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WARREL DANE

Florianópolis levou muitos anos para receber shows internacionais. Para quem é fã do peso, o início foi a inesperada passagem do Helmet, em 1994, no extinto festival itinerante “M2000 Summer”, e uma lendária noite com Dio, ainda que na vizinha cidade de Santo Amaro da Imperatriz, em 1995. Mas a capital catarinense, que de rock viu Eric Clapton, Paul McCartney, Nazareth, Rod Stewart, Focus, Guns N’Roses e Kiss, só passou a integrar o circuito de shows metálicos nos primeiros anos do século XXI. Vader, Edguy, Biohazard e Paul Di’Anno são alguns exemplos que estiveram no palco do Jhon Bull, primeira casa das que estão em atividade a abrir espaço para o heavy metal com frequência. A consolidação veio com a Célula Showcase, que iniciou dedicada ao Rock mas, com o passar do tempo, também abriu as portas aos demais estilos musicais e tornou-se o principal ´point´ metal da cidade. Lá tocaram Kadavar, Onslaught, Skull Fist, Havok, Crucified Barbara, Marduk, Enthroned, Dio Disciples e Radio Moscow.

Em 12 de março último, o local voltou a ser o ponto de concentração dos headbangers com Warrel Dane, que trouxe sua “Dead Heart In A Neon Black South America Tour”. A noite começou com o Enarmonika, banda de Florianópolis que agradou a plateia com a mistura de metal e música erudita. Dança Macabra, de Camille Saint-Sëns, antecedeu a série de seis músicas próprias. Em todas, nota-se que o violoncello de Daniel Galvão, que faz a segunda e gutural voz, e o violino de Iva Giracca convivem harmoniosamente com a bateria de Gabriel Porto, a guitarra de Vitor Sabag e o baixo da ótima vocalista Carla Domingues, dona de um timbre muito agradável e que acerta ao transitar entre o metal e o erudito sem exagerar na parte lírica. Schnell, Flesh, La Nitde L´Âme, My Divine Comedy, Duality e a excelente Beauty In Black. Fecharam o ´opening act´ com uma bela versão do Nightwish para The Phantom Of The Opera.

A Célula Showcase já estava lotada quando a transição do palco para a atração principal era feita. A instrumental Ophidian puxou o êxtase da público que viu eufórico a sequência matadora com Beyond Within, The Fault Of The Flesh, Poison Godmachine, Forever e Dreaming Neon Black. Nesta última, Dane chamou Carla Domingues para cantar as partes originalmente gravadas por Christine Rhoades, no álbum homônimo de 1999. E a vocalista do Enarmonika mandou ver, arrancando elogios de Dane e aplausos dos fãs.

Carisma também foi uma marca que o líder do Sanctuary e do Nevermore demonstrou com a galera. Comunicativo, conversou várias vezes com o público, respondendo aos pedidos de músicas, sempre com bom humor. E, se sua voz não tem mais o mesmo alcance do início da carreira, ele compensa com a intensidade das interpretações.

A transição para a segunda parte do repertório veio com Next In Line, pesada e impactante como no ótimo The Politics Of Ecstay, de 1996, e dedicada a memória de Layne Staley, do Alice In Chains, de quem Dane foi muito amigo. A sequência de clássicos continuou com Enemies Of Reality, do álbum de mesmo nome lançado pelo Nevermore em 2003. Para os fãs mais antigos o ápice chegou com Taste Revenge e Future Tense, ambas gravadas em 1990 no espetacular Into The Mirror Black, segundo trabalho do Sanctuary. Houve quem dissesse que a fatura já estava liquidada. O que viesse dali para frente era puro lucro.

Estavam certos. O segundo ato, dedicado ao álbum Dead Heart In A Dead World, curiosamente foi aberto com a instrumental Precognition, registrada em The Politics Of Ecstasy. Mero detalhe que não incomodou ninguém. Afinal, sem dó nem piedade dos pescoços do público, Dane fez uma pequena parte de Florianópolis simular um dia de festival em Wacken, com moshpits em série em Narcosynthesis, Inside Four Walls, The River Dragon Has Come, na sempre emocionante The Heart Collector, Believe In Nothing e Dead Heart In A Dead World.

Bastou Dane e a boa banda que o acompanha na tour pelo continente deixarem o palco para o público pedir mais. Aqueles poucos minutos do tradicional “fim de show” pareceram uma eternidade. Mas havia mais, é claro. A instrumental The Holocaust Of Thought trouxe a pesadíssima Born, seguida por This Godless Endeavour que, infelizmente, marcou o final de uma noite que vai viver na mente dos headbangers catarinenses por décadas.

Enarmonika
1) Dança Macabra (Camille Saint-Sëns)
2) Schnell
3) Flesh
4) La Nitde L´Âme
5) My Divine Comedy
6) Duality
7) Beauty In Black
8) The Phantom Of The Opera

Warrel Dane
1) Ophidian
2) Beyond Within
3) The Fault Of The Flesh
4) Poison Godmachine
5) Forever
6) Dreaming Neon Black
7) Next In Line
8) Enemies Of Reality
9) Taste Revenge
10) Future Tense
11) Precognition (Intro)
12) Narcosynthesis
13) Inside Four Walls
14) The River Dragon Has Come
15) The Heart Collector
16) Believe In Nothing
17) Dead Heart In A Dead World
18) The Holocaust Of Thought (Intro)
19) Born
20) This Godless Endeavour

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