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MYRATH – São Paulo (SP)

Por Thiago Rahal Mauro

Fotos: Belmilson Santos

Na última segunda-feira, 1° de maio (feriado do Dia do Trabalho), o público paulistano mostrou porque é um dos mais atuantes da cena metal do Brasil. Mesmo após dois dias de “Summer Breeze Brasil”, os fãs encheram o Carioca Club, em São Paulo, para assistir pela primeira vez em solo brasileiro a banda tunisiana Myrath. Formado em 2001, o Myrath tem se destacado pela mistura de prog metal com influências do Oriente Médio, sendo a primeira banda de rock na história da Tunísia a assinar contrato de distribuição com gravadoras e sair em turnê mundial. Este show deveria ter acontecido em 2022, porém, segundo a produtora, os músicos tiveram problemas com seus vistos, o que fez com que a estreia do grupo fosse adiada.

Como de costume em eventos da Dark Dimensions, bandas brasileiras se apresentam antes do artista internacional para mostrar um pouco do seu trabalho a outros públicos, e dessa vez não foi diferente. Pontualmente às 18h20, a primeira banda a entrar no palco foi a Ego Absence. Liderada pelo vocalista Raphael Dantas (Soulspell, ex-Carevellus), a Ego Absence tem recebido boa aceitação do público após o lançamento de Serpent’s Tongue e tem se apresentado em shows internacionais e nacionais de renome em São Paulo – completam o line-up André Fernandes (baixo), Guto Gabrelon (guitarra) e Augusto Bordini (bateria).

Com uma sonoridade calcada no Power/Prog, a banda agradou os presentes que já conheciam muito dos seus sons e cantavam o refrão de algumas músicas – algo bem surpreendente em se tratando de banda de abertura. Após introdução, Serpent´s Tongue abriu os trabalhos com muita pegada, velocidade e melodias cativantes. Outros destaques do show foram Let it Burn e I Am Free – essa com letra sobre pessoas que te colocam para baixo, mas que quando você consegue se desvencilhar das mesmas a sensação é a melhor possível. A nova Wake Up To Life e a faixa que dá nome à banda fecharam a apresentação com muitos aplausos. Sinceramente, nem parecia que a Ego Absence era banda de abertura, tamanho foi a boa aceitação. Se você gosta de power e prog metal, essa banda é mais do que indicada.  

Na sequência, por volta de 19h40, a também nacional Skalyface foi outra banda que se apresentou para um público seleto e bem participativo. Formado em 2020 – ano de início da pandemia de Covid-19 -, o grupo conta com Marlon Bueno (vocal), Renan Paradella e Diogo Novello (guitarras), William Cupim (baixo) e Rafael de Abreu Raimundo (bateria). Diferente da sonoridade do Ego Absence, o Skalyface segue mais pelo heavy tradicional com melodias marcantes e bons solos de guitarra. 

Com Sailing with the Gods e Lord of the Night, a banda mostrou sua sonoridade logo de cara. Marlon Bueno mostrou toda sua potência vocal nestas primeiras músicas. Por sinal, Marlon é aluno de Raphael Dantas (Ego Absence), que, inclusive, participou da música Spear of Destiny, em um dueto bem divertido – isso mostra que bons cantores podem aparecer a partir de bons professores. Outros destaques ficam por conta das músicas Time of Miss You, Dark Angel (um dos videoclipes da banda) e Burn Your Masks (que também ganhou vídeo). O público aplaudiu bastante e aprovou o Skalyface, que se despediu com a tradicional foto de término de show. Caso você seja fã de heavy metal tradicional, anote esse nome! Ah, e assim como as do Ego Absence, as músicas do Skalyface também estão todas nas plataformas digitais. 

Pontualmente às 20h30, ecoou nos PAs do Carioca Club a introdução ASL. Os fãs foram ao delírio, pois sabiam que o Myrath estava prestes a entrar no palco. Um por um, os músicos foram se apresentando e Born to Survive foi iniciada, com direito a gritaria e cantoria dos fãs. A mistura de progressivo com sons do Oriente Médio ficou evidente logo de cara, pois essa música do álbum Shehili tem essa veia bem latente. Impossível não associar uma coisa à outra.   

Em pleno Dia do Trabalho, este repórter teve a incrível oportunidade de presenciar o tão aguardado show do Myrath, grupo conhecido pela amálgama única de metal progressivo com elementos da música árabe e que trouxe uma performance impressionante, repleta de energia e virtuosismo. Desde o primeiro acorde, a banda conquistou a plateia com sua musicalidade cativante e sua presença de palco contagiante. 

Formado por Zaher Zorgati (vocal), Malek Ben Arbia (guitarra),  Anis Jouini (baixo) e Morgan Berthet (bateria) – Kévin Codfert, tecladista, fez o show em São Paulo -, o Myrath mostrou um poder com um público que há muito tempo eu não assistia. Logo quando iniciaram a música You’ve Lost Yourself, o jogo estava ganho e os olhares do público se voltaram para a alegria de Zorgati, frontman que tem uma presença de palco fora do comum. 

