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MONSTERS OF ROCK: KISS

Certa vez, Paul Stanley disse que há duas experiências que todos precisavam ter ao menos uma vez na vida: ir à Disney e assistir a um show do KISS. Nós, meros mortais, não iríamos mesmo discordar, mas acontece que ele está coberto de razão. Na música, não há nada parecido com o espetáculo do quarteto. Não há nada que sequer chegue perto, e foi isso que Stanley, Gene Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer entregaram no encerramento do Monsters of Rock.

Encerramento de uma história, aliás. Claro, há quem não acredite que agora a banda irá mesmo pendurar guitarras, baixo e baquetas, e por outro lado há quem não queira que isso acontece, afinal, um mundo sem o KISS é, com o perdão do trocadilho, um mundo sem heróis. Na reta final da turnê de The End of the Road, que, paralisada em 2020 por causa da pandemia, ganhou mais 50 datas em 2023, quando o quarteto de Nova York completa cinco décadas de vida, o KISS voltou ao Brasil pela segunda vez no período de um ano para um espetáculo sem muitas novidades.

KISS
Gene Simmons, Tommy Thayer e Paul Stanley (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

A rigor, a troca de “Tears Are Falling” por “Makin’ Love” no repertório, e um duelo de guitarra entre Stanley e Thayer no fim de “Calling Dr. Love”. Mas a rigor, também, foram quase duas horas de pura magia (e qualquer semelhança com a Disney não é mera coincidência), pois basta o “You wanted the best, you got the best; the hottest band in the world.. KISS!” ecoar nos alto-falantes para todo e qualquer problema ficar para trás – e todos temos problemas, então talvez agora você entenda por que se trata de uma experiência que qualquer deveria ter ao menos uma vez na vida.

Você pode ter visto o show em 2022 ou mesmo dois dias antes nesta perna final chamada “The Final 50”, mas o cair da cortina, revelando Starchild, The Demon, Spaceman e Catman descendo do topo do palco como se fossem super-heróis, continua sendo uma emoção única – e me desculpem os puristas, mas Ace Frehley e Peter Criss foram ao vento e perderam o assento. Duas vezes.

KISS
Gene Simmons e Tommy Thayer (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

Bom, o KISS ainda faz essa entrada triunfal ao som de “Detroit Rock City”, e os “get up” e “get down” da letra ganharam os backing vocals de luxo de 60 mil fãs num êxtase que continuou em “Shout it Out Loud”, acompanhada pelas mesmas dezenas de milhares de vozes e também por palmas, muitas palmas no refrão. “Deuce” trouxe, no enorme telão de alta definição no fundo do palco, imagens de arrancar lágrimas durante a coreografia no fim da música; e deixou a pergunta: como pôde a crítica, nos anos 1970, ignorar músicas de tamanha qualidade somente por causa do visual e do lado teatral da banda?

“War Machine”, na qual Singer sempre dá uma aula de bom gosto, até baixou um pouco a bola ao deixar no público um ar mais contemplativo, mas “Heaven’s on Fire” e “I Love it Loud”, esta com direito a Simmons cuspindo fogo, logo passaram novamente a quinta marcha. Apesar dos esforços de Stanley, “Say Yeah” continuou não sendo a melhor escolha para representar “Sonic Boom” (2009), e já que vão mesmo falar de backing tracks para a voz, que a banda jogasse logo com “Modern Day Delilah”.

KISS
Eric Singer e Paul Stanley (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

A bem da verdade, no entanto, foi o momento do show que, somado a “Cold Gin” e ao solo de Thayer, com os foguetes disparados da guitarra que “derrubaram” os três telões no teto do palco, serviu para dar um respiro a um público cansado da maratona de shows – àquela altura, muitos já estavam de pé há mais de seis horas, pelo menos. Nada, porém, que “Lick it Up” não resolvesse. Funcionou como uma injeção de ânimo, assim como “Psycho Circus”, que veio depois de “Makin’ Love”, simplesmente arrasadora, e “Calling Dr. Love”.

E como os solos individuais não são simples solos, o de Singer teve bateria levitando, piscadelas de olho para o público e um encerramento com a parte final de “100,000 Years”. Simmons, por sua vez, fez sua mise-en-scène demoníaca, vomitando sangue até a plataforma onde ele estava ser erguida até o teto, de onde mandou “God of Thunder” com a apoio dos telões que mostravam seu rosto ensanguentado, num formato de desenho animado para gente grande, cantando toda a letra.

KISS
Paul Stanley (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

O que fazer depois de todo esse espetáculo teatral? Ir para a galera, o que fez Stanley ao usar a tirolesa para voar sobre a plateia até o fim da pista VIP, onde estava montado o palco que o receberia para “Love Gun” e “I Was Made for Lovin’ You”, num momento de suar os olhos, especialmente na segunda. E os olhos seguiram marejados em “Black Diamond”, reforçada pelo literal poder de fogo de um show do KISS e o que mais um grande espetáculo pode oferecer. Por exemplo: a bateria levitando e revelando a imagem dos dois gatos dourados, assim como está na foto interna de “Alive II” (1977) – sim, o KISS já fazia isso na década de 1970. O resto sempre foi imitação.

Hora do bis, e um piano branco de cauda é colocado no centro do palco para Eric Singer fingir que está tocando enquanto canta (de verdade) “Beth” – a maldade da hora manda dizer que é um forcinha para Criss receber mais um cheque de direitos autorais. Banda no palco, foto oficial tirada com 60 mil fãs ao fundo, e “Do You Love Me” vem a seguir para fazer a festa da pista com enormes balões brancos com o logo da banda e avatares de cada integrante.

KISS
Gene Simmons (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

O encerramento pode ser óbvio, mas é tão óbvio quanto o show de luzes e de fogos no Castelo da Cinderella no fim de cada dia em Magic Kingdom, na Disney. Ou seja, faz muita se emocionar e chorar. “Rock and Roll All Nite”, o hino nacional (ou mundial, mesmo) do rock’n’roll tem como companhia muita pirotecnia, muito papel picado e um grand finale com serpentinas, digamos assim, e Stanley quebrando uma guitarra que será vendida por alguns milhares de dólares a algum fã abastado.

Ainda assim, não se compara às lembranças do maior espetáculo musical da Terra. Lembranças que ficarão eternamente na memória (e que custaram somente o preço do ingresso). Acabou? Sinceramente, parece que sim. Honestamente, tomara que não. Um mundo sem o KISS é um mundo sem super-heróis.

KISS
Eric Singer (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

Setlist
1. Detroit Rock City
2. Shout it Out Loud
3. Deuce
4. War Machine
5. Heaven’s on Fire
6. I Love it Loud
7. Say Yeah
8. Cold Gin
9. Tommy Thayer Solo
10. Lick it Up
11. Makin’ Love
12. Calling Dr. Love
13. Psycho Circus
14. Eric Singer Solo/100,000 Years
15. Gene Simmons Solo
16. God of Thunder
17. Love Gun
18. I Was Made for Lovin’ You
19. Black Diamond
Bis
20. Beth
21. Do You Love Me
22. Rock and Roll All Nite

KISS
Tommy Thayer (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)
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