O Aztlán acabou de lançar seu single nas plataformas digitais e dentro pouquíssimo tempo a banda vem conquistando muitos admiradores ao redor do mundo, com seu ótimo Death Metal muito bem feito nos traz um novo conceito lírico muito bem construído e posso dizer, muito bem estudado. O single “Blood Offering” é realmente um trabalho impressionante. Para nos falar mais à respeito convidamos o seu fundador Marcello Paganus Antunes, dotado de muita segurança e conhecimento o mesmo nos mostra que para ter uma ótima banda no estilo é preciso ir muito além da música…
O Aztlán foi fundado com uma temática lírica muito diferenciada. A ideia de fundar o Aztlán já vem desde as épocas que você pertencia a outras bandas? Conte-nos como essa ideia surgiu…
Marcello Paganus Antunes – Saudações a todos os que leem essa entrevista e a você, Éden, pela oportunidade dada em expor meu trabalho. Bem, a história do Aztlán foi iniciada há muitos anos atrás, quando eu ainda era vocal/baixo da banda Martyrdom, de Feira de Santana-BA. Para quem não me conhece, iniciei na banda no final de 1996 ocupando a função de baixista, entretanto, o tempo foi passando e fui me envolvendo ativamente no processo de composição da banda, inclusive assumindo também os vocais a partir do final do ano de 1998. Algumas das composições dessa época que ficaram registradas em gravações caseiras ou mesmo dentro da minha mente fazem parte do Aztlán hoje. E sim, a banda possui uma temática lírica bastante diferenciada. Estudo o universo da cultura dos Astecas há mais de 20 anos. Sou Economista, mas um historiador frustrado (hahahahaha), fascinado principalmente pela história americana, mais precisamente a Mesoamérica. Escolhi a cultura Asteca por alguns motivos. Primeiramente por ter sido uma cultura bélica, dominadora e ao mesmo tempo avançada e extremamente organizada, tendo uma das maiores cidades-estado do período medieval – Tenochtitlán, atual Cidade do México D.F. Só isso já torna tudo grandioso. Além disso, os seus ritos envolvem, imolação, oferendas de sangue, sacrifícios humanos e rituais antropofágicos de maneira genuína, dando uma ilustração bastante congruente com o conceito do Death Metal. Por fim, a luta dos Astecas contra a invasão catastrófica do cristianismo trazido por Hernán Cortez é um grande exemplo de resistência e inspiração a todos os povos latino-americanos que sofreram com a pilhagem de ouro e com a colonização brutal e desumana promovida pelos países europeus à época. O tema é algo tão forte para mim que dei à banda o nome Aztlán, que se refere à terra lendária ancestral dos antigos povos Nahuas, que deram origem ao povo Asteca (povo de Aztlán).
A temática lírica é algo inédito no Brasil. Como surgiu essa paixão pela cultura mesoamericana?
Marcello Paganus Antunes – Bem, como surgiu é algo estranho até para mim hahahaha. Quando era adolescente sempre tive uma orientação maior para a área de ciências humanas e da natureza. Geografia Política e História eram as matérias favoritas. O que tornou tudo interessante realmente foi começar a refletir sobre certas questões, como nossas raízes latino-americanas, os processos de colonização e seus impactos na nossa cultura atual. Incas, Astecas, Maias, tribos nativas norte-americanas, tribos brasileiras de diversas etnias. O que todos têm em comum e quais são suas conexões? Esse foi o processo inicial. Não sei o porque, mas em relação à mesoamérica, a paixão veio naturalmente. Sou fascinado pelo México pois assim como o Brasil, também é um caldeirão cultural e quando vemos de fora, conseguimos entender as marcas profundas do choque de dois mundos distintos (falando do processo de colonização). Sobre a escolha da temática, talvez seja inédita pelo fato de entrar no mundo asteca a fundo, considerando que as culturas politeístas são um prato cheio para se compor letras infinitamente, assim como muitas bandas falam sobre Sumérios, Egípcios, Celtas/Druidas. Mas posso ressaltar que há admiráveis bandas no Brasil que expõem a cultura meso e sulamericana em seus trabalhos como Miasthenia e Mythological Cold Towers.
Soube que houve uma visita sua ao México, como foi a experiencia de estar lá? Qual a reação dos mexicanos ao saberem do seu total interesse pela cultura asteca e levar todo seu conhecimento a respeito para sua música?
