JOHNNY GIOELI – São Paulo (SP)

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20/02/2023

Por Marcelo Gomes

Fotos: Roberto Sant’Anna

O vocalista americano Johnny Gioeli, conhecido principalmente pelas bandas Hardline, Axel Rudi Pell e Crush40, na qual faz trilhas para games, desembarcou no Brasil para se apresentar pela primeira vez no Brasil, tendo shows em São Paulo (SP) e Curitiba (PR). Com ingressos esgotados, o show de São Paulo ocorreu no último dia 10 de fevereiro no Legends Music & Bar, localizado no coração da Vila Madalena (reduto boêmio da cidade) e teve um setlist baseado principalmente em suas passagens pelo Hardline e Axel Rudi Pell. O evento contou ainda com a abertura da banda paulistana Nite Stinger.

Com o público ainda chegando, a banda paulistana Nite Stinger, que conta com Jack Fahrer (vocal), Bento Mello (baixo, Sioux 66), Bruno Marx (guitarra), Ivan Busic (bateria, Dr. Sin) e Leonardo Gonçalves (Desert Dance e Chromeskull), que substitui temporariamente o guitarrista Roger Benet, subiu ao palco pontualmente às 21h, desfilando um hard rock inspirado em bandas dos anos 80 e letras baseadas na vida noturna. Com um set baseado em seu primeiro disco, o homônimo Nite Stinger (2021), a banda, que no final de 2022 abriu para os suecos do Europe em Fortaleza (CE), conseguiu fazer uma performance consistente e que agradou bastante os presentes.

Além de músicas como You Want It, You Got It, That Feeling, Heading Out, Let Me In, Saturday Night, entre outras, incluíram um poderoso cover de Danger Zone (Kenny Loggins), que é uma das mais emblemáticas faixas da trilha sonora do filme Top Gun e o público adorou. Em 45 minutos, a banda mostrou a que veio e conseguiu aquecer o público que já lotava a casa. Dentre os presentes na plateia, Branco Mello do lendário Titãs se fez presente para prestigiar seu filho, Bento Mello, que fez jornada dupla nesta noite.

“O show foi muito especial para a gente! Nos preparamos bem e alguns de nós já tínhamos experiência de tocarmos juntos em outras bandas e projetos, com exceção do Bruno Sá, que se encaixou lindamente, assim como o próprio Johnny Gioeli, claro. Este entrosamento foi o que nos deixou mais satisfeitos, porque parecia uma banda que já tocava junta há bastante tempo. Tecnicamente beirou a perfeição, sem trave e foi uma experiência muito foda!”, comentou Bento Mello.

Às 22h25, após 40 minutos para a troca de palco, Carlos Chiaroni, proprietário da tradicional loja de discos Animal Records e apresentador do RMH, subiu ao palco para anunciar Johnny Gioeli como “uma das principais vozes do hard rock de todos os tempos”. A excelente banda de apoio, formada por Bruno Luiz (guitarra, StormSons e Command6), Bento Mello (baixo) e Gabriel Haddad (bateria, Sioux 66) e Bruno Sá (teclados, Geoff Tate) iniciou com a fantástica Tear Down The Walls (Axel Rudi Pell). De forma triunfal, Gioeli entrou agitando e já foi cumprimentando os fãs, que àquela altura se amontoavam na primeira fila. Então vieram duas do clássico Double Eclipse (1992), do Hardline, em sequência: Takin’ Me Down e Dr. Love. Johnny realmente canta de forma magistral e a energia que transmite em sua performance contagia de imediato. E o show só estava começando…

O público aproveitou a pausa para gritar o nome do vocalista, que estava com um sorriso estampado no rosto com a calorosa recepção. “É uma honra, um privilégio estar com a família de São Paulo”, disse Gioeli. Para delírio dos fãs, vieram duas do Axel Rudi Pell: Voodoo Nights e Strong As Rock. Antes da segunda, Johnny brincou com alguém da plateia – “estou vendo pessoas fortes aqui… Olhem para esse homem que veio diretamente da Áustria”, chamando-o de Arnold Schwarzenegger. No meio da música, testou as habilidades vocais do público paulistano num duelo com o título da música. A banda fez bem a lição de casa, com destaque para Bruno Luiz, que executou as músicas de forma primorosa – aliás, que timbre matador de guitarra!

“Vocês são a plateia mais barulhenta do mundo”, emendou Gioeli. Era nítida a satisfação dos fãs curtindo Life’s a Bitch, mais uma do Hardline. O tecladista Bruno Sá, que no último dia 20 de março esteve com Geoff Tate no palco do Tokio Marine Hall, começou a seguinte, Masquerade Ball, faixa épica de Axel Rudi Pell e que ao vivo ganhou uma interpretação mais dramática do cantor. Uma pena que não tocaram-na inteira, emendando um medley com Carousel. Sem demora, mandam Fever Dreams, presente em Danger Zone (2012) do Hardline. Quem notou a semelhança da introdução com a música tema do programa da Xuxa? A diferença é que a versão do Hardline tem alguns bpms a mais mas a melodia inicial de teclado é muito parecida. Claro que a música vai por um caminho diferente e voltado para o hard rock, mas é interessante notar a coincidência.

Mais uma vez ovacionado, Gioeli agradeceu todos, dizendo: “Sem vocês eu não seria nada”. Ele, então, prestou uma homenagem ao compositor/produtor Marc Tanner que ajudou-o a compor a próxima, Everything. O show vai se aproximando do fim, mas não sem antes de executar Hot Cherie, cover de Danny Spanos gravado pelo Hardline. Ela traz toda a nostalgia do estilo nos anos 80 de volta numa performance eletrizante e que teve seu refrão cantado por todos. O show seguiu com Rock The Nation quando, de repente, Gioeli cantou a frase “the lights turned off”. Tudo se apagou e a banda ficou imóvel por alguns segundos, deixando um suspense no ar. Porém, eles logo retornaram para finalizar a música. Ensaiam uma saída do palco, mas Gioeli disse que não ia dar uma de rockstar. Assim, encerraram o set com Rhythm from a Red Car (Hardline), com direito a apresentação da banda.

Para a sua estreia no Brasil, Johnny Gioeli focou o set em músicas do Hardline e Axel Rudi Pell e nem mesmo a ausência de material do Crush40 diminuiu a empolgação dos fãs. Com cerca 1h20 de show que mais pareceram 3 horas, tamanha a intensidade da apresentação, acompanhado de uma banda competente e com o público nas mãos, o carismático vocalista teve uma performance impecável e que certamente fez valer os anos de espera. Se a primeira impressão é a que fica, tranquilamente pode-se dizer que foi uma noite espetacular de hard rock.