CULT OF FIRE – São Paulo (SP)

Por Marcelo Gomes

Fotos: Roberto Sant’Anna

Após cinco anos, a banda tcheca Cult Of Fire retornou ao Brasil para o encerramento da atual turnê, “Mantas Sobre Latinoamerica 2023”. A fim de promover seu mais recente EP, “Om Kali Maha Kali” (2023), o grupo trouxe um novo cenário e visual para um show único na cidade de São Paulo, ocorrido em 17 de junho, no Hangar 110. Nem o frio que acometia a cidade espantou o público ávido por participar do culto ao fogo promovido pela banda.

Conforme previsto, às 21h as luzes se apagaram, enquanto as cortinas permaneciam fechadas. Um clima de suspense envolvia a casa, antecipando o espetáculo que estava prestes a começar. O Cult Of Fire, conhecido por mesclar black metal com influências da música asiática meridional, temas hindus, rituais védicos e elementos esotéricos, atraía uma legião de fãs ávidos por sua combinação exótica.

Ao som de “Om Kali Maha Kali”, as cortinas se abriram, revelando um cenário deslumbrante cuidadosamente preparado pela banda para essa turnê especial. O palco apresentava duas imponentes najas em cada lado, enquanto um altar repleto de velas e oferendas completava a atmosfera mística. Vojtech Holub (vocal), Vladimir Pavelka (guitarra), Peter Hetes (bateria) e Marek Opatrny (guitarra), vestidos com trajes enigmáticos e encapuzados, permaneceram sentados, de pernas cruzadas, durante todo o show, protegidos pelas serpentes. A energia no ambiente era palpável, alimentando a expectativa e a devoção do público.

A apresentação seguiu com “Zrození výjimečného” e “Nečistý”, deixando o público em choque diante da performance intensa e dos elementos teatrais oferecidos pelos tchecos. Era como se fosse a primeira vez que aqueles espectadores presenciassem algo tão impactante. Ficaram praticamente imóveis, hipnotizados, tentando decifrar os mistérios que se desenrolavam diante de seus olhos. Um detalhe intrigante é que a banda mantinha um silêncio total, sem qualquer comunicação com a plateia, aumentando ainda mais o mistério que envolvia as figuras enigmáticas por trás daquelas vestimentas.

No entanto, essa aparente frieza na interação não gerou qualquer desconforto entre os fãs. Todos permaneciam atentos enquanto o Cult Of Fire executava com maestria músicas como “Jai Maa!”, “Har Har Mahadev” e “Kali Ma”, que é uma verdadeira viagem progressiva na qual o vocalista Vojtech, em uma atuação teatral impactante, fez uma oferenda às entidades despejando alguma bebida no seu altar. Esses elementos teatrais adicionavam uma camada extra de fascínio à performance, dando vida às melodias cativantes da canção.

A pancadaria voltou com “Untitled 1”, um belo exemplar do estilo que veio com muita agressividade e ótimos solos de guitarra. Os teclados se fizeram presentes, apesar de não ter nenhum tecladista no palco, sendo usadas bases pré-gravadas. Em “Khanda Manda Yoga”, apesar do nome, os guturais em meio à melancolia da música não trouxeram nenhum relaxamento aos que acompanhavam toda aquela atmosfera mística.

Nessa altura, os fãs, que praticamente só aplaudiam nos finais das músicas, bateram cabeça em “Závět světu”, que é uma desgraceira. A velocidade da música é extrema, demonstrando que a dupla de guitarras e o baterista estavam muito entrosados. Tocaram ainda a longa “Buddha 1”, que tem um mantra no final, “Buddha 5” e encerraram com “Burned By The Flame Of Divine Love”. Se despediram enquanto as cortinas se fechavam, mas surgiram depois de alguns minutos descaracterizados para atender o público extasiado pela apresentação.

Não se tratou apenas de um show, mas de um espetáculo que só pode ser verdadeiramente vivenciado ao estar presente. O místico e o oculto continuam a despertar a imaginação das pessoas e a atrair os curiosos. Foi fascinante testemunhar o impacto da apresentação sobre o público, que parecia atordoado ou, talvez, imerso em uma atmosfera transcendental que permeava cada momento. Os espectadores permaneceram praticamente imóveis, cativados pelo que testemunhavam, e nem mesmo a ausência total de comunicação por parte da banda diminuiu a profunda admiração dos fãs.

O Cult Of Fire, assim como outras bandas do gênero, desbrava caminhos extremos e desafia os limites convencionais. Enquanto o black metal tradicional ainda tem seu lugar, há grupos que ousam ultrapassar fronteiras e incorporar diferentes influências, dando novos rumos à sua música e performance. O Cult Of Fire é um exemplo desse espírito exploratório e é em eventos como esse que a magia da música se revela em sua plenitude.

Cult Of Fire – Setlist:

  1. Om Kali Maha Kali
  2. Zrození výjimečného
  3. Nečistý
  4. Jai Maa!
  5. Har Har Mahadev
  6. Kali Ma
  7. Untitled 1
  8. Khanda Manda Yoga
  9. Závět světu
  10. Buddha 1
  11. Buddha 5
  12. Burned By The Flame Of Divine Love

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