Quando Bobby Gustafson tocava no Overkill, bastava reparar em seu visual e em alguns modelos de guitarra que ele usava, que logo você identificava a influência de James Hetfield do Metallica no músico que hoje integra o Vio-Lence. E por falar em Metallica, em meados de 1992, durante show da turnê do “Black Album”, Hetfield foi atingido em seus dois braços pelas labaredas da pirotecnia da banda. Hetfield teve os braços enfaixados e ficou impossibilitado por um tempo de tocar guitarra ao vivo. A partir de então, a banda decidiu testar alguns guitarristas para substituir Hetfield, que passaria a apenas cantar nos shows. Andreas Kisser, do Sepultura, foi um dos músicos testados. O mesmo aconteceu com o próprio Gustafson, porém a vaga acabou ficando com o grandalhão John Marshall, guitarrista do Metal Church e roadie do Metallica, que já havia quebrado um galho pra banda anteriormente quando James quebrou o braço caindo de skate.
Em recente entrevista ao WWMusic, Gustafson falou de sua experiência em ser testado para substituir o frontman do Metallica na guitarra: “James pegou fogo. Eles me pediram para preencher (a vaga), então tentei aprender todas as dezoito músicas que eles me deram em literalmente dois dias. Entrando, porque não havia muito tempo, eu não conhecia nenhuma música completa. Eles deveriam ter me dado quatro ou cinco (músicas), e me deixar aprender ao longo das duas semanas que tínhamos de folga. Me arrependo disso. Poderia ter sido legal”, lamentou.
Gustafson opinou sobre a situação: “Acho que eles assumiram que eu conhecia as músicas. James, Kirk (Hammett) e eu éramos bons amigos, mas eu nunca fui do tipo que tocava material de outras pessoas. Eu estava sempre compondo para mim mesmo. Fui a primeira pessoa que (eles) ligaram naquela noite. Me sinto mal por decepcioná-los”, desabafou.
Dois anos atrás, Gustafson já havia falado deste assunto no programa Zetro’s Toxic Vault, no canal oficial de Steve “Zetro” Souza (vocalista do Exodus) no YouTube. “Eles me ligaram, Tony me ligou, tour manager deles na época. (Ele) me deu todo o setlist para aprender em dois dias. Eu tinha, tipo, 18 músicas. Mas eu sabia pedaços do Metallica; Não consegui passar por uma música inteira. Não foi isso que eu fiz, não aprendi as coisas dos outros. Então eles provavelmente achavam que eu sabia. Fiz o último show – que eu deveria ter cancelado -, mas fiz o último show com a (banda) I4NI, e eles estavam me levando para Denver para um teste. E eu disse: “Bem, não posso aprender todas essas músicas. O que eu vou fazer?”. Então, tentei aprender as mudanças fora dos vocais. Eu disse: “Deixe-me entrar nos vocais e vou conseguir todas as mudanças”. Houve uma chuva por uns 10 minutos, e atrasou meu voo por, tipo, quatro horas, então até muito tarde eu não estava chegando em Denver. E James ainda estava com dor na época, então ele não esperou – ele foi embora. Aí eles cancelaram para a noite e fomos no dia seguinte. E eu, tipo, ‘Ótimo! Tenho algum tempo para trabalhar sobre o material. Mas no dia seguinte ele nem apareceu. E aí eles fizeram um teste com cinco músicas. E eu pensei, ‘Por que eles não me contaram das cinco músicas?’. Eu poderia ter passado muito tempo aprendendo-as. E aí ele não estava lá no dia seguinte. Estávamos somente eu, Kirk, Lars (Ulrich) e Jason (Newsted)”.
Gustafson continuou: “John (Marshall), acho que eles meio que sabiam que seria o plano de backup se ninguém mais desse certo. Acho que Pepper (Keenan – Corrosion of Conformity) fez o teste. Sei que Mike (Gilbert), do Flotsam (and Jetsam) estava lá ao mesmo tempo que eu; ele tentou também. E pode ter havido alguns outros – apenas um punhado. Perdi isso. Isso provavelmente teria sido muito legal. Teria sido meu primeiro show de rock ao ar livre em estádio.
Nessa entrevista anterior, Zetro comentou com Gustafson sobre sua semelhança, à época, com Hetfield, principalmente no clipe de Elimination, do Overkill. Ao ser perguntado se teria “roubado” o visual de James, inclusive por ter usado no vídeo o mesmo modelo branco de guitarra, uma Gibson Explorer, Gustafson brincou: “Bem, nem tudo… Na verdade, foi ele quem recomendou a guitarra. Peguei da Gibson. Eles me deram uma (Flying) V branca, Explorer branca. Eu ainda as toco – as amo até a morte. Mas, às vezes, você pode fazer algo primeiro, mas você não alcança tantas pessoas como alguém que atinge um milhão de pessoas. Então, às vezes, eles acham que ele fez isso primeiro, e você ainda está no underground”, explicou.
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