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DRACONIAN – São Paulo (SP)

Fabrique Club – 26 de agosto de 2023

Por Heverton Souza

Fotos: Belmilson dos Santos

Chega a ser “engraçado” quantas vezes bandas de gêneros mais obscuros do metal, como doom e black metal, conseguem mudar o clima local. São Paulo vinha passando por um inverno atípico, com temperaturas acima dos 30º C, num verdadeiro verão fora de época. Bastou os suecos do Draconian desembarcarem no país para o inverno ganhar forma, com chuva já tomando o final de semana e as temperaturas baixas. E foi assim, no sábado gelado de 26 de agosto, que o sexteto formado por Lisa Johansson e Anders Jacobsson (vocais), Niklas Nord e Johan Ericson (guitarras), Daniel Arvidsson (baixo) e Daniel Johansson (bateria) chegou para o show com ingressos ‘sold out’ no Fabrique Club – por sinal, outra data foi aberta para o La Iglesia no dia seguinte.

Então, com a casa lotada já no horário marcado, era possível ver nos rostos a expectativa. Surpreendentemente, havia um bom número de jovens pouco acima de seus 20 anos, o que é extremamente positivo para um formato musical que vem desde a década de 1970, se contarmos desde seus primórdios, e, claro, também muito positivo para os fãs da banda, em atividade há 29 anos (com certeza mesma idade de alguns ali). Às 18h15 a melancolia começou com “The Sacrificial Flame” e, de cara, se sentia a aura densa e ao mesmo tempo bela e mística. O solo que encerra essa música do Draconian arrepia, mas logo vem seguido do dedilhado de “Lustrous Heart”.

Com uma garrafa de vinho em mãos, o vocalista Anders oferece um brinde celebrando que a banda finalmente estava em nosso país e anuncia “The Sethian”, mostrando uma sequência inicial de “Under a Godless Veil”, o mais recente álbum da banda, lançado em 2020. Apesar de seus vocais guturais se destacarem no refrão, foi mesmo a voz de Lisa que ganhou a atenção de todos, causando comoção com sua combinação de técnica e feeling, sendo ovacionada ao final da música. E a misteriosa “Sleepwalkers” começa justamente com a voz dela, para seguir dando o toque delicado no som sombrio e pesado da banda. Vale citar que Lisa esteve no Draconian de 2001 a 2011 e voltou em 2022, então essa turnê para ela é uma verdadeira celebração.

Finalmente era hora de começar a explorar outros discos além do mais recente, começando muito bem com “Stellar Tombs”, de “Sovran” (2015). Problemas com a tecnologia forçaram uma pausa, afinal, a banda não leva tecladista aos palcos e o som de teclado e orquestrações vêm de um notebook, que normalmente fica sob o controle do baterista. Mas todos os músicos ficaram em palco enquanto a falha era sanada, tentando distrair o público com interação até que muito bem humorada para uma banda de doom.

Resolvidos os problemas, “Sorrow of Sophia” nos devolveu ao mais recente lançamento, mas de forma mais que justificável, afinal, é uma das melhores músicas dos suecos e talvez o momento mais alto do show. Dali em diante, o que se viu foi mesmo uma volta no tempo, passando por todos os álbuns da banda: “Elysian Night” foi para o “A Rose For the Apocalypse” (2011), “Seasons Apart” voltou em 2008, no álbum “Turning Season Within”, e “The Cry of Silence” levou o público de volta a “Where Lovers Mourn”, o álbum de estreia da banda que completou seus 20 anos nesse 2023. Aqui vale citar outro momento alto do set com as mudanças de andamento da faixa em seus mais de 12 minutos, com direito a um belo trecho para bater cabeça.

Som de chuva. Poderia ser advindo do clima fora da casa, mas era mesmo “A Scenery of Loss”, com a banda passando por “Arcane Rain Fell” (2005), um dos discos favoritos dos fãs. E a viagem ao passado iria além dos álbuns completos, como podemos presenciar com o sexteto passando por “The Closed Eyes of Paradise”, um álbum demo lançado em 1999, representado aqui por “The Morningstar”, com destaque para uma rápida passagem de blast beat e para bumbos duplos de Johansson.

“Pale Torture Blue” trouxe mais um momento arrepiante, tanto pela tristeza na voz de Lisa quanto pelas melancólicas guitarras dobradas e parecia ser sentida por cada um na plateia. E após “The Amaranth” destacar o lado mais lírico da vocalista, Jacobsson oferece mais um brinde com seu vinho e anuncia “Daylight Mystery”, que passou rápido para chegarmos à despedida com o clássico “Death, Come Near Me”, que, com seu som de piano ao final, soa como uma verdadeira valsa para a morte.

Não tem como não citar a qualidade do som, que estava impecável e muito cristalino, como poucos vemos em shows de bandas fora do mainstream. Em palco, impossível não destacar os trabalhos das guitarras de Niklas e Johan e, claro, a voz angelical e ao mesmo tempo potente e técnica de Lisa, que por algumas vezes toma o centro do palco, mas que claramente deveria ser sempre dela, pois, por mais que Anders seja o frontman e ótimo com seus guturais, é dela o absoluto destaque do show. E foi com duas horas de apresentação que o Draconian passou por suas três décadas do clássico doom, outrora conhecido como ‘beauty & beast’, se despedindo de seus fãs brasileiros com um estranho clima de tristeza revigorante.

 

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