O primeiro passo foi dado com o EP Parasite (2020), uma porrada que transita pelo thrash, o death e o heavy metal e que colocou a The Damnnation na rota dos fãs de música extrema e da imprensa especializada do Brasil e do exterior. E o que está por vir reserva novos capítulos gloriosos a este furioso trio, composto atualmente por Renata Petrelli (guitarra e voz), Aline Dutchi (baixo) e Luana Diniz (bateria). Nesta conversa com a ROADIE CREW, Renata passa a limpo os primeiros anos da banda, enfatiza a repercussão positiva da estreia da banda e fala da expectativa para o primeiro full-length.
A ideia de formar uma nova banda surgiu no início de 2019, certo? Como foram as primeiras conversas até o surgimento efetivo do grupo?
Renata Petrelli: Na verdade, aconteceu quase que imediatamente após a saída minha e posteriormente a da Cynthia Tsai (baterista) da banda anterior (Sinaya). Eu já tinha algumas músicas prontas, gravei algumas demos e chamei a Cynthia e a Camila (Brandão; baixo), já pensando no formato de trio, por diversas questões. Tivemos o primeiro ensaio em maio daquele ano.
E embora tenham ocorrido algumas mudanças de formação no começo, a impressão que se tem vendo de fora é que as lacunas foram preenchidas muito rapidamente e que você encontrou em Aline e Luana as companheiras ideais para o debut full que está por vir.
Renata: Sim, é verdade. A Aline Dutchi é minha amiga há anos, e já tocamos juntas em outras bandas. Então nós duas nos conhecemos bem, o que facilita bastante, além da Dutchi ser bem criativa no baixo e responsável. Sobre a Lu, ao me ver nessa situação de mudança novamente, preferimos conversar bastante com ela antes, e também pedimos para ela gravar alguns vídeos tocando. A última “etapa”, por assim dizer, era nos encontrarmos pessoalmente, e ver se nós três teríamos química juntas tocando e convivendo. Melhor, impossível.
E cada uma possui uma bagagem de outras bandas. O que cada uma levou de experiência e que tão bem agregou à proposta da The Damnnation? Aliás, houve alguma mudança de direcionamento ou algum elemento novo adicionado à fórmula com as chegadas da Aline e da Luana?
Renata: A opção de ser um trio foi meramente por logística (risos). Aprendemos a ter mais foco, sermos mais organizadas também, dialogar melhor, decidir melhor. Neste álbum (que virá) não houve mudança de direcionamento, segue bastante coisa do EP com alguns detalhes mais trabalhados. Acredito que para o segundo, a Luana trará mais elementos do death metal para a bateria, mas a parte de arranjos seguirá o que temos apresentado.
Antes de adentrarmos nas composições, uma pergunta clichê que sempre vem à tona é a questão da quantidade de integrantes em uma banda. Em algum momento cogitaram mais uma integrante, mesmo com uma base tão sólida com as três?
Renata: Não (risos). Está bom assim, logisticamente falando. É mais coeso, mais fácil de decidir, de resolver. Algumas coisas sobrecarregam, por exemplo, gastos são divididos em menos pessoas, mas os benefícios de ser um grupo enxuto são inúmeros.
Minha pergunta anterior vai de encontro também à própria dinâmica, já que muitos defendem a tese de que um trio dá boa margem para improvisos e outras possibilidades. É por aí?
Renata: Eu acredito que sim, pois pegamos o exemplo do baixo, abre-se mais possibilidades de arranjos e de sobressair, ser um instrumento mais independente em relação à guitarra e não ficar só marcando.
Falando do EP Parasite (2020), quando as composições começaram a ser criadas? E como foi o processo de gravação e também mixagem?
Renata: Três faixas eu já tinha há muitos anos, deixei inclusive na gaveta. Elas viram a luz no EP. A gravação foi um pouco picada por conta da pandemia e a saída de integrantes; tivemos que gravar em duas partes. Foi gravado e mixado pelo Rogério Oliveira (guitarrista e produtor da Trend Kill Ghosts) em Guarulhos.
