Por Pedro Alberto Viana
Fotos: Daniel Croce
Na vinda do grandioso Blind Guardian na primeira edição do Summer Breeze Open Air Brasil, ocorrida no último mês de abril, Hansi Kürsch fez a promessa de que muito em breve a banda voltaria ao Brasil. Bem, a promessa foi cumprida. No dia 18 de novembro, a banda alemã veio ao Circo Voador, no Rio de Janeiro, para sua primeira apresentação da “The God Machine Tour”. Nem mesmo o forte calor, junto de intercaladas chuvas intensas, impediram que fãs repletos de saudades lotassem a casa.
Às 20h, o Blind Guardian era recebido por fãs enlouquecidos ao som de “Imaginations From The Other Side”, um longo clássico cheio de riffs imponentes e um marcante refrão, que foi cantado em uníssono por todos. Hansi Kürsch não parava de sorrir e mal podia ser ouvido, em meio às vozes de todos que acabavam por encobrir seu potente vocal. Após esta belíssima introdução, o vocalista brinca com os membros da banda e, em especial, com Marcus Siepen, dizendo que criou um monstro com poderes mágicos, referindo-se às suas composições. Na sequência, a excelente “Blood Of The Elves” é a primeira canção do excelente álbum “The God Machine”, dando continuidade à enérgica noite e sendo recebida com paixão pelos presentes.
A banda é brindada constantemente pelo já tradicional “Olê, olê, olê, olê… Blind Guardian…”. Hansi diz que, em meio a todo calor, pode trazer um pouco de frio a todos e então anuncia “Nightfall”. Uma presença e aura incríveis tomam todo o Circo Voador que, em uma só voz, une banda e fãs em um incrível coro, que por vezes ecoa as palavras de Hansi ou as melodias de André Olbrich na guitarra.
É chegada a hora de mais um clássico, e dessa vez, com velocidade e peso a todo vapor. “The Script For My Requiem”, um dos pontos altos do show, mostra mais uma vez que não há fãs mais dedicados e entregues à parte lírica de uma banda do que os do Blind Guardian. Muito headbanging e vozes fervorosas, em especial no refrão, tomam conta da casa. A banda, a todo instante, transborda carisma, felicidade e realização em meio ao espetáculo, e a seguir, “Violent Shadows” é recebida de forma mais branda pelo público.
Em “Skalds And Shadows”, violões são trazidos ao palco e temos um pequeno respiro para banda e público. A belíssima canção prepara a todos para “Time Stands Still (At The Iron Hill)”, onde mais uma vez, é necessário esforço para ouvir Hansi, em meio a toda euforia dos que cantavam seu refrão aos berros. “Secrets of the American Gods”, de forma pesada e cadenciada, embala os fãs em mais uma excelente faixa do último álbum. Mais uma vez fica evidente o quanto este disco ficou marcado como um dos melhores de 2022 e ao vivo é ainda melhor.
É então chegada uma das horas mais esperadas do show. Violões novamente ao palco, e “The Bard’s Song – In The Forest” é anunciada. Hansi simplesmente deixa o público cantar, e como já é esperado, suas vozes ecoam por todo o Rio de Janeiro. Mais uma vez, fica carimbado como é incrível o legado que está música tem, o quanto somos transportados para uma outra época, seja pelas letras ou pelas incontáveis vezes que cantamos em casa, no carro, assistindo a vídeos ou mesmo em shows passados. “The Bard’s Song” é Blind Guardian em sua melhor forma e ao vivo, é simplesmente uma experiência para se levar para toda a vida.
Enxugadas as lágrimas, é hora de bater cabeça, e a icônica introdução circense de “Majesty” toma conta do local. Seus poderosos riffs, bem como o refrão avassalador, levam todos à nostalgia que este clássico proporciona. Uma grata surpresa, “Traveller In Time”, segue o show em altas doses de adrenalina, e ninguém parece se cansar. Já “Sacred Worlds”, mesmo em meio aos intensos trechos, dá algum descanso para o avassalador bloco que viria a seguir.
“Lord of the Rings”, mais um clássico, leva a todos de uma energia mais branda de suas marcantes partes acústicas ao seu final incrível e grandioso. E então estamos perto do fim, mas como já sabemos, não existe show do Blind Guardian sem “Valhalla”, não é mesmo? O público, que já antecipava a música, gritava o nome da mesma antes mesmo de começarem. A incrível energia continua em alta por aqui, e o refrão se estende por um longo período mesmo que a música já tenha se encerrado. “Valhalla! Deliverance! Why’ve you ever forgotten me!”
Acabou? Não. Quem lembra do calor? Quem lembra de cansaço? Tem mais Blind Guardian! “Welcome to Dying”, que antes era executada próxima ao início dos sets, dessa vez, brinda o bis com maestria, e se havia alguém que não estava rouco, essa foi a hora de soltar toda sua voz. E assim, meu caro, quer uma segunda chance de sair rouco? “Mirror Mirror” está lá para garantir, fechando com chave de ouro esta belíssima noite de 2 horas de muito power metal alemão.
Todo show do Blind tem diversos clichês, e não são daqueles negativos. Já se sabe que vai ter “The Bard’s Song”, “Valhalla”, “Mirror Mirror” e que praticamente todos os clássicos serão cantados em alto e bom tom por fãs apaixonados, que sabem exatamente cada parte das letras e das melodias de guitarra, que praticamente convocam a todos para cantarolar junto. E o principal ponto é, entra ano e sai ano, Hansi, Marcos, André e Frederik, time já consolidado desde 2005, e por vezes acompanhados por diferentes músicos nas tours; continuam excepcionais no que fazem, levando todo o legado que esta incrível banda construiu e continua construindo no estúdio, nos palcos e nos grandes festivais. Ao Blind Guardian, vida longa, muitas tours, muitos shows, e a você que não teve ainda a oportunidade de assisti-los, por favor, não perca sua próxima chance.
Setlist:
Intro – Imaginations From the Other Side
Blood of the Elves
Nightfall
The Script for My Requiem
Violent Shadows
Skalds and Shadows
Time Stands Still (At the Iron Hill)
Secrets of the American Gods
The Bard’s Song – In the Forest
Majesty
Traveler in Time
– Bis:
Sacred Worlds
Lord of the Rings
Valhalla
Welcome to Dying
Mirror Mirror