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KOOL METAL FEST – São Paulo/SP

11 de fevereiro de 2024 – Carioca Club

Por Samuel Souza

Fotos: Dani Moreira

Domingão de Carnaval, metrô lotado, sol de rachar e um calor insuportável deram o tom para o aquecimento da edição thrash metal do tradicional Kool Metal Fest, que mais uma vez caprichou na produção e realizou um grande evento no dia 11 de fevereiro no Carioca Club, em São Paulo. Novamente rolou aquele encontro de gerações, um costume que a iniciativa já coleciona. E é sempre bom ver essa turma chegando junto não apenas no mosh pit, mas também na compra de merchandising, o que dá mais uma aquecida na cena.

Pontualmente, às 14h30, o trio Santa Muerte sobe ao palco do Carioca Club, ainda tímido de público, mas isso não inibiu uma apresentação aguerrida e que bateu forte naqueles que já os conheciam. Com um crossover entre o thrash e levadas punk, o destaque certamente vai para a guitarrista e vocalista Marília Massaro, com suas linhas vocais nervosas bem ao estilo que John Connelly fez escola. A qualidade que saltava dos falantes estava ótima, algo que permeou todo o evento. Mais um ponto para a produção que não nivelou por baixo nenhuma atração. Do EP “Psychollic”, lançado em 2017, o destaque vai para a sequência “Círculo de Sangre” e “Cyco Pit”.

Aquela pausa estratégica para “mudança de palco” e sem grandes delongas, o quarteto Cerberus Attack inicia com sangue nos olhos. Thrash metal consistente e uma banda afiada motivaram algumas pequenas rodas de pogo, ainda que o público permanecesse pequeno. A agitação se estendia ao palco com a performance inquieta do guitarrista e backing vocal Marcelo Araújo. O cara tem as manhas de quebrar tudo e ainda mandar bem com segurança em riffs incendiários. Focaram o set no último trabalho deles, o play “Abyss of Lost Souls”, um título um tanto quanto comum numa época de tanto frescor, mas ainda assim uma boa pedida dentro do estilo. Dele, destaco a execução de “Fastest Way To Die” e “Duck Parade”. Ao final da apresentação, uma leve homenagem ao Kiss com o trecho bem sacado para “Detroit Rock City”.

Mantendo os horários certinhos, o Escalpo sobe ao palco para colocar o local abaixo. Apesar de ser uma banda relativamente nova, formada apenas há quatro anos, já possuem uma bagagem afiada, dado ao fato de que já até fizeram um giro pela Europa. Eles trazem uma espécie de death metal com d-beat, ou seja, têm aquele frevo endemoniado do Discharge com tempero Motörhead e coisas brazucas à la Lobotomia, por exemplo. As cotoveladas rolaram soltas ao som de porradas como “Eviscerando o Opressor” e “Desconstrução/Destruição”, canções com certo groove que estão presentes no álbum “Unnus”, que inclusive recebeu versão em vinil.

Com o público já em maior número, os cearenses do Damn Youth mantiveram o pique e para quem não sacava o som deles, foram pegos por um set intenso e empolgante. A resposta da audiência se deu com uma imensa roda, exalando energia que tornou a passagem deles algo de destaque. É uma meninada que entende do riscado e vem divulgando o seu segundo play, “Descends Into Disorder”, inclusive com alguns shows no interior paulistano. Músicas como “Your Leader Your Fall” e “Sociopath Corporation of Surveillance” tiraram o fôlego daqueles que mais se empolgaram na plateia. É interessante constatar que o thrash metal brasileiro é um dos estilos que mais se renova e, na maioria das vezes, traz novidades que surpreendem. Esse é o caso do Damn Youth. Que eles possam se manter no circuito por muito tempo.

Agora a casa já estava com um público bem maior. Uma pausa merecida para as devidas hidratações e ajustes lá do palco, já percebemos que o caldo iria engrossar sem dó e piedade. E foi assim, pontualmente às 18 horas, o Ratos de Porão mostrou que tem uma legião de fãs que seguramente vão se destruir uns aos outros, o que deixa o ambiente um espetáculo de caos controlado, digamos assim. Uma rápida revisão no álbum “Just Another Crime… in Massacreland” deu lugar aos clássicos que nunca cansamos de ouvir, como “Anarkophobia”, “Morrer”, “Mad Society” e “Beber Até Morrer”. Uma justa menção ao ex-integrante Jabá, baixista original da banda falecido em dezembro do ano passado, veio na forma da pesadíssima “Descanse em Paz”. O que chamou atenção foi a bronca que o batera Boca deu em alguém da equipe ali do palco. O homem estava pilhado e até se confundiu no “meio” de “Crianças Sem Futuro”, com Gordo, levando na esportiva, dando o toque para seu parceiro recuperar o tempo e descer a metranca. É difícil ver um show ruim do RDP, que realmente se entrega em palco. Por sinal, os cuidados que Gordo está tendo em sua saúde é bem visível. Além de mais magro, aparentemente, está menos rabugento, se divertindo com aquele clima fraterno entre novos e velhos, algo que ele também reconheceu, saudando a garotada ali presente.

