Por Marcelo Gomes
Fotos: Isabela Lopes
A cidade de Curitiba (PR) recebeu o penúltimo show da turnê latino-americana do ex-vocalista do Accept, Udo Dirkschneider, em conjunto com o ex-Judas Priest, Tim “Ripper” Owens. Nem o frio e a chuva espantaram o público que lotou o Hard Rock Cafe no último dia 26 de abril para ouvir os clássicos de duas referências do heavy metal.
O primeiro a subir ao palco foi o americano Tim “Ripper” Owens, acompanhado por uma super banda brasileira formada por Johnny Moraes e Wagner Rodrigues (guitarras), Fabio Carito (baixo) e Marcus Dotta (bateria). Eles começaram com Metal Gods e a sensação é que entramos numa máquina do tempo que nos levou até ao DVD Live In London, de 2002. A voz de Ripper está no mesmo nível de 20 anos atrás; é impressionante. Bastou só uma música para o cantor ter seu nome gritado e ele aproveita para perguntar: “Qual é o meu nome?” para então anunciar The Ripper. De sua fase com o Priest, tocam a espetacular Burn In Hell, logo de início sendo acompanhada por palmas e tendo seu refrão gritado por todos.
“Vocês gostam de heavy metal?”, questiona o vocalista. O baterista Marcus Dotta então começa Painkiller e mais uma vez Ripper mostra que está num nível absurdo. Vale destacar que o guitarrista Johnny Moraes seguiu a risca o solo feito pelo Glenn Tipton. Então, do álbum Demolition, veio Hell Is Home. Com uma cerveja na mão, Ripper dedica Hell Bent For Leather ao público. E foi realmente um presente para os fãs, já que essa até então não havia sido tocada na turnê. Para encerrar, tocam One on One, mais uma do álbum Demolition com seu refrão entoado como mantra e finalizam com Electric Eye. Ripper muito aplaudido, chama sem enrolação seu colega alemão.
Era a vez do lendário vocalista, Udo Dirkschneider mostrar a que veio. A primeira do set foi Starlight, mas infelizmente o guitarrista Wagner Rodrigues teve problemas com seu amplificador e forçou uma pausa no show por alguns minutos. Com tudo restabelecido, tocam duas do álbum Metal Heart, Living For Tonite e Midnight Mover. Ao meu lado, um distinto senhor batia cabeça como se estivesse nos anos 80 enquanto o baixinho cantava os clássicos de sua ex-banda. Em Breaker não foi diferente, pois o andamento é rápido e não deixa ninguém ficar parado. A dupla de guitarras assume o protagonismo e vai mais a frente do palco para fazer uma introdução para um dos maiores clássicos do Accept. A partir daí tocaram somente Princess of the Dawn com direito a cantar o solo de guitarra tão alto que quase encobria o som da banda. A banda explorou o momento fazendo a galera soltar o gogó por alguns minutos. E não para por aí, pois já emendam com Fast As Shark. A introdução geralmente pré-gravada foi cantada por UDO e logo tomou conta do Hard Rock todo.
O público não teve descanso, foi um clássico atrás do outro. Sem anúncio mandam Metal Heart, com o refrão sendo mais um daqueles que todos acompanham de forma intensa; e o solo também, que é cantado até mais alto, chegando a arrepiar. Wagner faz um pequeno improviso, mas logo volta ao tema original do solo. Mais uma vez, a banda aproveita para deixar que todos cantem. O alemão se mostra satisfeito com a recepção calorosa. É interessante ver que mesmo depois de décadas, essas músicas que fazem parte da história do metal mundial ainda emocionam as pessoas.
Claro que não poderia nessa noite de clássicos, faltar o hino Balls to The Wall. Mais uma daquelas que o solo de guitarra tem praticamente a mesma importância do refrão tamanha a paixão que os fãs cantam. Em meio as diversas repetições da melodia do solo, surge Ripper Owens que ajuda no refrão. A noite parecia completa mas ainda juntam forças para cantar Breaking The Law e acabam em clima de festa com Living After Midnight.
Tive a chance de ver Tim Ripper na Demotilion Tour 2001 e diversas vezes ao longo dos anos, mas vê-lo cantando em Curitiba praticamente no mesmo nível de 20 anos atrás foi espetacular. Pelo jeito a academia e a dieta que vem fazendo tem refletido de maneira positiva em sua voz. E o que falar de Udo Dirkschneider, com mais de 70 anos e ainda fazendo o que gosta? Trata-se de um verdadeiro patrimônio da música pesada. Enfim, que noite de metal, definitivamente uma daquelas memoráveis!
Ripper Owens – setlist:
01) Metal Gods
02) The Ripper
03) Burn In Hell
04) Painkiller
05) Hell Is Home
06) Hell Bent For Leather
07) One On One
08) Electric Eye
Udo Dirkschneider – setlist:
01) Starlight
02) Living For Tonite
03) Midnight Mover
04) Breaker
05) Princess Of The Dawn
06) Fast As Shark
07) Metal Heart
08) Balls To The Wall
08) Breaking The Law
09) Living After Midnight