Há 38 anos, em um 03 de julho como hoje, o Megadeth fazia o seu primeiro show com Mike Albert na guitarra. Não muito conhecido do grande público e mais velho do que os demais integrantes do Megadeth – Dave Mustaine, David Ellefson e Gar Samuelson -, Albert havia assumido a vaga de Chris Poland, que fora expulso por Mustaine após ser flagrado tentando comprar heroína poucas horas antes de a banda cair na estrada com a turnê “Killing For A Living” de divulgação do primeiro álbum, Killing is My Business… And Business is Good!. Até aquele momento, Albert havia tocando em uma banda de rock and roll dos anos 70 chamada Ruben and the Jets, que havia sido produzida pelo lendário Frank Zappa, no Captain Beefheart e em uma banda de rock latino chamada El Chicano, além de ter integrado um projeto com ex-músicos de Eric Clapton e Bob Seger.
Há alguns anos, em entrevista ao canal Indiepower_TV, Mike Albert relembrou a forma que os músicos do Megadeth lhe abordaram para convidá-lo ao posto deixado por Poland no grupo: “Naquele ponto eu estava tocando country/western, no baixo – eu estava tocando todo tipo de estilo. Então, ouvi essa banda Megadeth e eles estavam interessando em mim como guitarrista. Eu conhecia seus empresários, era amigo de Chris Poland e Gar Samuelson, e eles estavam na banda. Então, Chris saiu e eu vi esses caras e pensei, ‘Cara, eu vou me encaixar com esses caras’. Olhei para eles e disse, ‘Ei, sou Mike’, e eles disseram, ‘Sim, viemos conferir você’. E eu estava tocando (algo) mais country, tipo um country rock ou algo assim, e os vi sentados de braços cruzados em uma mesa na minha frente, simplesmente me encarando. E eu pensei, ‘porra, vocês não deveriam chutar minha bunda, eu não me importo com o que esses caras pensam”, disse o guitarrista. “No fim, estou tocando e vejo eles indo embora. Pensei, ‘Bem, tudo pelo melhor’. Eu sabia que não podia me ver tocando com eles”, alegou.
Mike Albert contou o que rolou após essa apresentação que parecia ter sido catastrófica. “No dia seguinte, recebi um telefonema de Dave Mustaine, e ele diz: ‘Hey, Mike, quero ir te mostrar as coisas em que estamos trabalhando na finalização do álbum Killing is My Business… e Chris não estará por perto. Eu sei que você é amigo dele, e é amigo do Gar. Gar ainda está na banda, então se você quiser fazer a ‘gig’…'”. Albert assumiu que não era familiarizado com o estilo pesado do Megadeth, já que ele nem ouvia bandas de thrash metal e afins, no entanto, aceitou o desafio. O primeiro show de Albert com o Megadeth ocorreu no The Manor, em St. Louis (MO/USA), quase um mês após o lançamento de Killing is My Business….
Em sua autobiografia, Mustaine – Memórias do Heavy Metal, Dave Mustaine detalhou a entrada de Mike Albert na banda. “Precisávamos encontrar um novo guitarrista. Imediatamente”, recordou o líder do Megadeth. “Então fui conhecer esse cara… e… Jesus. Que visão! Ele se parecia com Benjamim Franklin, com tufos de cabelo branco na lateral da cabeça e quase nada no alto. Um boné de beisebol não conseguia esconder sua idade – ele devia ser entre quinze ou vinte anos mais velho do que qualquer cara na banda. Mas Mike era, inegavelmente, um avô guitarrista, com a disposição mal-humorada que você esperaria de alguém que já tinha passado a maior parte da vida na estrada. Mike gaguejava e contraía o rosto sempre que estava desconfortável, o que aconteceu muitas vezes naquela primeira turnê”.
Além de contar outras experiências com o guitarrista, Dave Mustaine resumiu suas impressões sobre o período de Mike no Megadeth: “Ele fez o melhor que pôde, e obviamente merece crédito por aceitar com tão pouco tempo. Mesmo assim, nunca realmente gostei do Mike. Primeiro, porque ele não era tão bom quanto Chris. Segundo, tinha problemas para manter a boca fechada. Agora eu entendo esse defeito de caráter em especial, pois já fui acusado de também sofrer disso. Mas você realmente deveria ter a capacidade de bancar suas palavras com ações, um fato que Mike parecia não perceber”.
Albert teve vida curta no Megadeth, fez um total de 40 shows com a banda. Na ocasião, teve a oportunidade de excursionar ao lado de Slayer, Anthrax e Exodus. Após a turnê, ele participou dos ensaios para o álbum “Peace Sells… But Who’s Buying?”, porém deixou a banda pouco depois devido a, segundo ele, “questões financeiras”. No entanto, de acordo com os trechos mencionados do livro de Dave Mustaine, fica claro que o motivo foi o fato de Albert não ter conquistado a simpatia do fundador do Megadeth, inclusive no que diz respeito ao seu estilo de tocar inferior ao de Poland, que acabou retornando e gravando Peace Sells…, que foi lançado em 1986.
No final da década de 1980, Albert e o saudoso Gar Samuelson começaram a banda Metalist. Antes de assinar com a gravadora Combat Records, eles se separaram.
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