Summer Breeze, Hellfest, Warped Tour, Rock in Rio, Otacílio Rock Festival… Todos esses festivais, e muitos outros, partiram de um ponto em comum: a visualização de uma oportunidade, seguida da união de forças para a realização do plano. Alguns começaram grandes, outros pequenos – mas começaram, perseveraram e venceram.
Recentemente, a banda As the Palaces Burn enxergou uma oportunidade e tratou de se movimentar para criar o Palaces Fest, que acontece dia 25 de fevereiro em Içara/SC. “Na região, passamos muitos anos sem um evento de metal relevante e isso nos impulsionou a tomar essa frente” declarou Alyson Garcia (vocal, ATPB).
Quando se trata de um festival, a escolha das bandas é um ponto crucial. Apesar de parecer uma coisa simples, ela envolve equilibrar gostos, agendas, popularidades e outras variáveis. Além de trazer nomes de projeção internacional, a organização do Palaces Fest abriu espaço e trouxe uma seleção variada. Dentro dessa perspectiva, Diego Bittencourt (guitarra, ATPB) adianta: “A escolha para essa primeira edição foi bem simples, optamos tanto por bandas mais antigas que voltaram ao cenário quanto por outras mais novas que estão ganhando destaque. A mesma fórmula irá se manter pra próxima edição […]”.
Krisiun e Hibria, que respectivamente promovem Mortem Solis (2022) e Metamorphosis (2022), terão a missão de fechar o evento em grande estilo. Trata-se de uma oportunidade única de conferir dois dos maiores representantes do metal brasileiro no exterior numa única noite. A ocasião marcará a estreia ao vivo do recém integrado guitarrista Vicente Telles ao Hibria para ao público, além de trazer os seus clássicos e músicas do seu último lançamento. “A gente não vê a hora de chegar e mandar esse som para vocês”, disse o empolgado vocalista Victor Emeka.
Estabelecidos no cenário metal mundial, esses veteranos pavimentaram o seu caminho tocando muito e sabem que a participação em festivais é importante para a criação de uma base de fãs. Palcos como o do Palaces Fest são uma oportunidade para os grupos que estão construindo a sua carreira. “Acredito que para algumas bandas do underground participar de um festival como o Palaces Fest, e tocar ao lado de grandes bandas cenário nacional, é uma oportunidade de estar mostrando o nosso som autoral não só para o público, mas também para os artistas que ali estarão”, enxerga o Guilherme Sezoski (vocal e guitarra, Murdok).
A dimensão continental do Brasil e a concentração econômica em algumas capitais, principalmente do sul e sudeste, faz com que bandas distantes desses centros acabem tendo que enfrentar ainda mais desafios para construir o seu nome. “[…] os grandes festivais estão nas grandes capitais, a distância atrapalha e o fato de estar longe dos grandes centros torna tudo mais caro”, reconhece Orland Júnior (vocal, Malice Garden).
A observação de Júnior é pertinente e retoma a questão de enxergar uma oportunidade discutida no início. Um festival como o Palaces Fest, realizado no sul de Santa Catarina, atende a uma demanda que de forma geral é desassistida. Afinal, turnês de metal raramente passam pelo sul do estado. “São poucos os festivais com essa estrutura no sul do Brasil […]. Para a banda e para cada integrante é uma vitória ter a oportunidade de mostrar a nossa música […], um festival com bandas de vertentes diferentes dentro do heavy metal sempre agrega e nos ajuda a alcançar pessoas que talvez não buscassem a nossa música por outros meios” confessa Davi Martins (vocal, Norium).
Percebe-se que a realização de um festival atinge várias camadas que acabam passando despercebidas do público geral, mas que têm efeitos muito positivos para as bandas que estarão no evento. Um deles é a oportunidade de grupos locais se apresentarem. “É sempre legal tocar em casa. Muitos dos quem vêm nos shows são conhecidos e amigos isso traz uma puta energia para gente. Saber que quem está nos vendo sabe da nossa história e vem para apoiar a cena local”, diz Eduardo Goulart (vocal, Milagro). Outro é manter acesa a chama de veteranos da cena metal, afinal, sabemos o quão difícil é fazer metal no Brasil. “Formei a Alkila em 2001 […]. Em 2014 resolvemos dar uma pausa […]. Por fim, em meados de 2022 a chama reacendeu e encontrei a vontade de seguir adiante com toda aquela devoção pelo underground. Era a hora de reviver esse filho adormecido”, conta Renato Lopes (guitarra e voz).
Diante de tanta coisa em jogo, é justo reconhecer que a música também é um negócio. “Desde o princípio, como responsável comercial, busquei apoio para os investimentos do grupo, e sempre tivemos um bom retorno. O que é uma coisa bem difícil de manter, mas estamos obtendo sucesso. A palavra de ordem dentro da banda é se superar a cada trabalho”, declarou Garcia.
Tendo a superação como palavra de ordem na ATPB, o evento que leva o seu nome promete surpreender. Quando questionados sobre a razão de assumir o risco de realizar o seu próprio festival, Bittencourt com muita segurança afirmou: “Não encaramos como um risco, mas sim em trazer uma nova oportunidade ao público do metal que temos em nossa região. A nossa ideia foi trazer isso de volta, na medida do possível e dentro da nossa realidade”.
Enxergada a oportunidade, a união de forças para o Palaces Fest tem gerado grandes expectativas e demonstra potencial para se perpetuar no tempo. “O princípio de tudo é oferecer ao espectador boas bandas, qualidade de som, organização e boa gastronomia. Conseguimos reunir tudo isso no Palaces Festival. Agora cabe ao público da música pesada apoiar a iniciativa para sustentar as próximas edições”, concluiu Garcia.
PALACES FEST
Içara – 25/02/2023 (sábado)
Abertura da casa:14h
Atrações: Krisiun, Hibria, As the Palaces Burn, Malice Garden, Norium, Milagro, Alkila, Murdock e Losna
Local: Garden Gastropub
Rodovia Jorge Zanatta, 1181
Içara – SC
Ingressos:
https://www.sympla.com.br/evento/krisiun-e-hibria-no-palaces-festival-icara-na-garden/1811469