SKULL FIST – São Paulo (SP)

Leandro Coppi
02/03/2023

Por Marcelo Gomes / Fotos: André Santos

No país do samba e em pleno feriado de carnaval, a Caveira Velha Produções teve a ousadia de marcar um show de metal em São Paulo com quatro bandas brasileiras (Sweet Danger, Axecuter, Murdeath e Hellway Train) e os canadenses do Skull Fist, que atualmente promovem Paid In Full (2022). O evento, ocorrido na Jai Club (SP) no último dia 20 de fevereiro, recebeu um ótimo publico, mostrando que foi uma ótima ideia para quem ficou na cidade e queria curtir o bom e velho heavy metal.

Quem começou o evento foi o Sweet Danger, formado por Adriano Conde (vocal), Marcelo Araújo e Felipe Sotnas (guitarras), Allan Brasil (baixo) e Bruno Morais (bateria), músicos que apresentaram uma performance consistente. Adriano Conde tem uma voz que lembra Udo Dirkschneider e o público, que ainda estava chegando na casa, gostou bastante do set, que trouxe músicas como Metal Mania, Runaway, Feast Under The Moonlight, Hard ‘N’ Heavy e Lust and Madness. “O evento começou pontualmente às 17h30 e ficamos muito feliz de saber que a rapaziada colocou em peso para prestigiar o cenário nacional underground. Apesar de um set curto e a ausência de uma guitarra, o show foi a cima do esperado”, comemorou Adriano Conde.

Na sequência, foi a vez do trio curitibano Axecuter, que atualmente conta com Danmented (vocal e guitarra), Ivan Pellicciotti (baixo) e Verdani (bateria). Formada em 2010, a banda faz um metal clássico e entregou um show pesado, começando com uma trinca que exalta o estilo de vida headbanger e o metal: Metal is Invincible, No God, No Devil (Worship Metal!) e Bangers Prevail. Os headbangers puderam sentir a potência da banda, que ainda apresentou Separate Ways, Darkness in Bottles e Attack. “O evento foi perfeito, com a produção, público e bandas levando o heavy metal a sério! Nada de blocos estúpidos tocando Iron Maiden em ritmo de Carnaval”, comentou Danmented.

Não foi diferente com o Murdeath, também de Curitiba, que faz um speed metal muito bem feito e cantando em português. O público paulistano teve a chance de ver Jean Nightbreäker (vocal e guitarra), Mateus Midnightkillër (guitarra), Luan “Slaughtrazör” (baixo) e Jeff Verdani (bateria) em sua última apresentação, já que a banda anunciou uma parada por tempo indeterminado. O set contou com músicas como Ataque de Leviatã, Possessão, Inquisição, Guerreiros do Anticristo e Quebre as Correntes. Destaque para os guitarristas, que estavam bem entrosados.

Para encerrar a participação das bandas brasileiras veio a banda mineira Hellway Train, que conta com Marc Hellway (vocal), Vinícius Thram (guitarra), Chris Maia (baixo) e Jon Albert (bateria) e fez um show incrível. Marc Hellway dominou o palco e dedicou Metal Widow para aqueles que falam que a cena de hoje é fraca.

No intervalo que durou cerca de 20 minutos, os próprios canadenses do Skull Fist fizeram os ajustes dos equipamentos antes da apresentação. Com tudo pronto e sem introdução, a banda formada por Zach Slaughter (vocal e guitarra), Casey Slade (baixo), Jonny Nest (guitarra) e JJ Tartaglia (bateria) começou o set com Hour To Live, faixa de Chasing The Dream (2014). É aquele tipo de som que tem a essência do metal, fazendo o público que lotava a casa interagir desde o primeiro segundo. Zach Slaughter aproveita para saudar os fãs e então seguem com Get Fisted, que foi cantada por todos.

“Vocês conhecem essa!”, disse o vocalista, seguido pelos riffs poderosos de You’re Gonna Pay, um dos destaques da noite, principalmente quando o andamento cai com uma bateria mais percussiva e o público acompanhou instantaneamente com aquele “Hey!, Hey!” e punhos erguidos. Que cena maravilhosa!

Sob os gritos de “Skull Fist”, a banda fez uma dobradinha do mais recente trabalho, com Long Live The Fist, que teve até o seu solo cantado, e Blackout. A energia estava incrível e, muito aplaudidos, os músicos seguiram com a pancada Ride The Beast. Depois, Zach largou a guitarra e ficou só nos vocais em Heavier Than Metal. No meio do solo, o vocalista se jogou no público e caiu nos braços da galera, que o carregou pela pista. Por sorte, conseguiu voltar a tempo de terminar a música.

O baterista JJ Tartaglia então fez um solo curto antes de iniciar Sign of the Warrior, arrancando aplausos dos presentes. Com uma levada mais cadenciada veio Bad For Blood, um hard rock com refrão grudento que fez todos cantarem. “Vamos tocar mais uma, tudo bem?”, perguntou o vocalista. Com aquele solo inconfundível e um riff poderoso o Skull Fist se despediu com Head of the Pack, para delírio dos fãs. A banda retornou ao palco com o público gritando por No False Metal, faixa do álbum Heavier Than Metal (2010). Para felicidade dos fãs, os músicos mandaram a música, já considerada um clássico. Então, eles saíram do palco mais uma vez e voltaram para encerrar com You Belong To Me.

O show dos canadenses do Skull Fist é uma viagem no tempo, um resgate nostálgico dos anos 80. A banda, que é um dos grandes nomes da New Wave of Traditional Heavy Metal (NWOTHM), consegue atrair a atenção de fãs de todas as idades. O público que lotou o Jai Club veio trajado de seus coletes cheio de patches e pôde ver um show sem frescuras e direto ao ponto. A tocha que foi passada pelos veteranos está sendo honrada. Depois dessa noite, não resta dúvidas que a chama do metal continuará acesa.