Os fãs de Sanctuary e Nevermore de várias cidades tiveram a chance de matar a vontade de conferir clássicos de ambas as bandas, além de suas músicas solo, com a turnê brasileira do vocalista Warrel Dane, que passou por Rio de Janeiro, Pouso Alegre (MG), Curitiba (PR), Limeira (SP) e Várzea Paulista (SP), encerrando-se em São Paulo, em um domingo de Páscoa. Tendo passado pelo Brasil em outras duas oportunidades – todas com o Nevermore -, a primeira em 2001, ao lado dos brasileiros do Necromancia e Krisiun e depois pelo festival “Live N’Louder” em 2006, os fãs mais jovens estavam ansiosos em poderem vê-lo pela primeira vez em solo brasileiro.
Para São Paulo a banda escolhida para a abertura do show foi o Seventh Seal, que divulga o seu terceiro álbum de estúdio, “Mechanical Souls”, lançado em 2013, com temática baseada no clássico filme Blade Runner: O Caçador De Andróides. Além de Leandro Caçoilo (vocal, ex-Eterna) e Thiago Oliveira (guitarra), a formação para este show contou com os substitutos Gustavo Marabiza (baixo) e Jackson Ferrante (bateria) e o fundador, Tiago Claro (guitarra). Infelizmente, só conseguimos assistir as três últimas músicas, devido à distração da portaria da casa que permitiu que boa parte da imprensa adentrasse ao local somente perto do fim da abertura.
O que presenciamos foi uma banda segura em sua performance, apesar da qualidade de som embolada na parte instrumental. Leandro continua com uma voz firme e os músicos despejam técnica em suas funções. Destaque para Jackson Ferrante, baterista substituto de Roberto “Bob” Moratti, que tocava com auxílio do metrônomo, fazendo ótimas viradas. A música que dá título ao álbum empolgou a todos devido ao seu peso e encerraram com a interessante “Dark Chant”, com trechos adaptados do poema “The Dark Canticle” de José Regio em sua letra. Nessa, Caçoilo divide seu vocal rasgado com os guturais executados pelo guitarrista Thiago Oliveira.
Apesar do feriado, o público compareceu em grande número e ficou em polvorosa aguardando a grande atração da noite. O line up formado para acompanhar Warrel Dane pelo país era composto pelos brasileiros Johnny Moraes (Hevilan) e Thiago Oliveira (Seventh Seal – que se desdobrou em dose dupla na noite) nas guitarras, Fábio Carito (baixo, Shadowside) e Marcus Dotta (bateria, Skin Culture). Faltando dez minutos para as nove da noite, Warrel e sua trupe subiram ao palco com a forte “When We Pray”, que faz parte de seu álbum solo “Praise To The War Machine” – cinco dias depois estaria completando seis anos de seu lançamento -, emendada por outra do mesmo, chamada “The Day The Rats Went To War”. Warrel então falou pela primeira vez: “Vocês gostam de Heavy Metal? O Metal não é apenas uma forma de música e sim um estilo de vida!”, incendiando aos presentes, começando o bombardeio do Nevermore, com “Narcosynthesis”, de “Dead Heart In A Dead World” (2000), álbum que teria o maior número de músicas executadas nesse show.
Exceto pelo homônimo álbum de estreia do Nevermore e também de “Released From The Crypt” (1983) de sua primeira banda, Serpent’s Knight, todos os outros de sua extensa discografia seria representado e ficava claro o quanto os músicos estavam bem ensaiados, passando a impressão que já tocavam com Warrel há um longo tempo, devida a precisão nos arranjos. Para o show de São Paulo, Warrel prometera algumas músicas a mais do que nos outros shows, além de convidados ilustres. Uma sequencia com mais Nevermore foi tocada, como, “Inside Four Walls”, “Beyond Within”, “Poison God Machine”, “The River Dragon Has Come” e “My Acid Words”.