Em termos de repercussão, deu para ver que o público e a crítica curtiram bastante o trabalho. Qual a percepção de vocês nesse sentido?
Renata: Sendo bem sincera, eu fiquei bem surpresa, ainda mais sendo minha primeira experiência como vocalista. Entramos até em playlist oficial do Spotify, fomos destaque em alguns portais gringos também, foi bem surpreendente na real. Fiquei bem feliz!
Aproveito a deixa para pedir que comente um pouco cada faixa, por favor. Tanto nas temáticas, no processo de composição e na gravação. Começando com o primeiro ato, a brutal World’s Curse.
Renata: World’s Curse tem um “quê” mais stoner, com esse riff inicial arrastado. O solo é o que eu mais gosto desse EP. A letra é mais politizada, falando de muito dinheiro concentrado na mão de poucos e da desigualdade que isso gera…
Temos a agressiva Apocalypse, com ótimos riffs, em minha opinião, calcados no death, mas com variação de bases, indo do heavy ao thrash.
Renata: Os arranjos dessa música são bem antigos e devem ter mais de dez anos! Eu gosto muito dela, e na época ouvia muito Immortal (risos). A letra, porém, é atual, mais ácida, fala basicamente que toda atitude leva a uma consequência, que a verdade sempre aparece, que máscaras sempre caem…
Parasite é minha favorita e, ao que parece, da maioria dos fãs.
Renata: Esta música, acredito, traz uma influência de Metallica e Megadeth da minha parte (risos). Também é um som antigo, mas que, um pouco antes de gravarmos, mudamos algumas coisas na bateria. A letra, que também tem a ver com a de Apocalypse, é sobre como as pessoas podem ser egoístas e inescrupulosas muitas vezes.
Por fim, Unholy Soldiers, com direito àquele início do baixão na cara…
Renata: Essa música também tem um viés mais político, que fala sobre devoção cega a algo ou alguém, seja religião, política, enfim… Qualquer coisa que cause alienação ou uma visão deturpada da realidade em que se vive.
Como foi 2021 para a Damnnation? Claro que a pandemia impediu ou travou muitos planos para todas as bandas, o que é lamentável. Mas houve pontos importantes a serem ressaltados, certo? Como a própria entrada da Lu. E em termos de novas composições, o que poderiam nos adiantar?
Renata: Sim! Tivemos a entrada da Lu logo no início de 2021. Apesar de os shows ainda terem ficado em stand by, já conseguimos confirmar alguns, como a abertura para o Exciter, o pré-Kool Metal Fest, o Underground Noise Fest, entre outros. Além disso, finalizamos a gravação do nosso primeiro álbum, que deve ser lançado já no primeiro semestre. Gravamos também dois vídeos, nosso merchandise foi lançado etc. Em termos de preparo, foi ótimo para nós.
A produção do álbum full de estreia terá a assinatura de Rogério Oliveira e Martin Furia (Nervosa, Eskröta e tantos outros). Como é ter essas duas figuras presentes?
Renata: Além dos dois, a Mayara Puertas (Torture Squad), além de grande amiga, também me deu apoio, fizemos um intensivão, e ela me ajudou (muito) em desenvolver algumas técnicas de vocal etc. Ao meu ver, foi muito positivo para o amadurecimento das músicas. Tanto o Rogério quanto o Martin também foram parceiros demais, tendo paciência, tato, profissionalismo em nos ajudar e também encorajar a entregarmos nosso melhor. Foram ótimas experiências.
O que o ano reservará à banda? E aproveito a deixa para desejar um 2022 repleto de conquistas a vocês. Nos vemos nos shows, assim que possível.
Renata: Acredito que o ano será agitado, pelo menos é o que eu espero. A gente vai divulgando nosso som e finalmente vamos poder iniciar o caminho pela estrada, lançar novo material e continuar seguindo plantando e colhendo. Fica aqui meu muito obrigado pela entrevista e, claro, um ano novo cheio de boas novas, saúde e muitos shows! Nos vemos!
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