Marcello Paganus Antunes – Sim! Estive lá em 2012 (no ano do fim do mundo Maia, como dizem hahaha), na região Sul do país, que foi território do grandioso povo Maia. Infelizmente não tive tanto tempo para desbravar o país como gostaria, mas foi algo indescritível. Lugares como Chichen Itzá e Tulum são de arrepiar e te levam a um passado glorioso em questão de minutos. O povo Maia se estabeleceu lá há muito tempo e foi extremamente avançado, com escrita, astronomia, matemática, arquitetura e arte. Imaginem que acompanhavam os astros como ninguém e muito tempo depois queimavam pessoas na Europa medieval por dizerem que a terra não era plana! E tem gente voltando a acreditar nisso! Hahahahah. Bem, voltando… Fiz alguns contatos por lá e os tenho até hoje. Após ouvir o meu trabalho, algumas pessoas do México têm demonstrado bastante respeito, pois sabem que é feito com base em pesquisa e com grande paixão. Já ouvi agradecimentos, inclusive, por propagar a cultura do antigo México. Espero tocar para os headbangers de lá algum dia.
Precisamente em março de 2018 o Aztlán nos traz o seu primeiro registro, o ótimo single “Blood Offering”. Como está sendo a receptividade por parte do público?
Marcello Paganus Antunes – Tem sido excelente, embora “Blood Offering” represente apenas o início dessa jornada. Como componho/executo e promovo sozinho, o processo se torna um pouco mais lento, principalmente quando falamos de lançamentos oficiais. Tive a intenção e o cuidado de lançar esse primeiro registro com um video lyric bastante contextualizado e impactante. Porém, apesar de ter um contexto mais aprofundado, quero que as pessoas curtam o tipo de Death Metal que eu faço e realmente, estou muito satisfeito com essa receptividade.
Quando ouvi a música que leva o mesmo titulo do single, um excelente Death Metal muito bem executado que foi uma combinação perfeita para o conteúdo lírico. O que você me diz a respeito?
Marcello Paganus Antunes – \,,/ Obrigado! Na verdade, Aztlán tem algumas peculiaridades que aparecerão nos próximos registros. Faço Death Metal baseado em escolas antigas alternando os vocais, com dois tipos de guturais, além do vocal rasgado e cantado, sendo que cada um deles é utilizado de acordo com o clima que quero passar em determinado momento. Blood Offering descreve um ritual de sacrifício Asteca chamado Guerra Florida, na qual um cativo é amarrado em uma pedra e obrigado a lutar contra os melhores guerreiros utilizando um macuahuitl, que é uma arma poderosíssima com lâminas de obsidiana. Ao longo da música, narro reflexões da visão asteca sobre vida e morte, a captura, a luta e no final o sacrifício do guerreiro, que tem seu coração oferecido a Huitzilopochtli, um dos principais deuses do panteão asteca. Como sou um cara chato (hahaha), cuido para que as letras tenham essa combinação com os riffs, vocais e o próprio momento da história contada, justamente para que o ouvinte viaje junto, dando um tom épico para o trabalho. O toque final, que é uma marca de quase todas as músicas é a utilização do Nahuatl (língua asteca), tanto em forma de poemas, como o trecho em Blood Offering, como através de evocações de deuses e chamados para a guerra contra os invasores.
Também notei fortes influencias do heavy Metal Tradicional e também Black Metal…
Marcello Paganus Antunes – Claro. Sem o heavy metal tradicional Aztlán não existiria, apesar de que minha maior influência vem do metal extremo. Sou headbanger que faz música para headbanger. Quando componho, minha mente viaja como ouvinte. Imagino cada riff sendo gravado ou tocado ao vivo. Procuro expor todas as minhas influências na música, porém, sempre com a característica do Death Metal mais cadenciado. A sonoridade do Black Metal sempre me fascinou desde os anos 90, tanto com as bandas precursoras, como as que inovaram dentro do estilo. De qualquer forma, acredito que uma das principais características do Aztlán é unir muitos desses subgêneros do metal em cada música. É por isso também que as linhas de vocal variam tanto. Há sons em que eu canto em riffs Death Metal e faço vocais guturais em riffs mais heavy metal, também oferecendo o inesperado.
Quais as suas principais influências musicais?
