Durante a pandemia do novo coronavírus, Aquiles Priester tem feito diversas ‘lives’ com entrevistas na TV Maldita, seu canal no You Tube. Recentemente, ele recebeu um dos grandes nomes do metal mundial, o também baterista Iggor Cavalera. Em seus tempos de Sepultura, Iggor se tornou um dos bateristas mais respeitados, influentes e inovadores do mundo, principalmente por sua performance nos álbuns Chaos A.D. (1993) e Roots (1996), em que aprimorou referências da música brasileira e levadas percussivas e tribais, algo que ele já vinha buscando desde Arise, de 1991. Iggor atingiu um nível tão alto, que seu nome ventilou forte no Guns N’ Roses, que o convidou para ser seu novo baterista. Isso foi na época em que Axl Rose daria início às gravações do polêmico Chinese Democracy, álbum que levou vários anos para ser concluído e lançado. Essa história, bastante comentada na época, foi contada por Iggor na TV Maldita, a pedido de um fã que acompanhava a live.
“É verdade. Eu quase entrei na maior roubada do mundo, que foi aquele disco que nunca saía”, brincou. “Eu ia estar até hoje esperando o disco sair”, completou.
“Foi muito louco, porque foi logo depois que o meu irmão (Max Cavalera) saiu da banda (Sepultura), então, a gente estava meio que num período de procurar vocalista, estava um pouco parado. E aí eu lembro que recebi um telefonema do empresário na época, do Guns N’ Roses, me perguntando se eu queria fazer esse disco com eles, se eu queria participar, e aí eu falei com o cara na maior boa. Falei: ‘porra, meu, legal você ter feito o convite, mas não só eu não sou fã do Guns N’ Roses, como também estou totalmente focado em arrumar a banda (Sepultura), porque, tipo, fodeu, meu irmão saiu… Então, eu não tenho como entrar na banda assim”, explicou. “Mas foi legal de ter pintado o convite do cara, mas foi uma coisa que eu nem pensei, já recusei de cara”, acrescentou Iggor.
Aquiles aproveitou o assunto e perguntou à Iggor se era verdade que foi ele quem indicou ao Guns N’ Roses o baterista do Primus, Bryan “Brain” Mantia. Na verdade, a indicação foi do ex-guitarrista da banda, o enigmático Buckethead, que já havia trabalhado com Brain, que gravou alguns de seus inúmeros álbuns solos, além de terem tocado juntos previamente na banda Praxis. Mesmo assim, Iggor comentou sobre o mencionado baterista.
“Não sei se foi ele que gravou o disco (N.R.: exceto pela própria Chinese Democracy, Brain participou de todas as músicas do álbum, inclusive foi co-compositor de Shackler’s Revenge e Sorry), eu sei que ele fez alguns shows com o Guns N’ Roses (N.R.: Inclusive no Brasil, na terceira edição do “Rock in Rio”, em 2001). E ele também foi um dos caras que tocou com o Primus, que eu curto bastante”, revelou. “Esse cara é foda, eu adoro ele, o vídeo dele é clássico (N.R.: Iggor refere-se a um dos dois vídeos instrucionais, Brain’s Lessons: Shredding Repis on the Gnar Gnar Rad, de 2002, ou Brain’s Worst Drum Instructional DVD Ever, de 2008), o moleque é retardado, e ele faz uns grooves funk absurdos, tanto que ele já chegou a tocar com o Bootsy Collins (baixista) do Funkadelic, esses caras que tocaram com James Brown e tal, então, o moleque é foda. E eu lembro que quando ele foi tocar lá com o Guns N’ Roses, falei, ‘Ih, mano… Se fudeu, entrou na roubada!’ (risos)”.
Outro ponto importante da entrevista, foi quando Priester perguntou à Iggor sobre quando ele reatou a amizade com seu irmão Max Cavalera.
“Foi muito louco, porque foi uma junção de vários fatores”, contou “Eu já tinha saído do Sepultura e tinha nascido meu filho mais novo, e eu lembro que minha mulher falou pra mim, ‘Pô, nasceu seu filho e seu irmão nem está ligado que seu filho nasceu’. O nome do meu filho é Antônio e meu irmão (se) chama Maximiliano Antônio, então foi uma homenagem para o meu irmão, e na época eu não estava falando com ele. E aí, vendo o que minha mulher falou, ‘Pô, meu, você dá homenagem do nome do moleque pro seu irmão e ele não conhece o moleque?! Isso “tá” errado. Meu, vocês têm que reatar de alguma forma’. E eu lembro que eu parei pra pensar e falei, ‘Puta, meu, eu “tô” viajando’. Porque, querendo ou não, como todo mundo que tem irmão sabe como que é, essa coisa de irmão tem briga, não é amor o tempo inteiro, mas, ao mesmo tempo, me deu um estalo, que eu falei, ‘puta, meu, eu tenho que reatar com meu irmão agora’. Por conta dos filhos, dos nossos filhos, desse lance de família”, disse.
“E, logicamente, eu sabia que meu irmão ia me colocar em alguma roubada de fazer música junto com ele, eu já conheço ele (risos). Dito e feito, meu… Eu acabei de falar com ele, ‘Meu, vou te visitar em Phoenix, vamos fazer uma parada juntos’, deu dez minutos, ele: ‘Putz, eu tenho uma ideia, vamos fazer uma parada juntos então’”, relembrou.
“Eu lembro que na época uma coisa também que me tocou muito foi o lance dos irmãos do Pantera (N.R.: Dimebag e Vinnie Paul), que o Dimebag tinha falecido, e eu fiquei pensando, falei, ‘Caralho, imagina o que um dos irmãos está pensando agora que não dá para reatar, não dá para voltar mais’, então, a vida é muito curta, né? Parei tudo, pulei no primeiro avião, fui lá falar com meu irmão e reatei com ele”, finalizou.
Assista abaixo a entrevista completa de Aquiles Priester com Iggor Cavalera:
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