Em um festival com artistas clássicos dos anos 1960, 1970 e 1980, o Symphony X, oriundo da década de 1990, ganhou status de caçula. Isso e o fato de levar ao Monsters of Rock a única amostra de prog metal do dia reforçaram a minha curiosidade para ver como se sairiam Russell Allen (vocal), Michael Romeo (guitarra), Michael Pinnella (teclados), Michael LePond (baixo) e Jason Rullo (bateria). E o resultado final pode ser resumido em uma palavra: decepção.
Não com a banda, mas por causa do som que teimou em sabotar o quinteto de Nova Jersey (EUA) desde o início da apresentação, que começou às 12h30 – aliás, faça-se o registro: o festival fez jus às suas origens em Castle Donington, na Inglaterra, e mostrou pontualidade britânica em todas sete atrações. A situação ao longo dos 40 minutos de show se tornou tão irritante que, durante “Set the World on Fire (The Lie of Lies)”, a última do set, Allen não escondeu que estava putaço e atirou o pedestal do microfone no fundo do palco.
Uma pena, porque o Symphony X, sem novidades para apresentar, enxugou o repertório sem deixar de baseá-lo no disco mais recente, o ótimo “Underworld” (2015), que cedeu quatro das sete músicas, e manter o pé fincado em sua fase mais madura. De um passado mais distante, apenas “The Divine Wings of Tragedy” (1996) marcou presença, e com uma única representante, porque as duas canções restantes vieram de “Paradise Lost” (2007).
Enfim, já na abertura, com a excelente “Nevermore”, não se ouvia a guitarra de Romeo, muito menos o baixo de LePond, e o teclado de Pinnella só se juntou à voz de Allen e à bateria de Rullo já no fim. Quando foi finalmente possível ouvir Romeo, o som saía estridente e muitas vezes falhava, enquanto o que vinha do instrumento de LePond era um som gorduroso, mas cheio de estalos que estragavam a audição de “Sea of Lies”, que muito bem poderia ter feito a alegria dos eventuais fãs das antigas.
Além disso, em grande parte do show, a voz de Allen soterrava os outros instrumentos – a bateria, por exemplo, ficava apenas com bumbos audíveis e um som de caixa fraquinho, fraquinho. Só não foi pior porque Allen canta demais, mas os problemas de áudio – e talvez a escalação perdida da banda no meio do cast – minaram o ânimo do vocalista, que sugeriu um público sob efeito de marijuana por estar tão apagado. Digamos que foi um bom humor ácido, mas a verdade é que foi mesmo frustrante não poder apreciar ótimas músicas como “Serpent’s Kiss”, “Kiss of Fire” e “Set the World on Fire (The Lie of Lies)” em condições normais de temperatura e pressão.
Setlist
1. Nevermore
2. Serpent’s Kiss
3. Sea of Lies
4. Without You
5. Kiss of Fire
6. Run With the Devil
7. Set the World on Fire (The Lie of Lies)