Marcello Paganus Antunes – Se fosse listar aqui você estaria perdido (hahaahhaah). Tenho bastante influência do King Diamond, Mercyful fate, Judas Priest, Bathory em sua fase mais épica, Entombed, Paradise Lost, Dissection, Emperor e bandas como Samael, Rotting Christ e Septicflesh do início da carreira e, é claro Black Sabbath (BS Uber alles). Já como fã, sou um doente por Jethro Tull, Iron Maiden, Paradise Lost, Death, Obituary, Slayer, Testament, Bolt Thrower, Brujeria, Napalm Death. Chega!!! hahahaha
Voltando a falar deste ótimo single, como está sendo a divulgação?
Marcello Paganus Antunes – Tem sido feita de maneira totalmente independente e em meios digitais. Sou aquele cara que parou no tempo, na época em que mandava e recebia centenas e centenas de cartas por semana para divulgar a banda e expor meus propósitos. Contudo, está sendo incrível entender e utilizar as redes sociais como ferramenta de divulgação. Sei que o formato físico será necessário (eu mesmo consumo muito CD, LP), mas vivemos numa época em que a informação viaja em alta velocidade no mundo todo. Aztlán tem alcançado pessoas em praticamente todos os estados do país e em diversos lugares no mundo. O single está disponível nas seguintes plataformas digitais: Spotify, Deezer, Google Play, Soundcloud, Napster, iTunes e no YouTube através do video lyric. Temos também nossas páginas no Instagram, Facebook e Bandcamp (disponível para compra online).
Não houve proposta para o seu lançamento em formato físico?
Marcello Paganus Antunes – Tenho bons contatos até hoje no que se refere a selos e distros, mas não achei viável lançar um single em formato físico, sendo o primeiro registro profissional do Aztlán. Na minha opinião, o single físico funciona para quem já possui material lançado e um público mais consolidado, o que não é meu caso. Além disso, se lançasse fisicamente sem ser através de prensagem de fábrica, teria uma equivalência de ‘demo’, coisa que eu não teria intenção de fazer. Talvez lance um EP ainda esse ano ou ‘de cara’, o ‘debut’. Vamos trabalhar! O que posso adiantar e que já foi anunciado nas redes sociais é que Blood Offering fará parte do volume 2 da coletânea Darkness Sets In, da Black Order Productions, do irmão Lord Vlad (Malefactor). Na verdade, serão lançados simultaneamente os volumes 2 e 3 e contam com 22 excelentes bandas do metal baiano.
Vi que neste trabalho houve a participação de outros excelentes músicos, Fabio Maka na guitarra e o renomado Louis (Drearylands e The Cross) na bateria. Você como único membro oficial já pensou em efetivá-los como membros oficiais?
Marcello Paganus Antunes – De fato, o que posso dizer é que são grandes amigos e músicos extremamente gabaritados. Fábio Maka é muito conhecido dentro e fora da Bahia pelo alto nível técnico e pela identidade peculiar do seu trabalho com a guitarra. Além disso possui uma escola de música dedicada não somente à guitarra, mas também outros instrumentos e técnica vocal. Com esse cartão de visitas, podemos imaginar que a agenda dele é bem cheia hahahaha. Louis não apenas está tocando a bateria do Aztlán. Ele também está produzindo o meu trabalho, gravando, mixando e masterizando no estúdio ‘Den Studio’. E isso é muito bom para a cena metal de Salvador, pois ele também vem se destacando na produção de bandas como Drearylands, The Cross, Augustus, etc. Tenho gostado muito de trabalhar com ele e espero poder contar com ele em todas essas atividades. Fábio Maka criou e executou um solo insano para Blood Offering e além dele, haverá outras participações especiais em músicas da banda, enquanto não crio uma formação fixa.
Vão haver possibilidades do Aztlán para apresentações ao vivo?
Marcello Paganus Antunes – A resposta é SIM, em letras garrafais! Vontade eu tenho. Como disse anteriormente, componho pensando sempre como se estivesse no palco. Não acho que seria justo fazer um trabalho de qualidade sem poder executar ao vivo. Minha última apresentação foi em 2005 com a Deformity BR aqui em Salvador. Imagine a fome de shows do rapaz ahahaha! Tenho hoje o desafio de criar uma banda fixa com dois guitarristas e um baterista, pois sempre fiz baixo/vocal. A partir daí é ensaiar e poder bater cabeça com os irmãos do metal.
