Como muitos sabem, a formação clássica do Slayer era uma fusão de músicos das três Américas. Da América do Norte os guitarristas americanos Kerry King e o saudoso Jeff Hanneman; da América do Sul o baixista/vocalista chileno Tom Araya; e da América Central o baterista cubano Dave Lombardo. Em entrevista recente a Revolver Magazine, Lombardo falou bastante sobre seu passado em termos pessoais e relembrou a mudança de sua família que saiu com ele de Cuba para ir morar nos Estados Unidos.
Descendente de italianos através de seu bisavô paterno que se mudou para Cuba no século 19, Lombardo nasceu em Havana, onde seu pai possuía três mercados de carne. “Nasci em uma noite de lua cheia em 16 de fevereiro de 1965, em Havana, Cuba. Fiquei lá por apenas um ano e meio”, detalhou Lombardo.
A partir daí, Lombardo relatou como foi esse período difícil de transição para sua família. “Cinco anos antes de chegarmos em Los Angeles em 67, meus dois irmãos mais velhos foram enviados para a América. Eles tinham 10 e 13 anos. Eles foram enviados para a América com um grupo de cerca de 14.000 crianças – o que era um punhado em comparação com a quantidade que foi deixada para trás – para escapar do comunismo”, revelou. “Minha mãe e meu pai não queriam que eles fizessem parte do regime militar. Então, meus pais, através da Igreja Católica, colocaram meus dois irmãos em uma cidade aqui no sul da Califórnia chamada Long Beach, de onde é o (rapper) Snoop Dogg. É também onde estive toda a minha vida. Eles iam mandar meus irmãos para viver em um lar adotivo, e então meus pais iriam seguir com minha irmã. Meus pais iam conseguir um visto para fugir, mas (Cuba) estava no meio dessa coisa política com a Rússia, e a crise dos mísseis cubanos aconteceu e fechou as fronteiras. A parede foi levantada e não havia comunicação entre meus pais e meus irmãos, apenas por cartas. Então, minha mãe e meu pai não puderam ver meus irmãos por cinco anos”. Lombardo continuou: “Foi horrível para mamãe e papai. Eles pensaram que nunca mais veriam meus irmãos. Acho que meus pais iam se divorciar. Meu pai perdeu seus negócios; foi muito ruim. Então, minha mãe disse que tinha um encontro com meu pai e aqui estou eu. Aí, eles ficaram juntos e, com certeza, em 67, eles conseguiram pegar um voo para Los Angeles e depois se encontraram com meus irmãos mais velhos”.
Lombardo recordou também da convivência com sua irmã, com quem cresceu na ausência dos outros dois irmãos. “Tenho uma irmã mais velha. Prefiro não falar dela. Ela não é a ovelha negra, mas todos nós temos uma em cada família. Assim, basicamente eu era o único filho. Era uma casa cubana: música cubana, comida cubana, língua cubana… Mas quando eu estava do lado de fora da porta, estava na América – a terra da oportunidade -, onde você pode ser o que quiser ser. Acho que isso teve um papel na motivação que eu tinha de ser quem eu sou hoje”.
O baterista recordou também de seus primeiros anos vivendo nos Estados Unidos e admitiu ter se apaixonado ali pela cultura ‘outsider’ do metal: “Adaptei a língua inglesa da melhor forma possível. Não tenho sotaque, mas a língua cubana foi minha primeira língua. Aprendi a falar inglês na escola. (…) Adorei a vibe do sul da Califórnia: skates, frisbees, praias, surf, hot rods… Eu ainda gosto dessas coisas – e, claro, da música. O rock americano foi o máximo. Meus pais ouviam muita música cubana em casa, mas eu gravitava em torno do que estava no rádio. Eu tinha um gravadorzinho, e eu sentava ao lado do aparelho de som e gravava músicas que eu gostava”.
Leia a entrevista completa de Dave Lombardo para a Revolver aqui.
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