Por Marcelo Gomes
Fotos: Mayra Tonetto
Nem com o frio que fez no último domingo, 6 de novembro, o público deixou de prestigiar, no Santo Rock Bar (Santo André/SP), esse encontro histórico do metal nacional. Os fãs tiveram a chance de ver o Shaman, que está promovendo seu mais recente trabalho, Rescue (2022), e o Viper, que está prestes a lançar mundialmente em 2023 o seu próximo álbum, Timeless.
Quem começou a noite foi o Viper, que atualmente é formado por Leandro Caçoilo (vocal), Pit Passarell (baixo), Felipe Machado e Kiko Shred (guitarras) e Guilherme Martin (bateria). Após introdução, o show se inicia com Coming from the Inside, do disco Evolution (1992), e prosseguiu com o clássico To Live Again, de Theatre of Fate (1989).
Caçoilo agradeceu a presença de todos, disse que estava sendo muito bom estar de volta com os amigos do Shaman, e anunciou Nightmares, do debut Soldiers of Sunrise (1987). A música começou com uma introdução de bateria em que cabe aqui destacar a performance de Martin. O cara que há dois meses foi atropelado por uma moto nos Estados Unidos e que consequentemente passou por cirurgia na perna, estava tocando como se não houvesse amanhã, um verdadeiro guerreiro do metal. Em retribuição, o público cantou alto o coro de Nightmares.
Em seguida, veio Cry from the Edge, que foi acompanhada nas palmas pelo público, que cantou o solo desde seu início. Nessa, Leandro interpretou de maneira magistral os vocais do saudoso maestro Andre Matos.
Era chegada a hora de música nova, Under the Sun, que estará presente em Timeless. A recepção para essa foi muito boa, ela junta elementos de todas as fases da banda, o que agradou bastante o público. De surpresa, Pit Passarell puxa Running Free, do Iron Maiden, junto com Guilherme, porém só tocaram um trechinho dela. Sem perder tempo, mandam a rápida Knights of Destruction, seguida de Dead Light.
Mais uma nova: Freedom of Speech. Essa, logo de início, tem um tema marcante na guitarra, com partes cadenciadas, outras rápidas e um solo que faz jus ao nome Shred de Kiko.
A noite esquentou com a mais punk do repertório, Coma Rage, na qual Passarell dividiu os vocais com Caçoilo. Com aquela introdução inconfundível de bateria foi a vez de Evolution, mais um clássico da banda que também teve os vocais divididos entre Leandro e Pit. Nessa, o destaque ficou por conta de Felipe Machado, que solou com a guitarra nas costas. O público foi à loucura.
Uma grata surpresa foi uma música do disco Evolution pouco tocada pelo Viper, Wasted, com Felipe Machado ao violão. Essa começa meio balada, tem partes rápidas e um refrão marcante. No meio do solo de Felipe, a correia solta de sua guitarra, porém ele se recupera a tempo de finalizar sua parte.
Dando sequência, anunciam a próxima música como a preferida de Passarell, Prelude to Oblivion, e aí tome mais uma atuação brilhante de Caçoilo, que foi ovacionado. Mais do que merecido!
Agora era hora de um dos maiores clássicos do metal nacional, a icônica Living For the Night. Nos primeiros acordes, a euforia foi tomando conta do público que cantou a plenos pulmões a música toda. Que cena maravilhosa pudemos presenciar. O grupo aproveitou a música para no decorrer apresentar cada integrante. Para não deixar ninguém parado, os músicos mandaram o hit Rebel Maniac, que conta com aquele refrão grudento, “Everybody, Everybody”, que foi cantado por todos aos berros.
O show, com quase uma hora, estava chegando a seu fim. Guilherme aproveitou o momento para fazer uma homenagem ao baterista D.H. Peligro, do Dead Kennedys, que faleceu no último dia 28 de outubro. Em sua memória, a banda tocou sua versão veloz de We Will Rock You, do Queen, e fechou com a faixa H.R., primeira composição feita pelo Viper, em 1984.
Com quase 40 anos de estrada, o Viper mostra que ainda tem muita lenha para queimar. Fez um show bem energético, tocando seus clássicos e algumas músicas novas. Com Leandro Caçoilo e o recém-admitido Kiko Shred, a banda ganhou gás, e pelo que foi apresentado no show, os fãs podem esperar de Timeless mais um grande trabalho do Viper.