Você é um multi-instrumentista, músico de um conhecimento soberbo. Neste single você além de fazer os vocais, tocou guitarra, baixo e flauta. Sua vida na música já vem desde muito cedo? Quais outros instrumentos você também toca?
Marcello Paganus Antunes – Soberbo? Eu? Hahah. Éden, me considero mediano em quase todos os instrumentos que você citou. Acredito que o diferencial seja a aptidão para compor. Conheço músicos extraordinários que não compõem. Tive uma infância rica em termos de música. Meu pai comprava tudo o que era lançado em LP (de bom ou ruim hehehe). Lembro que minha irmã ganhou um violão do meu pai em 1990. Ela aprendia cifras enquanto eu me interessava mais em tirar músicas de ouvido ou explorar as cordas mais graves. Cinco anos depois comprei um baixo Giannini Sonic junto com um grande amigo, mas eu já era um metalhead e ficava tirando músicas de LP’s do Metallica e do Black Sabath. Ele percebeu que não iria a lugar algum e acabou me deixando com o instrumento. Isso foi o princípio. Aprendi guitarra quando estava no Martyrdom, para cobrir as ausências do guitarrista Alberto Britto (hahahaha. Ele vai ler isso e vai me matar!) e comecei a me interessar em compor riffs e fraseados. Toco flauta desde 1997 e também criei alguns arranjos para o Martyrdom nos teclados até a entrada de Elimar na banda. Acho que já tinha isso com a música. É mais percepção do que técnica no meu caso.
Na sua carreira você teve a experiência de tocar em bandas de diferentes estilos dentro do Metal Extremo, como Martyrdom, Deformity BR e também teve uma passagem muito importante dando um grande suporte ao Malefactor. Como você vê todas essas experiencias de sua passagem e contribuição para estas bandas?
Marcello Paganus Antunes – Uma coisa é certa: devo tudo a esses caras. Aos atuais e aos ex-membros de todas essas três bandas. Quando entrei no Martyrdom, tínhamos muitas influências de Samael antigo e do Black Metal mais cru e sujo, embora depois eu tenha incluído minhas influências do Black Metal grego. Pouco depois entrei no Deformity BR, o que foi um choque para mim, pois nunca havia tocado Brutal Death Metal antes e a exigência técnica era bem maior, principalmente pelo fato de o ‘beat’ acelerado das músicas demandar maior precisão. Nunca me envolvi no processo de composição da Deformity BR, mas adorava tocar as músicas, principalmente ao vivo. É destruidor! Enfim, foram duas contribuições diferentes para mim como músico. Quanto ao Malefactor, tenho amizade com o Lord Vlad desde 1997 e em pouco tempo conheci o restante da banda. Em 2001 pintou a oportunidade de ser ‘session’ na primeira tour da banda na Europa (The Darkest Tour), na época do lançamento do segundo álbum da banda, The Darkest Throne e sou grato até hoje, pois aprendi muito como músico e como pessoa. Estar na estrada aos 20 anos rodando por seis países da Europa, fazendo contatos valiosos que tenho ainda hoje também não tem preço. Foi uma passagem curta, mas um grande aprendizado.
O Aztlán, como já dissemos, lançou “Blood Offering” em 2018 que ao ouvir já nos perguntamos…. Quando teremos em mãos o Debut Álbum? Pode nos falar se já está trabalhando nisso?
Marcello Paganus Antunes – Com certeza. Apesar de ter divulgado apenas o single nesse momento, estou gravando um álbum completo, que terá entre oito ou nove músicas, todas compostas, necessitando apenas daquela lapidada que fazemos em estúdio mesmo. O álbum está sendo produzido por Louis (Den Studio) e contará com mais participações especiais de irmãos da cena metálica baiana. Em termos financeiros e de disponibilidade estou sozinho, então o processo é um pouco mais devagar, gravando uma música por vez, com todos os elementos que julgo necessários para poder lançar um material de qualidade. Estava programando para esse segundo semestre, mas houve problemas de força maior que causaram um adiamento, mas posso garantir com segurança que o debut será lançado oficialmente.
Vou te fazer uma pergunta que é frequente nas entrevistas que faço aqui. Qual a sua opinião a respeito da cena underground atual?
