Por Alessandro Bonassoli
Roland Grapow (guitarra) e Uli Kusch (bateria) eram integrantes do Helloween em 2001 e, em plena tour do álbum The Dark Ride, decidiram montar um projeto paralelo. Diz a história que o foco na empreitada acabou resultando na demissão de ambos do gigante alemão do power metal. Aqui no Brasil a curiosidade era sobre qual rumo a dupla tomaria. O tempo foi passando e, aos poucos, as informações chegavam: Janne Wirman, tecladista do Children Of Bodom, faria parte do novo grupo; Russell Allen, vocalista do Symphony X, que gravara algumas demos, teria recusado o convite para permanecer; Michael Kiske (ex-Helloween) também dissera não, pois desejava se manter longe da cena metal, mas faria apenas uma participação em uma faixa. Tudo tinha um certo ar de boato e só fomos ter certeza do que realmente ocorreu quando foi anunciado que, sob o nome Masterplan, Grapow e Kusch tinham enfim um novo rumo. O álbum, que recebeu o nome da própria banda e foi lançado em janeiro de 2003, completou VINTE ANOS e agora ganha uma reedição especial de aniversário.
Além das 11 músicas originais, a nova versão lançada pela AFM Records conta com três faixas-bônus: The Kid Rocks On, Through Thick & Thin e Black Dog. A primeira, saiu originalmente nas edições japonesa e sul-americana do álbum. O cover do Led Zeppelin também fez parte do CD vendido nas lojas da América do Sul. O mais interessante deste relançamento, porém, é um DVD que conta com pouco mais de 47 minutos de imagens da banda fora do palco e a íntegra de um show em Gotemburgo. Gravado no Lisebergshallen, um grande centro de entretenimento da capital sueca que recebe eventos esportivos, culturais e musicais. Foi lá, por exemplo, que o Hammerfall gravou seu primeiro álbum ao vivo, One Crimson Night, em 2004.
Banda em início de carreira, o Masterplan não tinha nenhum cenário elaborado. Era basicamente um backdrop com sua logomarca e Grapow, Kusch, o vocalista Jorn Lande, o baixista Jan S. Eckert e o tecladista Axel Mackenrott tocando com a empolgação de quem iniciava uma nova carreira. O repertório daquele 20 de fevereiro de 20003 contou com Spirit Never Die, a antológica Enlighten Me, Crystal Night, Heroes, Soulburn, Kind Hearted Light, Bleeding Eyes e Crawling From Hell. O público sueco reagiu muito bem e entusiasmado para o padrão europeu.
Nem de longe, a apresentação é superior ao show que o Masterplan fez em 29 de novembro daquele ano em São Paulo, no palco da Via Funchal. Eu e grande parte do público presente saímos com a certeza de que a banda “roubou a cena” do Gamma Ray, que era a atração principal. Além das canções tocadas em Gotemburgo, na capital paulista o setlist incluiu When Loves Come Close, um cover para Man On Silver Mountain (Rainbow) e um medley com The Chance e The Departed (Sun Is Going Down), do Helloween, e Sunset Station, da carreira solo de Lande. Outra atração da noite foi Mackenrott que, várias vezes, deixou o teclado e foi ao meio do palco para agitar com os companheiros de banda. Sua performance empolgou ainda mais a plateia e entrou para a história dos shows de grupos estrangeiros no Brasil.
Esta “edição de aniversário” vale para os fãs die hard, é claro. Mas vale também para quem não viveu aquela época. O álbum foi, sem dúvida alguma, um dos melhores naquele 2003, um ano estranho. De um lado, nomes consagrados como Helloween e Metallica lançaram trabalhos abaixo do seu padrão, como Rabbit Don´t Come Easy e St. Anger. E ainda que tenha sido bom, Dance of Death não era a melhor fase do Iron Maiden. E, por outro lado, o público metal via o crescimento forte de Evanescence (com Fallen) e Linkin Park (com Meteora), bandas que sob a ótica da época no Brasil, não eram metal. Então, quando Masterplan apareceu foi um sentimento de alívio e, junto com Works Of Carnage (Krisiun), We´ve Come For You All (Anthrax), Anthems Of Rebellion (Arch Enemy), Enemies Of Reality (Nevermore) e Roorback (Sepultura), um sinal de esperança, de que nem tudo estava perdido.
