitarristas do Brasil. Outro que não deixou cair o pique foi o vocalista Leandro Caçoilo, seu vasto currículo pela cena metal justifica o seu talento. Guilherme Martin pareceu conduzir uma locomotiva ao invés de uma bateria, este sem dúvida foi um dos destaques da noite. O único que parecia moderado no palco foi Pit Passarell, que compôs junto com Guilherme a inédita “Under the Sun”, tocada e muito bem recepcionada. O baixista pareceu mais cuidadoso nos movimentos, mas não deixou de ser ovacionado pelo público e pelos seus colegas de banda.

O backdrop erguido atrás da bateria anunciava a vez do The Mist, que é mais uma banda veterana com três álbuns clássicos lançados e mais dois EPs, incluindo “The Circle of the Crow” (2022). Alinhadamente técnico e competente, o time formado por Vladimir Korg (vocal), Edu Megale (guitarra), Wesley Ribeiro (baixo) e Riccardo Linassi (bateria) deu uma revigorada pomposa na banda, tanto em estúdio pela gravação do EP, como em sua execução ao vivo a exemplo de “Over My Dead Body”, música que antecedeu as primeiras falas de Korg ao público. E por falar nisso, presenciar este vocalista soltar a sua voz é sempre um show à parte, pois a sua peculiaridade vocal mesmo nos dias de hoje é de espantar. O repertório foi composto por todas as canções do trabalho atual, mas porradas como “The Hangman Three” do álbum de mesmo nome de 1991 e “The Enemy” do cultuado “Phantasmagoria” (1989) também deram as caras. Vários climas sonoros compuseram a apresentação dos mineiros, de forma que a atmosfera mística alinhada à perfeição do peso e virtuose, confirmasse o que o The Mist é atualmente. Que Fortaleza possa receber sempre bandas “imortais” como as desta noite, e que a roda do metal nunca pare de girar.