Após ter sido acusado na última segunda-feira (1) de violência sexual e psicológica e até de estupros, por pelo menos cinco mulheres, uma delas a atriz e ex-noiva Evan Rachel Wood (leia), o cantor americano Marilyn Manson se manifestou horas depois no Instagram, resumindo as alegações como ‘distorções terríveis da realidade’.
Na íntegra, em sua postagem o artista disse:
“Obviamente, minha arte e minha vida sempre foram imãs de polêmica, mas essas afirmações recentes sobre mim são horríveis distorções da realidade. Meus relacionamentos íntimos sempre foram inteiramente consensuais com parceiras que pensam da mesma maneira. Independentemente de como – e por que – outras agora estão optando por representar mal o passado, essa é a verdade”.
Após os acontecimentos, outra ex-noiva de Manson, Rose McGowan, que conviveu com ele entre 1997 e 2001, usou as redes sociais e mostrou apoio às mulheres que acusam o cantor. “Eu apoio Evan Rachel Wood e outras mulheres corajosas que se pronunciaram. Leva anos para se recuperar de um abuso e eu as encorajo nessa jornada de recuperação. Que a verdade seja revelada. Que a cura comece”.
Além de postar tais palavras, McGowan gravou um vídeo em que afirma que com ela Manson não agia de tal forma, mas que, no entanto, isso não invalida as acusações. No vídeo, McGowan também teceu os seguintes comentários:
“Estou profundamente triste e enojada hoje. Mas estou orgulhosa, principalmente. Orgulhosa de Evan Rachel Wood e das outras mulheres que se pronunciaram contra Marilyn Manson, meu ex. Quando ele estava comigo, ele não agia dessa forma, mas isso não tem peso quando ele agiu assim com outras, antes ou depois do nosso relacionamento. Leva-se tempo para que as pessoas se pronunciem. De novo, estou orgulhosa. Orgulhosa dessas mulheres e de todos que se posicionam contra abusadores. Eles roubam tempo. Eles são consumidores de tempo. Eles roubam vidas. Eles roubam a esperança, sonhos, liberdade, sexualidade, amor… Eu também quero dizer aos líderes desse culto de Hollywood, que lhe deram emprego e permissão. Interscope Records e Sony estavam com ele durante o período em que ele namorava a Evan. Vocês sabem que vocês são cúmplices. Todos os gerentes, assessores, advogados… O culto de Hollywood precisa acabar”.
Ainda que os relatos das mulheres tenham vindo à tona muito recentemente, e independentemente do que tenha dito em sua defesa, Marilyn Manson já está sofrendo consequências. Ontem mesmo, a gravadora com a qual Manson vem trabalhando desde 2015 manifestou publicamente que está rompendo de imediato quaisquer relação ou projetos futuros com o cantor, e que inclusive está cessando as ações de divulgação de seu mais recente álbum, We Are Chaos, lançado no ano passado.
Outra que também se desligou de Manson foi a AMC Networks, dona da rede Shudder, que iria lançar Brian Warner (nome verdadeiro de Marilyn Manson) como ator em um dos capítulos da segunda temporada da ainda inédita antologia Creepshow. A empresa ainda disse à Vanity Fair que não iria exibir o segmento após as alegações reveladas no dia de ontem.
Warner também não mais aparecerá em “Deuses Americanos”, em que já havia participado em dois episódios – o segundo deles foi exibido no último domingo nos Estados Unidos pela Starz – interpretando Johan Wengren, vocalista da banda Blood Death. A Starz explicou sua decisão. “Devido às alegações contra Marilyn Manson, decidimos remover sua performance. A Starz apoia incondicionalmente todas as vítimas e sobreviventes de abuso”.
As duas séries irão reeditar os episódios em que Marilyn Manson já havia gravado e excluirão suas cenas.
E como se não bastasse, Marilyn Manson também perdeu seus agentes artísticos. De acordo com o The Hollywood Reporter, a agência de talentos CAA, uma das mais respeitadas de Hollywood, rompeu oficialmente com Manson, porém até o momento ainda não se manifestou a respeito.
Na data de hoje, Evan Rachel Wood, que é atriz de “Westworld”, publicou no Instagram uma carta da senadora da Califórnia Susan Rubio direcionada ao Promotor-Geral dos Estados Unidos, Monty Wilkinson, e ao diretor do FBI, Christopher Wray, solicitando a abertura de inquérito oficial contra Marilyn Manson.
Na carta, a senadora diz:
“Como sobrevivente de violência doméstica que agora advoga por outras vítimas no meu papel de legisladora estadual pela Califórnia, compartilho com elas o trauma do controle emocional, psicológico e físico nas mãos de um abusador. As vítimas são frequentemente isoladas de seus entes queridos, o eu faz com que sejam muito mais difícil escapar ou denunciar. Quando o fazem, elas normalmente são desacreditadas e ameaçadas”.
Susan Rubio disse ainda que ficou “especialmente alarmada” quando soube dos episódio de abuso relatados cinco mulheres. “Se isso for verdade, e uma investigação não for realizada, estaremos falhando com as vítimas e permitindo que um criminoso continue abusando de outras pessoas. Isso não pode acontecer”, afirmou.
Há poucos instantes, Evan Rachel Wood voltou a se manifestar no Instagram, através de uma postagem direcionada à rede NBC News. “E talvez isso fosse parte do problema: embora Wood mal tivesse saída da infância quando conheceu Manson, talvez as pessoas presumissem que ela sabia no que estava se metendo. Essa reação de “o que você esperava?” é uma das muitas maneiras pelas quais envergonhamos as mulheres para que permaneçam em situações de abuso e tornamos mais difícil para elas falarem sobre suas expectativas se forem embora. Porque mesmo que um homem use uma maquiagem idiota e tenha uma personalidade agressiva no palco, as mulheres e as meninas ainda têm absolutamente o direito à segurança e ao respeito”.
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