No alto de seus 53 anos, e nascido na cidade de Seattle, em Washington (EUA), Dane demonstrava bastante cansaço, bocejando no intervalo das músicas. E se os agudos de outrora já não são alcançados facilmente, hoje em dia com a experiência adquirida fez uso de outros recursos, deixando partes mais altas serem preenchidas pelo público, que cantava cada música em uníssono. Chegada a hora de tocar material do Sanctuary, “Seasons Of Destruction” veio representar o segundo álbum “Into The Mirror Black” (1989), para a alegria geral daqueles que esperavam esse momento por anos, principalmente quando Warrel confirmou: “Um novo álbum do Sanctuary será lançado em outubro e posso dizer que está bem ‘old school’, acho que vocês irão gostar”.
Trajando uma camisa do Sepultura durante todo o set, o vocalista fez questão de exibi-la, mostrando simpatia e também certa timidez no show. Mais Nevermore, dessa vez com “The Termination Proclamation”, única tocada do álbum “The Obsidian Conspiracy” – último de estúdio, lançado em 2010 -, a seguir, revisitou o primeiro do Sanctuary, “Refuge Denied” (1988), com a aclamada “Soldiers Of Steel”. Nas músicas dessa banda, era perceptível que Dane soltava melhor a voz do que nas outras, alcançando notas mais altas. Um momento ímpar do show foi quando mais uma de seu álbum solo foi apresentada, a bela e emocional “Brother”, que possui uma das letras mais tocantes que esse que vos escreve já leu.
Para surpresa geral de todos, Warrel convida a subir ao palco, o baterista do Arch Enemy, Daniel Erlandsson – casado com uma brasileira e de férias no Brasil –, e pergunta quem ali estava com a namorada, sugerindo que dessem um grande beijo nelas. Com essa deixa romântica, apresenta “The Heart Collector” que antecedeu a aclamada “Battle Angels” do Sanctuary e ao final ironizou o feriado da Páscoa, antes de anunciar “Next In Line”: “Acredito na Páscoa tanto quanto em elfos ou zumbis. Eu não quero ser salvo!”.
Depois de “Enemies Of Reality”, Warrel disse que iriam fazer um rápido ‘break’ e na volta outra atração foi chamada ao palco, a ex-vocalista do Raveland, Juliana Rossi, que cantou em parceria com Warrel em “Dreaming Neon Black”. Infelizmente, no inicio o microfone falhou e assim que normalizou Juliana não estava alcançando os mesmos tons de Warrel, criando um contraste que desagradou, apesar da simpatia da vocalista que se mostrava emocionada por ser fã de Warrel. “Born” foi apresentada com o vocalista chamando a atenção de todos para que respeitassem as respectivas mães, razão de nosso existir. Ainda houve tempo de mais duas do Sanctuary: “Taste Revenge”, e a tão aguardada e solicitada “Future Tense”, que teve seu videoclipe na época bastante veiculado na MTV. Finalizando, não faltou “The Seven Tongues Of God” e a derradeira “Dead Heart In A Dead World”.
Mais uma vez, vale elogiar a competência dos músicos muito bem ensaiados e elogiados por Warrel Dane e juntos fizeram grandes shows no país e mesmo demonstrando cansaço, o norte-americano não encurtou o set list, mostrando muito respeito e simpatia com os fãs durante sua passagem. Enquanto não há nenhuma confirmação sobre o futuro do Nevermore, resta ao público aguardar o mês de outubro para o tão aguardado novo álbum do Sanctuary.
1- When We Pray
2- The Day The Rats Went To War
3- Narcosynthesis
4- Inside Four Walls
5- Beyond Within
6- Poison Godmachine
7- The River Dragon Has Come
8- My Acid Words
9- Seasons Of Destruction
10- The Termination Proclamation
11- Soldiers Of Steel
12- Brother
13- The Heart Collector
14- Battle Angels
15- Next In Line
16- Enemies Of Reality
17- Dreaming Neon Black
18- Born
19- Taste Revenge
20- Future Tense
21- The Seven Tongues Of God
22- Dead Heart In A Dead WorldSEVENTH SEAL SET LIST
1- Beyond The Sun
2- Dreams Of Green
3- Seventh Seal
4- Stand Up And Shout (Cover do Dio)
5- Pleasure Of Sin
6- Back To The Game
7- Mechanical Souls
8- Dark Chant