Não é lá muito comum no Brasil festivais começarem antes de o relógio virar para depois de meio-dia, e assim coube a Doro Pesch apresentar ao público tupiniquim uma tradição europeia ao abrir a sétima edição do Monsters of Rock às 11h30. E apesar do sábado ensolarado, o público obviamente ainda era tímido em tamanho nas dependências do Allianz Parque. No entanto, quem se dispôs a prestigiar o evento desde a primeira nota mostrou disposição, especialmente aqueles que estavam no gargarejo da pista VIP.
Assim, a recepção à Rainha do Metal – porque, sim, Doro é de fato e de direito a Metal Queen – e sua banda – formada pelo brasileiro Bill Hudson e por Bas Maas (ex-After Forever) nas guitarras, Stefan Herkenhoff no baixo e o fiel escudeiro Johnny Dee (ex-Britny Fox) na bateria – acabou sendo inversamente proporcional à quantidade de fãs presentes. E com a experiência de quem entrou na cena em 1980, Doro mostrou que não é boba: jogou para a galera com um set de 40 minutos que privilegiou seus anos de Warlock.
Das dez músicas, nada menos que sete saíram dos quatro discos de estúdio de sua ex-banda. Tudo bem que a vocalista alemã é sinônimo de Warlock, mas sua longeva carreira solo poderia ter sido mais bem explorada. Afinal, não é à toa que o show terminou com “All for Metal”, de seu mais recente álbum de inéditas, “Forever Warriors” (2018), quando todos acreditavam que o fim havia chegado com o clássico “All We Are”, do último trabalho do Warlock, “Triumph and Agony” (1987).
No entanto, e apesar de “Revenge” e “Raise Your Fist in the Air” terem sido bem recebidas, especialmente a segunda, com a plateia sob o comando da própria Doro, a maiorias dos fãs queria mesmo era ouvir o material bem mais antigo. Claro, a já mencionada “All We Are” é sempre responsável por uma festa, mas “Fight for Rock” e “Hellbound” não ficam atrás. Além disso, é sempre um prazer ouvir (e cantar) “Burning the Witches”, faixa-título do álbum de estreia do Warlock, lançado em 1984 e que deu início ao reinado de Doro.
Aliás, é preciso destacar o carisma da alemã. Aos 58 anos, Doro parece uma criança no palco, tamanha a alegria que esbanja por estar tocando heavy metal. Se o eterno sorriso no rosto é contagiante e absolutamente sincero, é porque a paixão pelo estilo é realmente de corpo e alma. Doro vive e respira o estilo de música do qual somos todos fãs. Dá gosto de ver, e não duvido que a própria banda agite o tempo todo exatamente para tentar acompanhá-la. Foi assim desde o início, com a dobradinha “I Rule the Ruins” e “Earthshaker Rock”, e ao fim do show só dava para pensar: “É apenas heavy metal, mas eu gosto!”.
Setlist
1. I Rule the Ruins
2. Earthshaker Rock
3. Burning the Witches
4. Fight for Rock
5. Raise Your Fist in the Air
6. Metal Racer
7. Hellbound
8. Revenge
9. All We Are
10. All for Metal