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WEIGHT OF EMPTINESS – Jandira (SP)

Texto e fotos: Heverton Souza

Com apenas sete anos de atividade, a banda chilena Weight of Emptiness é um nome promissor do cenário extremos mundial, combinando doom e death metal com momentos de black até de prog, lembrando por vezes o saudoso Opeth de seus primeiros discos. Nesse curto período, o quinteto da capital Santiago já lançou um EP e dois álbuns. O mais recente, Conquering the Deep Cycle, ganhou vida em 2019 e segue sendo o carro-chefe dos shows da banda, que realizou três datas no Brasil – uma na capital paulista, uma em Jandira, na Grande SP, e uma em São José dos Campos, no interior do estado.

Após perder a apresentação da capital, restou ao repórter a longa viagem de trem ao famigerado Caveira Velha Rock Bar, uma casa tradicional do cenário underground paulista, que já recebeu centenas de bandas, incluindo nomes internacionais clássicos como Steve Grimmet (Grim Reaper) e Artillery, entre muitos outros. Porém, já foi anunciado que 2022 é o último ano de atividade da casa e um dos motivos pôde ser visto nessa noite gelada de sábado.

Com o início atrasado do evento, o HellLight começou seu show pouco antes das 20h. Ativa desde o fim dos anos 1990, o funeral doom da banda foi evoluindo muito ao longo dos anos e começou a achar um caminho mais conciso entre seu lado bruto e seu lado melódico desde seu quinto álbum Journey Through Endless Storms. A apresentação começou com Until the Silence Embrance, faixa-título de seu mais recente full-length, lançado em 2021, que pode ser tido como o ápice do citado caminho melódico ao meio ao som denso e arrastado.

O trio formado por Fabio de Paula (guitarra/vocal), Alexandre Vida (baixo) e Renan Bianchi (bateria), seguiu no trabalho lançado no meio da pandemia, agora com The Dead Moment, que recentemente ganhou um belo videoclipe e pode ser conferido no YouTube. Voltando mais em sua história, mais exatamente no álbum No God Above, No Devil Below (2013), a banda apresentou ao público Shades of Black. A apresentação da banda foi finalizada em quatro músicas, com Time, do citado Journey Through Endless Storms. E não, não foi uma apresentação curta, pois as músicas da banda são todas longas, passando de seus 10 minutos cada, o que é o normal do estilo, assim como ter no público mais observação que reação, afinal, trata-se de um formato musical para se viajar, se sentir e não exatamente “bangear”.

A essa altura poderia se dizer que para uma casa pequena, já haveria sua lotação para conferir todos os shows, mas não era o que acontecia. Tirando os músicos das demais banda que acompanhavam os shows umas das outras, o público presente era muito pequeno, fiel ao doom metal, empolgado, mas vergonhosamente pequeno para uma noite com bandas de tanta qualidade musical, incluindo aí uma atração internacional. Uma apresentação dos americanos do Obituary ocorria no mesmo dia em São Paulo, mas deveria justificar o deslocamento de uns 10% dos espectadores desse evento.

Enfim, para poucos ou para muitos, missão dada é missão cumprida e, às 20h50, o Unholy Outlaw fez as vezes com seu heavy-doom metal, de cara com Open the Gates, faixa de Kingdom of Lost Souls (2019). De cara, o público reagiu cantarolando a melodia do grudento riff. Mas nada se compara ao refrão de Forgotten, que já pode ser tida como o grande hino da banda e foi ovacionada pelos presentes.

A sequência continuou no disco de 2019, agora com a faixa que fecha o álbum: 13 Disciples. A banda de veteranos conta atualmente com Markus Sword (vocal), Gustavo Guedes e Shammash (guitarras), Thorngreen (baixo) e Wilmes Moraes (bateria) e ao vivo são muito concisos, mas é impossível não destacar a dupla de guitarristas, principalmente os solos de Gustavo que são de uma maestria de encher os olhos (e ouvidos, claro!).

Markus agradece em nome da banda pela oportunidade desse show e faz um apelo pela manutenção do Caveira Velha. Em seguida, anuncia um cover inusitado, citando a grande inspiração que a banda é para eles: Of Stars and Smoke, da banda sueca Candlemass. O inusitado aí não é a banda, de forma alguma, já que o Unholy Outlaw é um filho direto de nomes como o Candlemass, mas sim os paulistas tocarem algo da fase com Robert Lowe nos vocais, sendo essa música do apenas perfeito disco King of the Grey Islands (2007). Mephisto serviu de introdução para a banda voltar ao seu primeiro disco tocando Dark Wings, que nomeia o disco de 2016. Mas o foco era todo de Kingdom of Lost Souls, com a banda tocando Mortal Desire e Ancient Hill of War, encerrando sua apresentação.

Era a vez da atração chilena fazer as vezes. A banda demorou bastante para subir em palco, afinal, eles se apresentam com um equipamento diferenciado e tudo precisava ser devidamente ajustado para seu show. Foi então que às 22h35, o vocalista Alejandro Ruiz, os guitarristas Juan Acevedo e Alejandro Bravo, o baixista Mario Urra e o baterista Mauricio Basso, deram início à apresentação do Weight of Emptiness.

Apesar de a banda ainda ser bastante nova, três de seus cinco músicos já trabalhavam juntos desde 2000, com a extinta banda Twilight Mist. Essa afinidade era sentida logo de cara, com a banda abrindo com sua música mais conhecida até então: Chucao, um dos grandes momentos do álbum Conquering the Deep Cycle. Ela foi seguida da música que leva o nome da banda e que consta no debut, Anfractuous Moments for Redemption, de 2017.

Ruiz não se intimidou com o baixo público e intimava os presentes a agitarem com a banda e era atendido. A banda seguiu seu set como se estivesse se apresentando para uma casa lotada e mostrou na sequência sons novos que devem ser parte de seu próximo lançamento: Defrosting e Wolves, a primeira mais caótica e agressiva e a segunda tendendo mais para o lado doom, com os belos vocais limpos e graves de Ruiz, que lembram bastante a voz de Michael Stane (Dark Tranquility). O vocalista ainda anunciou Black State Council como uma música inspirada na mitologia chilena. O show ainda contou com mais músicas novas que, segundo a banda, foram tocadas com exclusividade em sua passagem pelo Brasil. Analisando todo esse material ainda não-lançado, o próximo disco deve ter uma vertente ainda mais extrema e progressiva. A excelente The Flame ainda fez as vezes de Conquering the Deep Cycle e mostrou como a banda é precisa ao vivo com todo seu material de estúdio, o que não é tarefa simples mediante à complexidade do som dos caras.

Mas o que ficou mesmo claro com todo o show do Weight of Emptiness é que se trata de uma banda que já se prepara para alcançar voos mais altos e conquistar territórios, como a Europa. Tem toda nossa torcida!

Sobre o evento, sabemos que o doom metal e vertentes mais obscuras e depressivas estão entre os gêneros mais “marginalizados” do metal, mas tem seu público e nada justifica uma noite com bandas de tanta qualidade ter uma presença medíocre. Isso chega a ser um sub-underground, o que nem deveria fazer sentido algum. Depois ficam os choramingos em redes sociais pelo fim de bandas e fechamento de casas. Lamentável!

Parabéns a todos os envolvidos e, principalmente, a cada músico que se prontificou a fazer seu melhor para quem lá esteve, porque, sim, os poucos merecem muito e tiveram. E azar de quem perdeu!

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