Marcello Paganus Antunes – Boa pergunta, Éden. Estamos passando por um momento delicado e gradativo, que está se manifestando como uma doença degenerativa na cena. Digo isso, pois há um crescente esvaziamento dos shows, redução no consumo da mídia física, material promocional e um baixo índice de renovação de público. Em Salvador, por exemplo, mesmo incluindo banda gringa como headliner, tenho visto shows com menos de 100 pagantes e normalmente são as mesmas caras que sempre estão nos shows de 10, 15, 20 anos atrás. A questão é que em algum momento houve mais público. E esse mesmo público se renovava com maior intensidade. Sou de Feira de Santana, cidade que fica a 100km de Salvador. Lembro que saíam caravanas para os shows entre essas cidades e para outras cidades do interior da Bahia. O processo gerado com a velocidade da informação com o advento da internet faz com que um garoto assista ao vivo um festival como o Wacken sem precisar sair de casa. Antes nos reuníamos em grupos grandes pra ouvir um LP lançamento na casa de algum amigo e batíamos cabeça e bebíamos até de madrugada. E hoje tudo é descartável. As bandas lançam discos ao mesmo tempo, baixamos tudo, ouvimos tudo ao mesmo tempo e esperamos o próximo lançamento em questão de semanas. Em 2005 fiz um trabalho acadêmico de conclusão de curso sobre os impactos econômicos da pirataria em mp3 no mercado fonográfico brasileiro. Eu já falava sobre processo de vendas online e plataformas digitais pagas, além da redução de preços das mídias físicas como atenuante. O que eu não previa era que a nova geração com consumo totalmente digital seria tão afetada no meio Heavy Metal. O que deixa isso em evidência é o fato de que nosso meio exige frequência em shows, aquisição de materiais de bandas underground, divulgação em zines, etc. Tudo isso faz parte do pacote e é o que diferencia uma pessoa que curte metal em um verdadeiro Metalhead. Temos um grande público ouvinte, mas não atuante. E, sinceramente, Éden, ainda ponho mais um ingrediente na receita. Há alguns anos atrás, um carinha adolescente não podia ir a um show que aparecia gente pra tomar camisa e dar porrada dizendo “você não é real”. Sempre achei isso uma atitude babaca que afastou muitos guris que tinham potencial na cena. Desde os anos 90 eu conheci um negócio chamado radicalismo consciente. Separar o joio do trigo. Mas isso pra mim quer dizer: isolem quem faz mal à cena, principalmente os rip-offs, os produtores escrotos, ladrões e afins infiltrados no metal. Gente mau caráter. Não aquele guri que em 1999 ia pra show undergound com camisa do Pantera ou do Metallica ou ousava se vestir de Darkthrone ou Mayhem. Se fosse falar o que penso aqui, viraria um livro hahaha. De qualquer forma, precisamos sempre discutir essas questões se quisermos continuar com a cena viva e renovada. Registro aqui um importante evento recente ocorrido em Feira de Santana-BA, que foi uma mesa redonda chamada Metal em Pauta, na qual participaram nomes bastante atuantes na cena metálica baiana, debatendo sobre o futuro do cenário underground de nosso Estado. São atitudes como essa que criam conexões, troca de experiências e fortalecimento na cena. Aos que leem essa entrevista, divulguem as bandas, vão aos shows underground, comprem os zines, as demos, os CDs. Incentivem aquele guri que vocês conhecem, seja apresentando materiais de bandas, seja incluindo nas redes sociais e convidando a conhecer o circuito de shows de sua região. Precisamos da cena metal e ela precisa muito de cada um de nós.
Meu amigo de longas datas Marcello “Paganus” Antunes, estou muito grato por você disponibilizar o tempo para esta entrevista, a Roadie Crew sempre estará atenta aos passos do Aztlán e conte sempre conosco… Mixpantzinco!!!
Marcello Paganus Antunes – Eu que tenho de agradecer pela grande oportunidade, Éden. O Aztlán é um trabalho de longa maturação e os frutos estão aparecendo agora. Espero que em breve todos possam bater muita cabeça com hinos de guerra e sacrifício. Convido a todos para seguir meu trabalho em www.facebook.com/aztlanalive e www.instagram.com/aztlanalive e poder acompanhar “La saga del Pueblo Mexica”! Ahmiquizmauhqui noyaz! Sem medo da morte eu irei! Saudações a todos!
Abaixo segue o lyric video de “Blood Offering”, assista e curta este ótimo trabalho do Aztlán: