No mesmo dia que a cidade de São Paulo recebeu o festival “Setembro Negro” (Ragnarok, Belphegor e Morbid Angel) e no mesmo fim de semana de outras atrações de peso como Whitesnake e Judas Priest (Arena Anhembi) e Blind Guardian (Via Funchal), o grupo japonês X-Japan – ou X, como também é conhecido – finalmente fez sua primeira aparição no Brasil.
Não pense que o público que lotou as dependências do HSBC Brasil, em São Paulo, no dia 11 de setembro (domingo) era formado exclusivamente por nipônicos fãs de J-Rock. Antes do evento, a multidão que aguardava a entrada na extensa fila fora da casa de shows localizada no bairro da Chácara Santo Antônio, contava com os mais diversos tipos de aficionados por Heavy Metal, Rock’n’Roll, Hard Rock e adolescentes que curtem não apenas a música, mas animê e todo o apelo do visual kei apresentado há décadas pelos japoneses.
Em turnê que também passou pelo México, Chile, Argentina e Peru, o grupo iniciou o set com Jade, com seu começo mais pesado e industrial, e depois bem melódica. Apesar de recente, foi muito bem recebida pelo público, que acompanhou os movimentos da banda e gritou de forma ensandecida, ainda mais quando Yoshiki se levantava da bateria e ficava em pé no banquinho.
Ainda que estivessem pela primeira vez no Brasil, Toshi (vocal), Sugizo (guitarra e violino), Pata (guitarra), Heath (baixo) e Yoshiki (bateria e piano) estavam animados e realmente puderam se sentir em casa. Ao longo do show, todos seguiram gritando ‘We are X’, cruzando os braços e formando um “X” para mostrar sua devoção à banda, que seguiu com a adrenalina em alta com Rusty Nail, do álbum Dahlia (1996), e o single Silent Jealousy, de Jealousy (1991), último trabalho completo de estúdio gravado com o baixista Taiji Sawada, falecido em julho deste ano.
Os conterrâneos de Loudness, Anthem, Nightmare, EZO e Malice Mizer foram executando seus hinos de forma brilhante, enquanto o público não dava nenhum sinal de que iria parar de gritar. Assim, a agitação intensa e a performance visual repleta de jogo de luzes prosseguiram com Drain, mais uma de Dahlia. Após solos individuais de Sugizo e Yoshiki foi a vez da clássica Kurenai, mostrando o início de carreira Speed Metal do X, que faz um ‘Rock-camaleão’ e que também inclui incursões pelo Hard Rock, Heavy Tradicional, Industrial, Punk e outros estilos.
Na sequência veio Born To Be Free, seguida do solo de Yoshiki, que rapidamente mudou do piano para a bateria enquanto Toshi balançava a bandeira brasileira para executar as derradeiras I.V., tema do filme “Jogos Mortais 4”, e a acelerada X, de Blue Blood (1989). Cortejados e saudados como heróis, os músicos voltaram depois de alguns momentos para o bis, que começou de forma mais branda com Yoshiki agradecendo os gritos efusivos de forma calma com seu “Obrigado” em português, para depois beber uma lata de guaraná e gritar “Amo guaraná!”… Então, o líder do X voltou a agradecer e comentou que eles estavam aguardando por este show no Brasil há muito tempo. Além disso, relembrou os falecidos Hideto “Hide” Matsumoto e Taiji Sawada para depois emendar com Forever Love, cantada pelos presentes com emoção, assim como fizeram em mais balada, Endless Rain, na qual também ficaram agitando com bexigas coloridas nas mãos.
No final, veio Art Of Life e fechou com Tears ecoando nos PA’s enquanto os músicos se despediam saudando o público e seguiam tirando fotos, jogando água e interagindo com a plateia – com direito até a stage diving de Yoshiki. Depois todos foram deixando calmamente o palco, enquanto os fãs seguiam cruzando os braços e fazendo o sinal característico do “X”. Uma noite histórica para os admiradores do J-Rock. WE ARE X!