Após um intervalo de aproximadamente 30 minutos para troca de palco, era a vez de Alirio Netto (vocal), Hugo Mariutti (guitarra), Luis Mariutti (baixo), Ricardo Confessori (bateria) e Fabio Ribeiro (teclado) apresentarem para Santo André o novo trabalho do Shaman, Rescue. A introdução Tribute começa a ecoar pelos PA’s, seguida da música The Time is Running Out, que dispõe de diversos climas, solos de teclado e técnica de ‘two-hands’ no contrabaixo, detalhes esses que fazem o público acompanhá-la atentamente. Porém, foi com Distant Thunder que a casa veio abaixo; os fãs deram um show à parte, cantando-a desde a introdução e agitando até o fim.
Para a próxima, Alirio disse que queria ouvir a voz de todos, e então veio For Tomorrow. Hugo, ao violão, e Alirio, foram acompanhados pelas palmas do público. Sob muitos aplausos, o frontman disse que o final dessa música sempre o arrepia. Agora era o momento de mais uma nova, Don’t Let it Rain. Essa tem uma pegada mais pop e um refrão fácil que foi acompanhado pelos fãs.
Dando sequência, veio o grande hit do Shaman: Fairy Tale. Apesar de terem tocado uma versão mais curta, quando os primeiros acordes no piano foram tocados, as mais diversas reações puderam ser notadas. Uns gritam, outros aplaudem, e ainda tem aqueles que a cantam do piano até o refrão. A interpretação de Alirio foi incrível. Certamente, esse foi um dos momentos mais emocionantes do show, junto com Gone to Soon (Rescue), música em homenagem a Andre Matos que veio na sequência. Nesse momento, Alirio pede para diminuírem as luzes da casa e sugere que o público ligue a lanterna dos celulares. É uma linda balada com um solo sensacional de Hugo. A nostalgia tomou conta do show.
O Shaman seguiu sua apresentação com a arrastada Reason, e tudo mudou quando tocou, talvez, a mais pesada de sua carreira, a porrada Turn Away. Não tinha como ficar parado!
Os músicos fizeram uma versão mais curta de Time Will Come sem aquele dueto clássico dos irmãos Mariutti e nem o solo emendando com a Ritual. Seguiram com mais uma do último lançamento, a faixa The I Inside, que começa com berimbau, percussão e aquela parada com piano e voz – nesse momento de interlúdio, Alirio tocou trecho de Who Wants to Live Forever, do Queen, e arrancou muitos aplausos. O quinteto se despediu com o clássico More, do Sisters of Mercy, regravado pelo Shaman no álbum Reason.
No bis, voltam com The Spirit (Rescue). No meio da música, Alirio fez um dueto com o público, que tentou acompanhar as peripécias vocais do cantor. Fecharam o show com dois clássicos de Ritual, respectivamente Here I Am e a pedrada Pride, essa com participação do vocalista Maycon Ernesto (Our Last Creation). Aliás, o que Confessori tocou nesse show não foi brincadeira. Tocar o show todo com precisão e pressão músicas complexas não é para qualquer um. O mesmo posso dizer de Luis Mariutti, que está com um som de baixo matador.
Durante 1 hora e 40 minutos, o Shaman passeou entre os três principais discos de sua carreira – Ritual, Reason e Rescue. Quem ainda tem algum receio de assistir a banda, pode ir sem medo. O Shaman tem uma performance excelente, continua tocando em alto nível, Alirio se encaixou bem na banda e, o principal, eles mostram que não perderam a essência.
Viper setlist:
01 Coming from the Inside
02 To Live Again
03 Nightmares
04 Cry from the Edge
05 Under the Sun
06 Knights of Destruction
07 Dead Light
08 Freedom of Speech
09 Coma Rage
10 Evolution
11 Wasted
12 Prelude to Oblivion
13 Living for the Night
14 Rebel Maniac
15) We Will Rock You (Queen)
16) H.R.
Shaman setlist:
01 Time is Running Out
02 Distant Thunder
03 For Tomorrow
04 Don´t Let it Rain
05 Fairy Tale / Gone to Soon
06 Reason
07 Turn Away
08 Time Will Come / Ritual
09 The I Inside
10 More (Sisters of Mercy)
11 The Spirit
12 Here I Am
13 Pride
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