Agora uma pausa bem maior se deu na mudança do backline. Os Meteoros das bandas de abertura deram lugar aos amplis Marshall e os primeiros acordes da longa “Slaughter in the Vatican”, faixa-título do primeiro álbum do Exhorder apresentou a estreia destes norte-americanos em terras brasileiras. E infelizmente não começou bem, com a guitarra de Waldemar Sorychta dando problemas, tendo que trocá-la na sequência. E o mesmo caso também atingiu a guitarra do vocalista Kyle Thomas, substituindo também o instrumento logo na segunda música. É interessante citar que Sorychta, um renomado produtor, está fazendo este giro com a banda em substituição de Pat O’Brien, proibido de sair dos Estados Unidos por questões legais. Coincidência ou não, o baixista Jason Viebrooks também integrou o Grip Inc. juntamente com o mencionado Sorychta. Não sei bem se boa parte do público sacava ao fundo o trampo do Exhorder, que respondeu de forma morna, ainda que alguns mais empolgados tentassem aquecer o local. É certo dizer que as músicas deles são repletas de groove e cadência, e a velocidade veio com as mais novas “Year of the Goat” e “Forever and Beyond Despair”, que estarão em “Defectum Omnium”, quarto disco deles e que vai ser lançado em março próximo. Foi uma apresentação ‘ok’ e creio que muita gente esperava mais.

Pouco mais de 20h, a grande expectativa da noite era mesmo o Vio-Lence, que se apresentava pela segunda vez no Brasil, novamente incompleto, mas desta vez com a presença do guitarrista Phil Demmel, que por sua vez era o show de despedida dele da formação californiana, indo fixar porto na banda de Kerry King. O destino do Vio-Lence é incerto, mas a apresentação deles trouxe a certeza de uma aula bruta de fazer thrash metal de gente grande. Eles simplesmente “jantaram” todo mundo! Até parecia que o público guardou as energias para ajudar a demolir o Carioca Club! Puta apresentação, visceral e cortante. O fato de ter ali apenas uma guitarra exigiu de Demmel ainda mais precisão. Para os mais exigentes, talvez tenham soado como “faltou algo mais”, mas confesso que a banda soube dosar essa ausência com uma energia absurda. “Eternal Nightmare”, “Serial Killer”, “Phobophobia” e “Kill on Command” foram pedradas certeiras.

A entrega do público se dava nos incansáveis stage-dives, sendo provocados pelo vocalista Sean Killian, que apesar da postura sisuda, se divertia empurrando, amistosamente, os fãs… alguns até se arriscaram em roubar o posto de backing vocals do baixista Christian Olde Wolbers. Já na metade do set, a banda registrou uma homenagem ao Phil Demmel, com Killian referindo-se a ele como velho irmão, desejando sorte em sua nova empreitada. Algo curioso a citar aqui, era a fofoca que rolava nos bastidores de que os integrantes das bandas gringas não estavam se bicando muito bem desde o giro nos países vizinhos. Se isso era verdade ou não, eles foram bons atores, já que para o cover de “California über Alles” (Dead Kennedys) contou com a participação de Kyle Thomas, dando um clima aparente de confraternização. O fim chegava com a clássica “World in a World”, carimbando mais uma passagem memorável do Vio-Lence por aqui.

Talvez por cair justamente na data de longo feriado e haver uma recorrente saída do grande centro para um lugar menos tumultuado no período carnavalesco, não foi um evento sold-out. Havia bons espaços no Carioca, mesmo porque é um espaço de médio porte. E se você é fã de thrash metal, perdeu um ótimo evento, com bandas que fizeram o seu melhor. De qualquer forma, quem esteve presente pode avaliar o fest com pouquíssimos pontos baixos. Fica o registro para mais uma bela iniciativa promovida pela agência Sobcontrole e Loja 255. Que venham mais edições assim do Kool Metal, privilegiando o novo e o velho no mesmo ambiente.

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