A Roadie Crew divulga em primeira mão o vídeo de Tonight´s Riot, novo single de XEI & Sons In Black, que une Alexei Leão, líder da banda Stormental, e outros músicos da cena rock independente de Santa Catarina. A faixa, primeira gravada pelo vocalista depois de ter mudado em definitivo para Setúbal, em Portugal.
A composição, comentou o frontman, foi inspirada pelo momento atual em que passa o mundo, com a ascensão da extrema direita. “A qual, acreditamos, deve ser combatida com vigor”, disse Xei. “Utilizamos como fundo os eventos do dia 6 de Janeiro nos Estados Unidos [quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Congresso do país] e a obsessão do atual presidente do Brasil pelo antigo chefe de poder de lá. A música fala sobre líderes estúpidos que incitam manifestações bizarras e dizem, de forma feliz para a população, que tudo ficará bem!”, destacou.
Xei informou que Tonight´s Riot fará parte do álbum programado para o próximo mês de maio, Coulrophobia (fobia de palhaços). “Assim como nos Estados Unidos, esperamos que esses tipos de palhaços políticos comecem a cair no resto do mundo”, afirmou. Junto com Xei, o grupo conta com Rodrigo Daca (violões e vozes). Hique d’Avila (guitarras), Yusanã Mignoni (teclados e programações), Geraldo Borges (baixo) e PH Soares (bateria). A gravação ainda conta com a participação de Andrei Miri Leão no baixo, irmão de Xei e integrante da Stormental.
Fim de ciclo
Sem medo e defensor que a música sempre foi uma forma de resistência a tiranias e sistemas políticos opressores, Xei contou detalhes sobre sua partida do Brasil. “Eu e meu irmão Andrei mudamos para Setúbal, em definitivo. Vendemos tudo no Brasil, fechamos nossos negócios (tínhamos o AML estúdio desde 1999, éramos donos da casa de show Célula Showcase, além das nossas carreiras artísticas). Escolhemos Portugal pela facilidade do idioma, por ser mais barato e, principalmente, por ser um país com um governo assumidamente de centro esquerda”, relatou.
Na opinião do vocalista, no Brasil “com certeza” chamariam o governo de Portugal como socialista, de extrema esquerda. Segundo ele, isso é irreal. Xei avaliou que lá existe a consciência de que o capital é importante, que as empresas são importantes, mas o lado social é igualmente levado em consideração, onde o sistema de saúde é gratuito e de qualidade, a educação também é gratuita e os índices de violência são baixíssimos.
“Faz pouco tempo que ouvi uma crítica de um conhecido, dizendo que eu não podia falar mal do Brasil porque estava indo morar fora! Na verdade, eu posso falar mal do Brasil por justamente conhecer vários locais no mundo e, principalmente, porque tudo o que aconteceu na política e nas relações pessoais nos últimos anos, foi o que me obrigou a deixar o país. De uma hora para outra, ser artista, trabalhar com música em geral virou sinônimo de vagabundo. Apoiadores do atual governo batem no peito e bradam aos ventos bordões como ‘acabou a mamata’, ‘não adianta chorar porque não tem mais lei Rouanet’, entre outras pérolas. E são estes os mesmos que acreditaram em ‘kit gay’, ‘mamadeira de piroca’ e inundam a internet com fake news. Isso, sem contar a velha política que ficou evidente na última eleição para presidente da Câmara dos Deputados”, argumentou.
Segundo Xei, seu ciclo no Brasil chegou ao fim. “Mas saio feliz porque consegui realizar tudo o que podia artisticamente e este próximo álbum é como uma despedida. Seguirei atrás de outros desafios aqui em terras lusitanas, assim que a pandemia permitir. O projeto com o Sons in Black seguirá à distância. Ainda temos um DVD ao vivo gravado com a Orquestra Sinfônica de Santa Catarina para lançar. Gravamos em 2019 e lançaríamos em agosto de 2020, mas está em stand by até as coisas se normalizarem, pois faremos o lançamento apenas quando for possível apresentarmos novamente ao vivo com a Orquestra. Nos planos também está um tour pela Europa”, concluiu.
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