Em Dance, o show ficou por conta da dançarina Bia Sutter (até onde se sabe, ela não é parente de Bruno Sutter), que participou no palco fazendo todas as danças típicas do Mundo Árabe e interagindo com Zorgati de uma maneira que parecia que eles se conheciam há anos. Zorgati, aliás, demonstrou um talento vocal excepcional, transitando com maestria entre os tons melódicos e os momentos mais intensos e agressivos das músicas. Sua performance foi cativante e transmitiu toda a emoção presente nas letras.

Além da qualidade musical, a produção do show foi muito boa, com todos os instrumentos podendo ser ouvidos de maneira clara e limpa. O palco estava adornado com uma cenografia simples, mas que fazia o público viajar para um país milenar. A iluminação vibrante e efeitos visuais também transportaram o público para um mundo mágico. Em suma, a sincronia entre música e atmosfera criadas no palco foi perfeita.

Continuamos no mundo árabe com Monster in My Closet e Shehili, ambas do último disco de estúdio da banda. Os sons do teclado e o groove nos levavam até a Tunísia, parecia até que estávamos dentro do filme Aladim. Para surpresa dos fãs, o que não é muito costume atualmente, a banda apresentou algumas músicas inéditas do próximo álbum, Karma, que deve ser lançado no segundo semestre. A primeira foi Child of Prophecy, que tem uma melodia cativante e que pesa mais para o lado progressivo. Particularmente, eu gostei, e agora quero ouvir a versão de estúdio. 

Prosseguindo, o Myrath volta um pouco no tempo com Merciless Times, faixa de Tales of the Sands, álbum de 2010, e um dos responsáveis por catapultar a banda para o mundo. Lili Twil e Get Your Freedom Back seguiram com o público ganho. Nesta última, Zaher chamou seu amigo Michel da Luz para dividir os vocais. E o cantor brasileiro se saiu muito bem, não ficando impressionado no palco e cantando como se fosse da banda, algo que chamou a atenção de Zaher. “Fomos transportados para outros ambientes com muita aventura, ao som do metal prog e a mescla de melodias e instrumentos orientais. O Myrath entregou um show incrível com casa cheia cantando todas as músicas e riffs a todos pulmões. Tive a honra de subir ao palco para cantar “Get Your Freedom Back”. Com certeza a primeira de muitas vezes da banda aqui na América Latina, entregando ao público uma experiência única com uma energia absurda!”, declarou Michel da Luz.

Na faixa Tales of the Sands, mais participação de Bia Sutter, que com suas curvas e danças hipnóticas, encantou a todos os presentes e levou os fãs novamente ao Oriente Médio com a mistura entre dança e metal progressivo. Como dito acima, a banda apresentou mais uma música nova. Dessa vez, Let It Go, que ganhou sua estreia nos palcos e agradou os fãs – e eles curtiram essa exclusividade. 

The Unburnt, No Holding Back e Beyond the Stars fecharam a primeira parte do show com maestria. O repertório selecionado foi uma combinação perfeita dos sucessos da banda. Cada música foi recebida com entusiasmo pelos fãs, que cantaram junto e dançaram ao som do Myrath. Houve momentos de grande emoção, em que a conexão entre banda e público era palpável.

Na volta do bis, o Myrath apresentou talvez os maiores sucessos de sua carreira. Endure the Silence, com sua melodia marcante, foi a primeira da volta aos palcos. Antes de apresentar Jasmin, uma clássica faixa da mistura entre o mundo árabe e o metal progressivo, o baterista Morgan Berthet apresentou um pequeno, porém bem cativante, solo de bateria. Para finalizar o show, nada melhor do que Believer, faixa que todo mundo acaba conhecendo a banda, principalmente por causa de seu videoclipe magistral, um dos melhores dos últimos anos, aliás. Ao vivo, essa música soa ótima, seu refrão foi cantado em uníssono. Foi de lavar a alma!

O show do Myrath em São Paulo foi uma experiência inesquecível e marcada por talento, paixão e uma atmosfera única, que, de fato, te leva ao Oriente Médio. A banda mostrou estar em seu melhor momento, e entregou uma apresentação perfeita, deixando uma lembrança duradoura em todos os presentes.

Para os fãs de metal progressivo e da fusão de culturas musicais, o show do Myrath é um evento imperdível. Espero que a banda retorne em breve, proporcionando mais momentos mágicos como esse para todos os seus fãs.

Myrath set list:

01 – Asl

02 – Born to Survive

03 – You’ve Lost Yourself

04 – Dance

05 – Monster in My Closet

06 – Shehili

07 – Child of Prophecy (do novo álbum “Karma”)

08 – Merciless Times

09 – Lili Twil 

10 – Get Your Freedom Back (com participação de Michel da Luz)

11 – Tales of the Sands

12 – Let It Go (do novo álbum “Karma”)

13 – The Unburnt

14 – No Holding Back

15 – Beyond the Stars

Bis:

16 – Endure the Silence

17 – Jasmin (com solo de bateria)

18 – Believer

Skalyface set list: 

01 – Sailing With The Gods

02 – Lord of the Night

03 – Screaming in Silence

04 – Wratchild (Iron Maiden Cover)

05 – Time of Miss You

06 – Spear of Destiny

07 – Dark Angel

08 – Burn Your Masks

Ego Absence set list:

01 – The Fools Trap Symphony (Intro)

02 – Serpent´s Tongue

03 – G.O.D.

04 – Let It Burn

05 – I Am Free

06 – Wake Up To Life

07 – Ego Absence

08 – Reached Answers (Outro)

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